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MOVIMENTO

Primavera Estudantil e onda de ocupações no Paraná: os estudantes gritam ‘Ocupa Brasil’

Por: Marcello Locatelli Barbato, Curitiba, Paraná

É impossível não comparar o belíssimo exemplo de luta dos estudantes do Paraná com a Primavera Árabe em 2011, a Primavera Feminista em 2015 e as jornadas de junho em 2013. Em tempos tão difíceis para a classe trabalhadora brasileira, temos o direito de ser otimistas e confiar o nosso futuro à juventude, confiar que esta Primavera de lutas se espalhe e contagie todo o Brasil.

Uma verdadeira onda de ocupações de escolas está se espalhando por todo o estado do Paraná. São 25 já ocupadas e 22 com voz de ocupação anunciadas no estado. O movimento teve início na região metropolitana de Curitiba, e logo contagiou a capital e o interior do estado. Nesta quinta-feira (6) a noite, o Colégio Estadual do Paraná, maior colégio do estado, também foi ocupado. Notícias de novas ocupações a toda hora ganham as redes sociais.

É fundamental ampliar a solidariedade a essas ocupações, os sindicatos e os movimentos sociais precisam dar todo apoio a este movimento. É necessário nacionalizar este movimento de ocupações.

Os estudantes sabem bem a dimensão da luta
A Pauta do movimento é essencialmente política, e tem como principal exigência a revogação da Medida Provisória 746/2016 (Reforma do Ensino Médio). Os jovens estão muito atentos a tudo que está acontecendo, e também estão contra o Projeto de Emenda Constitucional 241 (PEC do ‘teto de gastos’), contra a Reforma da Previdência, contra as privatizações e contra a Reforma Trabalhista. A palavra de ordem de “Nenhum direito a menos” foi abraçada pelos estudantes.

Em qualquer guerra, uma das questões fundamentais para almejar a vitória é saber contra quem se está lutando, e este movimento sabe que o inimigo principal é o governo de Michel Temer (PMDB). Não existe nenhuma ilusão em Beto Richa (PSDB), mas o foco principal da luta é nacional.

Os estudantes gritam: “Ocupa Brasil”
A onda de ocupações nasce e se alastra com um propósito bastante nítido, que é o de contagiar os estudantes de todo país, para que esta onda se espalhe em todo território nacional. É muito forte a consciência política de que o enfrentamento deve ser feito em âmbito nacional contra os ataques do governo Temer, por isso, entre as principais palavras de ordem estão “Ocupa Brasil” e “Ocupa Tudo”.

É incrível como os métodos de luta e organização nascem e se desenvolvem rapidamente. Tudo funciona com muita responsabilidade através da auto organização democrática: a comunicação, a limpeza, a segurança, as oficinas, os cursos, o cuidado com as escolas, etc. Diversas atividades educativas e de formação são realizadas no interior das escolas ocupadas.

Os servidores públicos estaduais precisam entrar em Greve Já
Os servidores públicos estaduais começam a marcar suas assembleias com indicativos de greve. O principal motivo é o calote de Beto Richa, que além de declarar que não irá cumprir o acordo de greve do ano passado, está intensificando a retirada de direitos dos servidores.

Esta luta pela pauta específica dos servidores públicos estaduais é sem dúvida justa e legítima. Porém, é preciso trazer as pautas nacionais para o primeiro plano das exigências contra o governo Temer. Para que tenhamos de fato condições de construir uma greve geral e barrar os ataques terríveis de Temer, é necessário subordinar a pauta corporativa à pauta política nacional. A agenda de temer avança a paços largos, a tramitação da PEC 241 já começou, a MP 746/2016 já está sendo aplicada e as privatizações já começaram.

Os estudantes estão mostrando o caminho e são a vanguarda da luta neste momento. Os sindicatos não podem deixar os estudantes lutando sozinhos por muito tempo. É preciso sair para greve unificada o quanto antes, e somar forças ao movimento estudantil. A Primavera Estudantil mostra o caminho da resistência, é hora dos trabalhadores entrarem em ação.

Foto: Reprodução Facebook