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EDITORIAL

A classe trabalhadora “não vai pagar o pato”

Todos reconhecem que a crise econômica é grave. O PIB brasileiro encolheu 3,8%, o pior resultado em 25 anos. Os empresários disputam entre si quem vai perder mais. O pato amarelo da Federação das Industrias de São Paulo ficou famoso nas mobilizações de 2015: “não vamos pagar o pato”, diziam. Assim lançaram um programa da classe dominante para a crise.

O capital financeiro, o capital industrial e a grande mídia unificaram-se no impeachment e no ataque à classe trabalhadora. Engana-se quem pensa que esses dois projetos estão divididos. A “Ponte para o Futuro” de Temer é o símbolo desta unidade.

O projeto do governo ilegítimo tem um programa que termina com 12 pontos, onde qualquer leitor atento percebe: a proposta é que a classe trabalhadora pague o pato. A “Ponte para o Futuro” pretende:

– reduzir os gastos públicos, este projeto já está concretizado na PEC 241. Assim o orçamento da saúde, da educação e de todos os gastos sociais do governo ficaria limitado à ao valor investido em 2016 corrigido pela inflação. 2o anos de arrocho. Quem perde? A grande maioria da população, os trabalhadores e o povo pobre.

– continuar a transferencia de 50% do orçamento nacional para os bancos, através do pagamento dos juros de um dívida que já foi paga e consome em escala crescente o orçamento do pais. Isso acontece porque o Brasil tem uma das taxas de juros mais altas do mundo.

– fazer a reforma da previdência, aumentando a idade mínima para a aposentadoria, reduzindo a assistência social.

– fazer a reforma trabalhista retirando direitos historicamente conquistados, permitindo que o “negociado” prevaleça sobre o “legislado”. Ou seja, o patrão tem direito de fazer o que quiser.

– privatizar, vender rodovias, ferrovias e empresas públicas, o Governo já anunciou parte do seu plano de concessão e privatização.

–  instituir uma gestão empresarial nas empresas estatais, atacando os direitos dos trabalhadores e precarizando o serviço prestado.

Em todos esses pontos, apenas um lado perde: os trabalhadores e o maioria do povo. O projeto de Temer é que este lado pague a conta da crise econômica. Só quem ganha são os bancos, os empresários e o governo. Ao redor deste programa, a classe dominante está unificada.

Em um discurso para empresários e investidores no Estados Unidos o Governo Temer chegou a dizer que o impeachment ocorreu porque Dilma rejeitou a Ponte o Futuro. O presidente deixou escapar o que muitos agora recebem, o impeachment foi uma manobra parlamentar.

Dilma também atacou a classe trabalhadora 

Dilma não lutou contra o projeto de Temer. Ao contrário, a estratégia do PT perante a ofensiva burguesa foi oposta. Tentaram até o ultimo instante, demonstrar que eles são os melhores para aplicar o ajuste fiscal.

O PT cedeu a todas as chantagens, por isso tantos projetos de Temer são continuidade de Dilma. É assim com a reforma do ensino médio, com as privatizações, com o PLP 257 e também com os ataques aos direitos. O corte no seguro desemprego foi uma das medidas de Dilma que mais ajudou a derrubar a popularidade de Dilma.

Por isso é preciso superar o PT. Sem este passo a classe trabalhadora vai estar sempre refém de um projeto da ideia do “mal menor”. Construir uma alternativa pela esquerda, nas ruas e nas urnas é urgente. É uma tarefa da esquerda socialista.

Vamos construir nas ruas, nas campanhas salariais e nas mobilizações da juventude uma forte resistência aos ataques. A classe trabalhadora não pode pagar o pato.

Charge: http://www.portaldostrabalhadores.com.br/