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EDITORIAL

EUA espionavam Palácio presidencial francês

Por: Renato Fernandes, de Campinas, SP

Recentemente, um ex-chefe da Direção Geral de Segurança Exterior (DGSE) da França, confirmou que os EUA espionavam em 2012, a partir dos computadores, membros próximos ao ex-presidente de direita, de 2007 a 2012, Nicolas Sarkozy. O ex-chefe, Bernard Barbier, confirmou uma suspeita que todos já imaginavam. Apesar de Obama negar, o imperialismo estadunidense continua a utilizar da espionagem aos chefes de Estado como arma na briga imperialista.

Em 2015, o Wikileaks já havia denunciado que a Agência Nacional de Segurança (NSA em inglês) espionava o presidente francês, François Hollande, além de ter espionado os ex-presidentes Jacques Chirac e Sarkozy.

Bernard Barbier fez essas revelações num ciclo de palestras em uma escola de engenheiros na França, em julho deste ano. Diversas revelações deles são importantes para entendermos o caso. Duas nos parece as mais importantes.

A espionagem via facebook
O mecanismo de espionagem se dava por um malware, um tipo de programa que tem como objetivo realizar alguma coisa em outro computador sem que seu usuário saiba o que está acontecendo. Para instalar esse malware, os funcionários da NSA, criavam perfis fakes no facebook e trocavam mensagens com altos funcionários do Estado francês. E a partir dessa relação de amizade, via redes sociais, instalavam o programa no outro computador.

Com o malware instalado, era possível obter as informações desses computadores.

A prepotência estadunidense
Em abril de 2013, quando o presidente era François Hollande, Bernard Barbier, ainda chefe da DGSE, foi aos EUA tirar satisfação com o chefe da NSA, Keith Alexander. A resposta que obteve não podia ser mais prepotente: “Bravo Bernard, vocês realmente são muito bons”. Esse cumprimento significa que a NSA pensava que seu sistema não seria descoberto. Que poderiam fazer isto livremente sem serem descobertos.

Apesar de ter confirmado e questionado a NSA, Bernard reforça que o sistema de vigilância dos EUA é bem ‘refinado’ e de difícil detecção. Uma coincidência não fortuita é que o mesmo malware utilizado nessa espionagem, foi usado num ataque ao sistema da União Europeia em 2010. De acordo com Bernard, a suspeita era de que só a Rússia ou os EUA tinham a capacidade de ter realizado aquele ataque. Agora, com a confirmação do malware estadunidense, não resta dúvidas que o EUA esteve por trás naquele caso.

Uma resposta da esquerda
Para a esquerda, a espionagem é sem dúvida muito preocupante. Em última instância, os principais alvos são aqueles considerados potencialmente perigosos para a classe dominante. Ela existe não somente entre os Estados, mas no interior de cada Estado nacional. A França tem todo um sistema de vigilância bem instalado dos movimentos sociais no país.

Por isso, para um programa da esquerda socialista é necessário exigir o fim de todas essas agências de inteligência e também da diplomacia secreta: todos os acordos entre os Estados devem ser publicizados. Os documentos dessas agências devem ser públicos e os responsáveis pela espionagem presos por violarem direitos básicos.

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