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BRASIL

Praia Grande precisa de uma candidatura da esquerda 

A definição das candidaturas ocorrerá durante as convenções partidárias entre 20 de julho e 5 de agosto. Ainda há tempo para agir!

Por Raphael Guedes, de Praia Grande (SP)
Sindicato Praia Grande

Este ano, as eleições municipais configuram-se como um dos principais campos de batalha contra a direita e a extrema direita, principalmente o neofascismo bolsonarista, que busca fortalecer-se conquistando cargos nas prefeituras e câmaras de vereadores.

Na Baixada Santista, a situação é alarmante: todas as prefeituras da região estão sob controle da direita, e as pesquisas apontam que as principais candidaturas de oposição são da extrema direita. Esse contexto exige a união da classe trabalhadora e suas organizações contra a direita, a extrema direita e o bolsonarismo. A candidatura da ex-prefeita e vereadora Telma de Souza (PT) é um exemplo de união, congregando os principais partidos da esquerda em Santos, como PT, PSOL e PCdoB, e recebendo o apoio dos principais movimentos sociais e ativistas da cidade.

O Crescimento da extrema direita em Praia Grande

Em Praia Grande, houve um aumento considerável do apoio à extrema direita nos últimos anos. Nas eleições presidenciais de 2022, Jair Bolsonaro obteve 105.028 votos no segundo turno em Praia Grande, um aumento em números absolutos comparado a 2018, quando recebeu 102.534 votos. Além disso, a cidade foi palco de um dos maiores acampamentos golpistas do país, em frente à Fortaleza de Itaipu, de onde saíram muitos dos participantes do atentado de 8 de janeiro.

Nas eleições municipais, o principal candidato da extrema direita é Danilo Morgado (União Brasil), empresário e ex-assessor do falecido Major Olímpio. Morgado, nas eleições anteriores, conseguiu chegar ao segundo turno com uma pequena margem de diferença em relação à atual prefeita e agora está novamente bem posicionado nas pesquisas. Além disso, o PL, controlado na cidade por Renato Bolsonaro, um dos irmãos do ex-presidente Jair Bolsonaro, também lançará uma candidatura, o advogado Lissandro Florêncio.

O avanço da extrema direita tem desafiado a longa hegemonia do grupo liderado pelo deputado Alberto Mourão, que governa a prefeitura há mais de três décadas. Essa situação provavelmente  influenciou a atual prefeita a não buscar a reeleição, levando Mourão a se candidatar novamente nas próximas eleições municipais.

Diante dessa disputa, infelizmente, a esquerda da cidade aparece como coadjuvante, não conseguindo apresentar uma alternativa. Até o momento, a esquerda de Praia Grande não apresentou nenhuma pré-candidatura à prefeitura, apesar de o professor Maurício e de Jasper pontuarem nas pesquisas. Alguns partidos de esquerda têm se concentrado no debate sobre vereadores, o que é compreensível dada a realidade da Câmara Municipal, mas não é suficiente na disputa por um projeto que dê voz à luta dos trabalhadores nessas eleições e combata de forma consequente a extrema direita na cidade.

Delegar a responsabilidade de combater a extrema direita a candidatura de Mourão é um equívoco grave. Os anos de administração de Raquel Chini, apoiada por Mourão, são uma prova disso. A prefeita, além de manifestar apoio a Bolsonaro e Tarcísio Freitas no segundo turno, ignorou repetidas vezes as aglomerações promovidas por Bolsonaro durante a pandemia em Praia Grande. Não há indicações de que a situação mudará com o retorno de Mourão.

Outro ponto é que o governo de direita do grupo Mourão, nesses mais de 30 anos, demonstrou que não atende às necessidades da maioria dos trabalhadores e do povo pobre da cidade. A recente greve dos servidores foi mais uma demonstração da urgência da construção de um programa antineoliberal para Praia Grande, em sintonia com as principais demandas dos trabalhadores, do povo negro e periférico, das mulheres, das pessoas LGBTIs, da juventude e do meio ambiente. Não apresentar esse programa deixa o caminho livre para a extrema direita se apresentar como a única alternativa a Mourão.

É urgente uma candidatura unitária da esquerda

Mesmo diante da fragilidade eleitoral, partidos de esquerda como PT, PSOL, PCB e UP têm uma participação importante nos movimentos sociais e periféricos da cidade. Os votos em Lula em Praia Grande em 2022, somando 75.180 (41,72%), indicam que existe potencial para defender um projeto de esquerda para a cidade. Uma candidatura unificada da esquerda pode ampliar o diálogo e a disputa dessa base eleitoral.

Diante desse cenário, é urgente que os partidos da esquerda em Praia Grande, convoquem uma reunião em conjunto com os ativistas e movimentos sociais da cidade. Com o objetivo de organizar uma candidatura unificada para as próximas eleições municipais.

Diante desse cenário, é urgente que os partidos da esquerda em Praia Grande, convoquem uma reunião em conjunto com os ativistas e movimentos sociais da cidade. Com o objetivo de organizar uma candidatura unificada para as próximas eleições municipais. A ausência de uma opção de esquerda enfraquece a resistência contra a extrema direita, assim como, não permite a construção de um projeto político que atenda às demandas reais da população trabalhadora.

A trajetória do grupo de Mourão e a atual administração demonstram que seus interesses não se alinham com as necessidades da maioria da população. Portanto, uma candidatura de esquerda é a única que pode representar verdadeiramente os trabalhadores e trabalhadoras que construíram esta cidade, assim como as mulheres, negros, negras e pessoas LGBTI+ que lutam contra o conservadorismo. É essencial que essa candidatura seja uma referência na defesa dos serviços públicos e dos servidores, além de defender políticas que promovam emprego, renda e o combate à fome e às desigualdades. A definição das candidaturas ocorrerá durante as convenções partidárias entre 20 de julho e 5 de agosto. Ainda há tempo para agir!

Raphael Guedes é professor da rede municipal de Praia Grande e dirigente da Resistência-PSOL