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BRASIL

Natal sem Natal para os servidores municipais

Por: Luana Soares, de Natal, RN

Em greve há mais de quarenta dias, a ceia natalina será de miséria para os servidores de Natal. A culpa é do Prefeito Carlos Eduardo (PDT)
Luana Soares, Assistente Social

Há cerca de quarenta dias os servidores municipais de Natal estão em greve, principalmente, pelo atraso dos salários que já dura pelo menos cinco meses. Durante esse período o Prefeito Carlos Eduardo (PDT) vem, arbitrariamente, descumprindo a Lei Orgânica do Município que determina que o pagamento dos salários seja feito até o quinto dia útil do mês.

Para se ter uma ideia, na véspera dos festejos natalinos, ainda não recebemos o salário equivalente ao mês de novembro. Parece brincadeira, mas estamos em greve pelo direito mais elementar de qualquer pessoa que trabalha que é o pagamento em dia.

O cenário que temos hoje em Natal é na prática o comprometimento de todos os serviços públicos da cidade com a paralisação da Assistência Social, Serviços Urbanos, Saúde, Educação, Obras e Infraestrutura, Guardas Municipais, Segurança e Defesa Civil, Agentes de Saúde e da Secretaria de Mobilidade Urbana.

Natal não está fora da realidade das demais cidades do país.

Seguindo o exemplo do Rio de Janeiro, o Governo Municipal insiste em se utilizar da desculpa da crise econômica para atacar os direitos dos trabalhadores e o serviço público. Mas na verdade, o grande problema está na inversão de prioridades de Carlos Eduardo.

O prefeito gastou apenas com a decoração natalina da cidade mais de três milhões, e com os fogos de artifício para o réveillon está previsto mais de um milhão de reais. É o nosso dinheiro sendo queimado, literalmente.

O cenário é difícil, são muitos ataques. Mas ao mesmo tempo é empolgante a nossa greve, especialmente, pela notória renovação da categoria que se deu em razão do último concurso da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), que renovou praticamente todo o seu quadro de servidores efetivos.
Seja pela presença nas atividades ou pela criatividade e irreverência nos métodos das mobilizações, os jovens adultos, que em parte estiveram presentes nas lutas de junho de 2013, estão entusiasmando o conjunto dos servidores.

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Nós somos a juventude filha da classe trabalhadora, que pede passagem na luta do serviço público. Reivindicamos a luta e a democracia como principais instrumentos para a garantia do nosso direito ao futuro. A combinação da experiência dos mais antigos com o oxigênio dos novos só fortalece a nossa classe contra os ataques da gestão de Carlos Eduardo.

Além disso, o protagonismo das mulheres chega a impressionar. A incisiva participação feminina se dá pelo fato de ocuparmos os postos de trabalho mais precários e desvalorizados, no caso dessa greve, destacamos as técnicas de enfermagem, servidoras da saúde, e as assistentes sociais, psicólogas e socioeducadoras, servidoras da SEMTAS.

As mulheres grevistas são, sem dúvida alguma, exemplos de coragem e ousadia, pois transcendem a invisibilidade imposta pela sociedade machista não só no espaço doméstico e profissional, mas também nos espaços políticos. A nossa presença na greve unificada de Natal fortalece não apenas a greve, mas também os processos de luta das mulheres e o surgimento de uma nova geração de ativistas feministas.

Não sabemos ainda até quando irá durar essa greve, mas se depender de Carlos Eduardo, ela vai longe. É comum a postura arrogante e de desprezo por parte dele, por isso não parece estar muito preocupado com a paralisação dos principais serviços públicos que assistem à população mais pobre da nossa cidade.

A preocupação dele é mesmo com a cidade de Natal decorada com uma bela iluminação natalina, que esconde a realidade a qual está submetida a juventude e os trabalhadores potiguares. Por isso, a única saída que podemos apontar é o fortalecimento das mobilizações, e para isso não há outro caminho senão a unidade entre as entidades sindicais e as organizações de esquerda da cidade.

Afinal, o ano que se aproxima será um período de grandes lutas, não apenas na nossa cidade, mas no Brasil inteiro. Os governos municipais, estaduais e federal estão alinhados e organizados para acabar com os nossos direitos, a exemplo da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista que estão por vir.

Nós do MAIS e o mandato da Vereadora Amanda Gurgel estamos na construção da greve, apoiando irrestritamente a luta dos servidores públicos contra as arbitrariedades do Prefeito Carlos Eduardo.

 

Fotos: SINSENAT