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MOVIMENTO

Petrobras tira um bode da sala, mas segue retirando direitos e salário em proposta aos trabalhadores

Por: Pedro Augusto, do ABC Paulista, SP

A Petrobras voltou a apresentar, na manhã desta quarta-feira (19), uma proposta de aditivo de acordo coletivo de trabalho. A empresa voltou atrás na proposta de congelar o salário básico, mas continua propondo aumento abaixo da inflação.

A proposta prevê 6% de reajuste no salário básico, na RMNR, que é a remuneração mínima por salário e região, e nos benefícios educacionais e de saúde. Além disso, mantém a proposta de reduzir pela metade o valor pago pelas horas extras, que também compõe parte do salário ordinário dos empregados de turno. Mantém a substituição compulsória do auxílio almoço para vale refeição e alimentação e o congelamento do Adicional do Estado do Amazonas e da Gratificação de Campo Terrestre de Produção.

A empresa também reafirmou a intenção de continuar não cumprindo a cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho assinado em 2015, na qual se comprometia a implantar o Adicional por Tempo de Serviço para os trabalhadores da FAFEN-PR, os igualando aos demais trabalhadores do Sistema Petrobras.

Campanha Salarial é só a ponta do iceberg
A campanha salarial dos petroleiros se dá em meio ao anúncio do novo plano de negócios da Petrobras, que prevê a ampliação da privatização de subsidiárias e áreas inteiras da companhia, como é o caso das fábricas de fertilizantes, mas que também promete atingir refinarias e terminais.

Pedro Parente, político e administrador ligado ao PSDB, foi indicado por Temer para a Presidência da Petrobras para fazer o que os tucanos fazem de melhor, privatização.

O arrocho salarial, as privatizações e a redução do efetivo através de Planos de Demissões Voluntárias vão no mesmo sentido dos planos de ajuste do governo Temer, como a PL 4567-16, que permite a entrega do pré-sal às multinacionais, a PEC 241, as Reformas da Previdência, Trabalhista e do Ensino Médio, dentre outros ataques.

Esse programa de privatizações e de ataques aos direitos teve início ainda no governo Dilma e na gestão de Aldemir Bendine na presidência da Petrobras, em 2015. Esses planos enfrentaram a resistência de mais de 23 dias de greve, que conseguiu barrar os principais ataques econômicos.

Mas, a força demonstrada pela categoria ao longo da greve não combinou com o nível de organização das direções do movimento petroleiro e da classe trabalhadora brasileira como um todo nos meses que se seguiram, dificultando resistir ao avanço dos planos de privatização até o momento. Temer e Parente se aproveitaram para intensificar ainda mais os planos.

Unidade contra a privatização, em defesa do emprego e por nenhum direito a menos
Tanto a FUP (Federação Única dos Petroleiros), quanto a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) manifestaram-se contrárias à proposta apresentada pela Petrobras e indicam a realização de assembleias e seminários de qualificação de greve.

O próximo passo necessário para elevar o patamar da resistência dos petroleiros é a organização dos trabalhadores desde a base e a unificação desses ativistas e de todos os sindicatos numa plenária que organize a greve em nível nacional.

A nova proposta apresentada pela Petrobras, o avanço dos planos de privatização da BR Distribuidora e da Liquigás, assim como a aprovação da PL4567-16 e da PEC 241 são uma nítida demonstração do que vai ocorrer caso os petroleiros não elevem o tom e organizem a mobilização nacional. Não há mais tempo a perder.

Foto: EBC