Pular para o conteúdo
MOVIMENTO

Sindicato rodoviário do grande Recife prepara-se para batalha decisiva contra empresários

Bruno Rodrigues e André Valuche, de Recife (PE)
Bruno Rodrigues/Esquerda Online

Desde que assumiu o sindicato dos rodoviários da grande Recife, o grupo O Guará não deixou de ser perseguido pelos empresários de ônibus um só dia. A bem da verdade, essa perseguição começou bem antes, quando da demissão do companheiro Aldo Lima (atual presidente do sindicato e militante da Resistência-PSOL), em 2013, então um jovem motorista de base da empresa Caxangá que, insatisfeito com a condução do sindicato nas mãos do pelego Patrício Magalhães, postulava-se como uma nova liderança na categoria.

Em 2019, depois de 6 anos de luta na justiça, Aldo foi readmitido e retomou sua vaga como motorista na Caxangá. Contudo, Aldo foi novamente demitido pelo mesmo motivo: ficar impedido de participar das eleições do sindicato. Afinal de contas, sua figura sempre foi vista com hostilidade pelos empresários, que estavam acostumados com um sindicato dócil e conciliador.

Felizmente essa demissão também foi revertida. Nessa época, Aldo reuniu vários guarás de luta (Guará é a maneira como os motoristas de ônibus chamam-se uns aos outros, em função de sua atividade começar ainda na madrugada), lançou uma chapa e conseguiu vencer as eleições da entidade, acabando com o comando de mais de 40 anos da pelegada patronal sobre o sindicato.

À frente do sindicato, Aldo, ao lado dos companheiros Josival, Paulão, Clarice, Arlene, Kisuqui, Pipoca, Sr. Ivanildo, Jeremias, Anderson e Luciano, organizou uma gestão que sempre se pautou pela luta contra os patrões e pela defesa intransigente dos direitos da categoria, rompendo com a tradição pelega vigente até então.

Apesar de todas as dificuldades que vem enfrentando, como é normal em um primeiro mandato sindical, a gestão O Guará também vem dando exemplos de um sindicalismo de base, como pouco se vê. Dia após dia seus diretores vão aos terminais de ônibus acolher as demandas da categoria, ouvindo e orientandos os trabalhadores, e sem hesitar na hora de enfrentar os abusos dos patrões, como ocorreu recentemente na empresa Borborema.

Ao mesmo tempo, recentemente a direção do sindicato promoveu uma reforma estatutária que elimina uma série de privilégios e benesses materiais, democratiza o processo eleitoral, além de reduzir o tempo de mandato de 5 para 4 anos.

Foi com a aposta firme na luta e na mobilização que a direção O Guará conseguiu manter o sindicato atuante mesmo diante de dois baques muito fortes: a pandemia e a demissão em massa de cobradores. Também foi com essa firmeza que o sindicato conquistou o segundo melhor salário entre os demais rodoviários da região NE, ficando atrás apenas da Bahia, que também tem um sindicato combativo.

Contudo, os empresários não desistiram. Foi aí que eles começaram a apostar suas fichas em um grupo de oposição contra a gestão O Guará. Esse grupo, que apresenta-se como uma associação (sem sócios, vale dizer) sempre foi favorecido pelos empresários com todo tipo de privilégio que nenhum outro trabalhador rodoviário usufrui: liberações à vontade, ônibus de presente, sede mobiliada etc. Ao longo dos últimos anos, essa associação pelega sempre pautou-se pelo ataque intransigente à diretoria do sindicato, poupando os empresários do setor.

Em 2023, em uma assembleia de prestação de contas do sindicato, o grupo em questão atuou com o objetivo de rejeitar as contas do sindicato, para que Aldo e sua gestão ficassem inelegíveis. Para conseguir isso, eles inventaram a mentira de que havia irregularidades nas contas do sindicato e, por duas vezes, entraram na justiça pedindo a remoção da gestão O Guará, em base a esse mesmo argumento. Embora tenha conseguido rejeitar as contas do sindicato, por apenas dois votos de diferença, os dois pedidos em questão foram negados pela justiça, pois ela reconheceu que eram improcedentes e sem fundamento algum.

Gestão Guará convoca categoria a derrotar o golpe da patronal votando SIM na prestação de contas

Além da campanha salarial deste ano, há uma importante batalha a ser vencida: a reversão da inelegibilidade de parte da direção do grupo O Guará, em função da desaprovação das contas de 2021.

Essa batalha será travada nos próximos dias 21 e 22, garagem por garagem, quando haverá uma nova assembleia de prestação de contas, momento que será apresentada a reapreciação das contas de 2021. Assim, o golpe que a oposição e os patrões promoveram em 2023 poderá ser revertido.

As contas do sindicato estão abertas para toda a categoria e, como já se sabe, a própria justiça reconheceu que não há qualquer irregularidade nelas.

É hora de derrotar o golpe patronal sobre o sindicato e sobre a categoria. É hora do mais amplo apoio à gestão O Guará.

A categoria rodoviária precisa comparecer na assembleia dos dias 21 e 22 e dizer SIM ao sindicato e SIM para a aprovação das contas, para evitar que o sindicato caia novamente sob controle dos empresários.