marxismo
O sorriso traído: 80 anos da morte de Ta Thu Thâu
Publicado em: 4 de setembro de 2025
Há 80 anos, no início de setembro de 1945, o Vietnã declarava sua independência, após 87 anos de domínio colonial francês.
Na expectativa de obter um acordo com o governo francês após a Segunda Guerra, e contando com a boa vontade dos Aliados – uma linha política que se demonstrou completamente autoilusória – Ho Chi Minh e o Partido Comunista do Vietnã elegeram como prioridade máxima a destruição do grupo político trotskista ao redor do jornal La Lutte e da figura de Ta Thu Thau. Thau, considerado um revolucionário exemplar, o primeiro a pegar em armas contra a dominação colonial francesa e depois contra a ocupação fascista japonesa, um homem brilhante, de origem sólida na classe trabalhadora e que aparece aqui sorridente após ser preso pelas autoridades francesas, em 1930, foi assassinado a mando de Ho Chi Minh.
Thau tinha saído do sul do país e se dirigido ao norte, área sob controle das forças do Partido Comunista, para organizar uma campanha de solidariedade, já que o norte do Vietnã enfrentava uma terrível fome (causada pela guerra e ocupação). Além disso, seguia auxiliando na auto-organização dos trabalhadores do campo e da cidade. Pouco antes de seu assassinato, escreveu aos camaradas do sul, pedindo aos “irmãos na Cochinchina que comessem apenas o que precisassem para se manterem vivos e enviassem para cá tudo o que pudessem, imediatamente”.
>> Leia também: Ta Thu Thau: Um revolucionário inigualável e fundador do trotskismo no Vietnã
O tribunal popular sob domínio do Partido Comunista que o julgou após sua captura se recusou a condená-lo. Após isso, Ho Chi Minh instruiu um de seus comandantes a anular o julgamento e executá-lo diretamente. Sobre Thau, Ho Chi Minh disse em 1946 a Daniel Guérin: “Tạ Thu Thâu foi um grande patriota. Mas se ele estivesse vivo, teria de ser nosso inimigo”. Disse ainda que “Todo aquele que se colocar no caminho da frente única nacional será esmagado”. Nos primeiros dias de setembro de 1945, o mundo perdeu um grande revolucionário. Em poucos meses, a ilusão de Ho Chi Minh de uma aliança com a França, com a burguesia nacional vietnamita e mesmo com os EUA, foi esmagada.
Thau segue vivo não só como memória, como lembrança de um valoroso revolucionário de princípios, mas também como lição histórica viva do papel contrarrevolucionário que o estalinismo teve no movimento comunista. Nesses tempos em que repetir falsidades se tornou não só moda, mas a fonte do sucesso de tantos influenciadores de esquerda, relembrar de Ta Thu Thau é revisitar as lições de sua luta e vida. Um mundo melhor não será construído sobre os ossos dos revolucionários traídos, e sim sobre seu exemplo e ensinamentos.
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