Por: Pedro Augusto
A sociedade capitalista foi construída sobre o espólio da África. Foi com os braços dos negros sequestrados que foi possível tanto acúmulo de capital. Não haveria a pompa da nobreza inglesa, as luzes de Paris ou os telões da Time Square sem os séculos de trabalho escravo nas Américas e a colonização imperialista da África até meados do século XX.
Ainda hoje, no Brasil, nos Estados Unidos, na França, para citar países com grandes populações negras, os trabalhos mais precários, os menores salários e, portanto, de onde o grande capital arranca a maior parte do trabalho não pago que sustenta o seu luxo, são ocupados pelos negros, mas especialmente as mulheres negras.
A revolução socialista será negra ou não será
No Brasil, somos mais da metade da população, e em todo o mundo o racismo é utilizado como uma arma para dividir a classe trabalhadora, impedindo que ela enfrente seu inimigo comum, que é o imperialismo.
Para muitos de nós, a luta contra o racismo e pelo direito de existir é um primeiro contato com a luta política. É no protesto contra a violência policial, na luta pelas cotas nas universidades ou na luta contra a exploração do corpo da mulher negra, que muitos de nós somos ganhos para nos organizar como classe trabalhadora e enfrentar a burguesia e seus mecanismos de exploração.
Estamos submetidos aos trabalhos mais precários e, muitas vezes, distantes dos sindicatos e das organizações classistas. É através da luta contra o racismo que experimentamos o papel opressor do Estado, descobrimos que a exploração do nosso corpo dá lucro, e nos tornamos revolucionários para emancipar o nosso povo e conscientes de que isso só será possível junto com a libertação de todos os trabalhadores e com a construção do socialismo em nível internacional.
Mas a vida seria muito mais fácil se os inimigos do povo negro não fizessem política. A eleição de Obama, assim como o discurso de que os negros se fortalecem quando assumem postos de poder, de forma individual,é uma das táticas da burguesia para nos manter isolados uns dos outros, e isolados do conjunto da classe trabalhadora. São nossos aliados, os negros que não abaixam a cabeça para a casa grande, que não se unem a aqueles que lucram com o nosso sofrimento cotidiano.
A libertação do povo negro da opressão racista não é tarefa de nenhum indivíduo, mas uma tarefa coletiva e que só pode ser cumprida pelas negras e negros de braços dados com os nossos irmãos de classe. São todos os trabalhadores na luta que vamos colocar a riqueza que produzimos a serviço de libertar o espírito humano dos limites das fronteiras e do capital.
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