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Tomamos as ruas. E agora?

O 21/09 não foi um dia comum


Publicado em: 22 de setembro de 2025

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Gizelle Freitas, de Belém-PA

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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O dia 21 de setembro de 2025 já está nos anais da luta política desse país. Foi emocionante ver viver e sentir as gigantes manifestações de norte a sul que encheram de esperança as milhares de pessoas que atenderam ao chamado após a votação escandalosa da PEC da Blindagem ou bandidagem e a tentativa de anistiar os golpistas, especialmente, o líder da organização criminosa – Jair Bolsonaro.

O dia 21 foi gestado, na verdade, no dia 11 com a leitura do voto da Ministra Carmén Lúcia de condenação do Bolsonaro e dos demais aliados 4 estrelas, que juntos tramaram a tentativa de golpe. Dia 12 comemoramos efusivamente o resultado final, foi uma espécie de antecipação do carnaval de tanta euforia pelas ruas, aqui em Belém o bar Café com Arte distribuiu 13 barris de chopp como havia prometido. Sem dúvida a condenação e as penas aplicadas foi uma vitória nossa, daqueles que defedem a democracia, a soberania nacional, os direitos da classe trabalhadora, uma derrota importante para o bolsonarismo. Mas, rapidamente os deputados federais do PL e outros da extrema direita, em acordo com o Centrão, nos aplicaram uma derrota profunda também: votação por ampla maioria da PEC da Blindagem, contando com 12 votos de deputados do PT, e a urgência do PL da Anistia. E na mesma madrugada já foram lançados os primeiros chamados ao povo na rua.

Em todas as capitais brasileiras tiveram atos de rua e muito numerosos, bem diferente dos últimos atos que fizemos. O mar de gente na orla de Salvador com a presença de grandes artistas como Wagner Moura, Ananda Costa, muitos outros e a cantora Daniela Mercury, foi incrível. Natal, Recife, Belém, Porto Alegre também grandes atos. Em Brasília, palco dos desmandos do pior congresso da história, e Belo Horizonte, foi extraordinário. E maior ainda foram os gigantes atos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quem não se emocionou com o chamado de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan? A foto que mais viralizou foi deles juntos em cima do trio em plena Copacabana.  Para as cidades que fizemos atos pela manhã, como foi o caso de Belém, à tarde esperamos para ver como seria nas outras capitais, confesso que pela presença do Chico Buarque o Rio era minha maior espera. Mas em diversas capitais, como aqui em Belém, os artistas locais foram parte da convocação.

Certeza que assim como eu muitos de nós choramos ao ver Chico e Gil cantando Cálice, os 60+ devem ter lembrado da marcha dos cem mil. Esse dia 21 não foi um dia comum.

O medo tem que mudar de lado. Nós somos a maioria, e os politicos de direita e de extrema direita tremem quando veem marchas enormes do povo organizado nas ruas.

Tomamos as ruas e agora?

Não adianta apelar para o senso de justiça, de democracia dos deputados bolsonaristas, eles combatem justamente a justiça e querem destruir nossa democracia, e pretendem inverter a natureza das instituições como a câmara de deputados, dando-lhe poder de polícia e de justiça, afinal, eles que decidirão quem, deles próprios, serão investigados, condenados, presos, caso cometam crimes. Um escândalo.

O Presidente Lula precisa liderar um movimento nacional de aprofundamento da luta político-ideológica junto aos movimentos sociais, às centrais sindicais, numa frente ampla daqueles que querem combater o neofascismo. Muito importante as postagens no perfil do Lula apoiando as manifestações.

Pensando aqui como seria essencial se os grandes artistas de repercussão, visibilidade e influência nacional percorressem o país, numa espécie de caravana em defesa da soberania nacional, algo por aí. A guerra que será a eleição de 2026 já iniciou, não temos os direitos de errar, muito menos de subestimar o peso mobilizador da extrema direita. Se eles não vão recuar nós temos que ir cada vez mais pra cima, afinal, como escrito num cartaz da deputada Lívia Duarte: “quem é inocente pede justiça, não anistia”.

Por fim, não adianta somente fazer textão e bons vídeos nas redes sociais denunciando o estado de coisas, isso é importante também, mas o central é ativar nosso estado permanente de mobilização, esse dia 21 foi gigante, emocionante e revigorador, mas não acabou aí. Temos que, de forma organizada e nacionalizada, continuar a pressão sob a câmara de deputados e senado, visto que agora os projetos irão à esta casa.

Antes de acabar mesmo, dizer que o Presidente Lula tem que se apoiar na mobilização do povo, não dar nenhum passo atrás, seria um erro sem precedentes negociar qualquer dosimetria, que não seja a papuda por muitos anos ao Bolsonaro e ao alto escalão condenado, as milhares de famílias que perderam um ente querido na pandemia, em decorrência da gestão genocida do Bolsonaro, precisam dessa resposta; a defesa da democracia precisa dessa resposta; a nossa esperança se renovar precisa dessa resposta; as vítimas da ditadura que não tiveram os torturadores condenados e presos precisam dessa resposta.

Escrevi essas linhas ainda embalada pela emoção de ter vivido esse dia, com a única pretensão de registrar a grandiosidade da tarefa que temos e as hercúleas dificuldades colocadas, mas sigamos traçando vários planos para colocar milhares e milhares nas ruas para poder contra-atacar.

Gizelle Freitas é assistente social, mestra em Serviço Social e ex-vereadora de Belém-PA

 

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