Por Flávio Pietrobon Costa, de Aracaju, Sergipe.
O que criou nos partidos de esquerda russos pré-revolução a facilidade de comunicação com os trabalhadores e com o povo?
Terá sido somente a comunicação de um programa fortemente ideológico, ou a esse atributo se somaram a identidade pelos exemplos nas ações e, principalmente, a forma como falavam suas ideias e propostas para os trabalhadores, camponeses e a “massa” do povo?
Precisamos pensar e compreender em que sentido o uso das palavras e termos com forte carga conceitual embutida não podem criar uma dificuldade de compreensão de ideias das organizações trotskistas pela população brasileira.
Temos dificuldade de estabelecer um diálogo com aqueles segmentos populacionais. Estamos falando de pessoas que sofrem lavagem cerebral da Globo e semelhantes, que tem baixa formação educacional e que tem um linguajar específico e característico, semelhante aos russos de antes de 1917.
A dificuldade conceitual de nossas expressões e de nossa forma de falar, construída em anos de militância e logo absorvida pela nossa juventude e quadros partidários, criam um vale difícil de transpor entre nós, trotskistas, e a maioria esmagadora do povo.
A afirmação pode ser enfática, mas é a realidade: nossas organizações não dialogam. Isto porque elas têm uma dificuldade em estabelecer “pontes” e conversas permanente com a “massa” da população. Dificuldade que precisamos superar para transpor o “vale” de comunicação que nos separa dos trabalhadores, dos camponeses e do povo.
Precisamos ser bem compreendidos/as para alcançar nossa meta estratégica (a Revolução Socialista) e concretizar o Programa Mínimo, o de Transição.
Nós precisamos sim fazer autocrítica para poder avançarmos estrategicamente.
A forma de interpretar a realidade e explanar análises por meio de conceitos bastante abstratos é uma característica do trotskismo. Usamos termos que não são facilmente absorvidos pela população menos instruída e mesmo por professores universitarios/as, por exemplo, encontram dificuldade de compreensão: vanguarda, ditadura, proletariado, operária/o, lgbt, homofobia, empoderar, são exemplos de expressões que nos são comuns, mas que precisam ser traduzidas para nossa população, encontrando correspondência no falar do dia-a-dia.
Precisamos fazer esse esforço de ter facilidade na conversa sem perder o rumo das ideias que buscamos transmitir.
A Igreja Universal e os partidos de direita fazem isso com facilidade… precisamos agir como os Romanos antigos: aprender as vantagens do inimigo e usar isso a nosso favor para vencer a guerra.
Ousar lutar, ousar vencer!
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