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Uma minissérie que resgata as Raízes do povo negro

Travesti Socialista

Travesti socialista que adora debates polêmicos, programação e encher o saco de quem discorda (sem gulags nem paredões pelo amor de Inanna). Faz debates sobre feminismo, diversidade de gênero, cultura e outros assuntos. Confira o canal no Youtube.

O primeiro episódio de Raízes, uma minissérie que retrata a escravidão, foi exibido na Rede Globo na última terça-feira, dia 03. Apesar do conservadorismo da emissora, a série revela todo o racismo, a violência e a podridão da escravização do povo negro e da colonização na América. Trata-se de uma nova versão da série exibida em 1977 de mesmo nome, baseada no livro ‘Negras Raízes’, de Alex Haley. O autor conta a história de seu trisavô, KuntaKinte, que vivia no Reino Mandinga (atual Gâmbia).

Não vou revelar o enredo, apenas relatar alguns aspectos que me chamaram a atenção.

O seriado mostra os povos negros desde a África, suas culturas e suas crenças. Eles são mostrados como povos, como seres humanos vivendo em sociedade que tem seu valor e suas contradições, seus conflitos. KuntaKinte tem orgulho de suas origens e de seu povo.

Nesse povo, o treinamento dos homens para serem guerreiros é feito com um ritual de iniciação bem duro e violento. Além da tradição, o que os impulsiona também é o medo da escravidão. “O inimigo se aproxima. Se vocês perderem a guerra, vão se tornar escravos, vocês, suas mulheres e suas crianças.”

O retrato dos escravocratas, soldados brancos e capitães é bem real. O que talvez levará a espectadora atenta a refletir: qual é o povo violento, selvagem? Dominar pessoas como se fossem propriedades, mercadorias, a partir do medo e da tortura é sinal de civilização? Superioridade?

Ao escravizar o povo negro, os colonizadores brancos fizeram-no negar suas origens, suas negras raízes, que KuntaKinte lutou para preservar e que o autor resgata.

A minissérie é muito tensa, mostra a realidade da violência que foi a escravidão. Gostei muito e recomendo.