Por Ana Lúcia, de São Paulo, SP
Sob protestos, Câmara Municipal de São Paulo elege novo presidente e rediscute o reajuste dos salários dos vereadores.
Ontem, 1 de janeiro, ocorreu a posse dos vereadores eleitos e do novo prefeito da cidade de São Paulo, João Dória (PSDB). O aumento dos salários dos vereadores, aprovado em votação relâmpago no último dia 20 de dezembro, foi, após a eleição do Presidente da Câmara Municipal, o principal tema da sessão. O aumento está suspenso, desde 25 de dezembro, por força de liminar concedida a pedido de Juliana Donato, do MAIS, pelo Juiz Alberto Alonso Muñoz.
Durante a sessão de ontem, militantes do MAIS e do PSOL realizaram uma manifestação na entrada da Câmara, com cartazes contra o aumento. Enquanto isso, a vereadora eleita pelo PSOL, Sâmia Bonfim, que foi candidata à presidência da casa, utilizou o tempo de defesa de sua candidatura para argumentar contra a medida que acrescenta 26,3 % sobre o salário dos vereadores, levando dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68. A vereadora ainda destacou que o valor do aumento, considerado irrisório por colegas da casa, “é maior que o piso do professor da rede básica do município de São Paulo, […] em um ano possibilitaria construir uma creche, em dois anos possibilitaria construir um centro de referência de combate à violência contra a mulher, e em quatro possibilitaria construir centenas de casas populares”.
A pressão popular e a repercussão do caso levaram o Presidente da Câmara eleito ontem, Milton Leite (DEM), a afirmar, em seu discurso de posse, que abrirá mão do seu próprio reajuste de salário. No entanto, ao fim da sessão, em entrevista a Janaína Garcia, do UOL, Milton Leite anunciou que a Procuradoria da Casa vai recorrer da decisão judicial, afirmando “Eu já abri mão do meu aumento”. Ou seja, lava suas mãos.
Vale lembrar que Milton Leite foi um dos vereadores que propôs o aumento dos salários e, mesmo após a concessão da liminar, ainda declarou que “não pegou mal o aumento”. De acordo com pesquisa do UOL, 93% da população é contra a decisão.
O vereador Eduardo Suplicy (PT), que havia proposto a inclusão do tema na pauta da sessão, sugeriu que, antes de qualquer recurso, seja realizada uma reunião entre os líderes dos partidos para rediscutir o aumento de salário dos vereadores.
“É possível uma vitória, barrar definitivamente o aumento dos vereadores”, declarou Juliana Donato, que buscará os vereadores um a um e protocolará na Câmara requerimento solicitando reunião popular com os vereadores para debater o tema.
Um abaixo assinado eletrônico contra o aumento dos vereadores está sendo organizado pelo MAIS .
Foto: Renatto de Sousa / CMSP
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