Temer: marcas dos primeiros cem dias de governo

Brasília – DF, 14/07/2016. Presidente em Exercício Michel Temer durante cerimônia de anúncio de nova norma do Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Beto Barata/PR

No dia 12 de maio, Dilma Roussef (PMDB) foi afastada da Presidência da República. O vice, Michel Temer (PMDB) assumiu o governo. Desde então, foram pelo menos quatro ocasiões em que o governo esteve envolvido diretamente em escândalos de corrupção.

No dia 23 de maio, vazou uma gravação em que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, articula um acordo para deter a Lava Jato. No dia 30 de maio, o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, aconselhou Renan Calheiros sobre como se livrar das investigações da Lava Jato. Mas, não era o ministro da transparência? Resultado, cai o segundo ministro do Temer. No dia 16 de junho, cai o terceiro ministro, Henrique Eduardo Alves, acusado de receber propina. Cem dias e três ministros caíram por corrupção.

As mobilizações de rua que sacudiram o Brasil contra a corrupção não ocorreram. O que os líderes do Revoltados Online, do MBL e do Vem pra Rua, cuja principal bandeira era a denúncia da corrupção brasileira têm a dizer sobre isso? Até agora, nenhuma palavra, nenhum movimento, nenhuma manifestação.

Depois de cem dias de Temer, estão nítidos os interesses que levaram este governo ao poder. Mesmo sendo um governo interino, Temer apresentou projetos de grande impacto sobre os direitos sociais adquiridos há décadas no Brasil. Começou pela elevação do defict primário. Ou seja, a reserva de R$ 170,5 bilhões para os banqueiros. Mais recentemente, apresentou a PEC 241. O novo regime fiscal congela por 20 anos o orçamento. Até os 200 dias de governo, pretende apresentar um pacote de privatizações e as reformas da Previdência e Trabalhista. Temer mostra a que veio, para ampliar a desigualdade, atacar os direitos dos trabalhadores e salvar o capital.

Os de cima têm um plano. É preciso ter o de resistência dos de baixo. A greve da BR Distribuidora contra a privatização, mostrou um caminho. Os sindicatos precisam ter a coragem e a independência para seguir o rumo da mobilização. Não se pode deixar que Temer chegue aos 200 dias cumprindo os próprios planos.

Foto: Beto Barata/PR