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BRASIL

Luta contra a Reforma da Previdência e a moral da classe trabalhadora

Paulo Pinto / AGPT

15/03/2017 Manifestação de centrais sindicais contra mudança do sistema de previdência na av. Paulista.

Por: Karina Lourenço, do ABC, SP

Fazer qualquer análise de conjuntura, a partir das mobilizações que ocorreram por todo o Brasil no último dia 15, requer uma dose de racionalidade razoável, para não se incorrer em suposições mais imediatistas e impressionistas. No entanto, peço licença, devido ao calor da hora, para lançar uma análise talvez mais apaixonada e com doses novas de esperança.

A paralisação por todo o Brasil teve expressões muito particulares em cada estado. No Paraná, teve praticamente 100℅ de paralisação dos professores estaduais; Rio de Janeiro, cuja falência do estado está afetando os trabalhadores com falta de serviços básicos como atendimento hospitalar, coleta de lixo e salários dos servidores atrasados, teve, contraditoriamente, o transporte público sem aderir à paralisação, contrapondo-se com a inusitada paralisação de 60 escolas do setor privado.

Já em Fortaleza, teve massivas mobilizações e em São Paulo, um epicentro importantíssimo nas ondulações, ascensos e retrocessos da luta de classes, ficou marcado pela iniciativa dos rodoviários e motoristas que passaram por cima da liminar do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que proibia a adesão acordada pelo sindicato de participar do dia 15.

Houve, como há muito tempo não se via, a base de rodoviários passando por cima da enferrujada burocracia sindical, ganhando autonomia e mantendo a paralisação em toda capital e grande São Paulo até as 9h da quarta-feira. Os metroviários, mais uma vez, demonstraram a responsabilidade e a coragem em se manterem firmes na greve, apesar da forte pressão governista e da mídia oligárquica. Ainda no estado de São Paulo, vale ressaltar cidades como Ribeirão Preto, Campinas, Bauru, Piracicaba e litoral com vários atos em apoio à luta Contra a Reforma da Previdência.

Assim, quem transitou pelas multidões no dia de ontem teve a impressão de que a altivez dos peitos que se insuflavam e os olhos brilhantes de cada trabalhador e trabalhadora que gritava um uníssono Fora Temer são a possibilidade real de derrubar essa esdrúxula reforma. Fala-se em 200 mil ontem na Paulista. Eu prefiro equacionar os números qualitativamente e com o coração. Estive lá e a impressão subjetiva foi de um número bem maior em entusiasmo e unificação em volta de uma pauta que nos unifica.

Foto: 15/03/2017- São Paulo- SP, Brasil- Manifestação de centrais sindicais contra mudança do sistema de previdência na av. Paulista.
Foto: Paulo Pinto / AGPT