A privatização da Petrobras e as consequências para o Rio Grande do Norte

Por: Felipe Nunes

No início de março, a Petrobras emitiu um comunicado informando que irá colocar a venda 38 campos terrestres em operação no estado do Rio Grande do Norte. Isto significa 55,88% dos campos que operam no estado, cuja produção atinge 20 mil barris diários. Outros estados como Ceará, Bahia, Sergipe e Espírito Santo também serão afetados.

Esta política entreguista e privatista que já era aplicada pelos governos do PT, e agora é aprofundada pelo governo Temer (PMDB/PSDB), irá gerar um grave impacto sobre a vida de milhares de trabalhadores. No Rio Grande do Norte, a Petrobras representa 47% da atividade industrial no estado. Segundo o SINDIPETRO-RN, essas vendas significarão a demissão de 5 mil trabalhadores, sobretudo os terceirizados, somente neste ano.

Além do desemprego, a venda destes campos causará uma queda imediata da riqueza produzida no estado que passará direto para mãos de grandes empresários e multinacionais. As cidades do interior, onde a extração é realizada, que já enfrentam a dura realidade da seca, como por exemplo em Macau, serão mais prejudicadas, afetando diretamente a economia local. A receita que poderia ser investida em melhoria nas estruturas das escolas, hospitais, unidades de saúde, desenvolvimento do estado e municípios, servirá para satisfazer as necessidades dos acionistas do petróleo.

O governo de Robinson Farias (PSD/PCdoB) e os prefeitos dos municípios afetados estão completamente coniventes com a venda de metade da capacidade produtiva industrial de nosso estado. Os governos municipais reclamam da insuficiência de seus orçamentos financeiros, no entanto, até o momento, nada fizeram para impedir que o nosso petróleo fosse vendido às grandes empresas estrangeiras petrolíferas.

Discurso mentiroso
O governo Temer (PMDB) segue o mesmo discurso do governo Dilma (PT), que vendeu o campo de Libra no pré-sal brasileiro, de “prejuízos” para justificar a privatização da estatal, confundindo a população com os dados de mercado e omitindo o valor patrimonial.

Se o valor de mercado teve queda de 200% nos últimos anos, o mesmo não aconteceu com o valor patrimonial que se manteve o mesmo entre 2010 e 2014. Na verdade, esse discurso serve para legitimar o plano neoliberal de privatização da estatal impulsionado desde os anos de FHC, continuado por Dilma, e agora por Temer, que pretende tornar o Brasil cada vez mais dependente do capital internacional, limitando o país apenas à exportação de óleo cru (commodities). Isto significa que, em um futuro não muito distante, precisaremos importar petróleo, mesmo sendo um país produtor. Ou seja, venderemos nossas riquezas às multinacionais estrangeiras e pagaremos mais caro para conseguir petróleo.

Precisamos barrar imediatamente o plano de privatização da Petrobrás. A venda dos campos terrestres interessa apenas às multinacionais estrangeiras do petróleo e significará um brutal retrocesso na soberania do país. O #MAIS Natal e o mandato da vereadora Amanda Gurgel se colocam a disposição para construir uma campanha no estado contra a venda dos campos e em defesa dos empregos ameaçados, junto aos sindicatos, movimentos sociais e toda a população.

Foto: Getulio Moura