Por Juliana Donato, de SP.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) é o novo presidente da Câmara dos Deputados. Teoricamente, Maia foi eleito em oposição a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que apoiava Rogério Rosso (PSD-DF). Mas, recém-eleito, ao ser questionado sobre o processo de cassação de Cunha, Maia lembrou que ajudou a elegê-lo e teceu elogios, dizendo que Cunha talvez tenha sido o melhor presidente que a Câmara já teve. Ele também deixou claro que colocar em votação o processo de cassação não será, nem de longe, uma de suas prioridades.
Perfeitamente alinhado com Temer, sua prioridade será colocar em votação os projetos que cortam gastos públicos e atacam os trabalhadores, como a Reforma da Previdência.
No entanto, o mais notável na eleição do novo presidente foi o apoio de deputados do PT que, lado a lado com os parlamentares do PSDB, PPS, PR, PDT, PC do B, PTN, garantiram que Maia fosse eleito. E ele soube reconhecer: “sem a esquerda não venceríamos essa eleição”, afirmou, referindo-se ao PT e ao PCdoB.
Durante 13 anos, o PT governou o país em aliança com o que há de pior na política brasileira. Lula e Dilma aliaram-se a Jose de Alencar, Collor de Mello, Sarney, Katia Abreu, e ao próprio Michel Temer. Disseram à classe trabalhadora que tais alianças eram necessárias em nome da governabilidade. Juntos, o PT e seus aliados desferiram pesados ataques contra os trabalhadores.
O apoio a Rodrigo Maia é, portanto, a continuidade da mesma lógica de alianças feitas pelo PT em seus 13 anos de governo e que tiveram como resultado o fortalecimento da velha direita tradicional que, por sua vez, não hesitou em aplicar uma manobra parlamentar para substituir Dilma por Temer.
Aqueles que acreditaram que o discurso do PT resultaria em uma luta conta o golpe, contra Temer e a velha direita, enganaram-se. Hoje, descartados por seus antigos aliados, ainda assim não romperam com eles. Nos próximos meses, ao invés de organizar a luta pelo Fora Temer e contra suas reformas, provavelmente veremos o PT apostando em um desgaste do atual presidente, com a estratégia de eleger Lula em 2018 e tentar repetir no governo todos os erros que já cometeram. Não se trata de prever o futuro. Hoje, o PT e a CUT já se negam a unificar as lutas dos trabalhadores para enfrentar Temer.
Com Rodrigo Maia, o Congresso de corruptos e reacionários tem mais um presidente à altura. Temer tem um aliado para aplicar o ajuste fiscal. O PT continua traindo a classe trabalhadora e respeitando a governabilidade, seja qual for o governo. E nós, trabalhadores, seguimos tendo muitos motivos para lutar.
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