marxismo

A mais atual das guerras

Resenha do livro O sentido da segunda guerra mundial, de Ernest Mandel


Publicado em: 21 de agosto de 2025

Marxismo

Por João Simões, Historiador, editor e tradutor

Esquerda Online

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Historiadores têm uma predileção quase inevitável por guerras e revoluções. É certo que a vida cotidiana, com sua cadência silenciosa, pesa mais na formação do mundo do que os grandes choques traumáticos. Mas há uma razão para a obsessão com os momentos em que a violência rompe o véu da normalidade: nesses instantes, as contradições latentes de um sistema social emergem sem disfarces. As guerras, além da destruição e das mortes que arrastam, são janelas abertas para enxergar o funcionamento mais profundo das sociedades.

Se a Revolução de Outubro permanece como a experiência revolucionária mais marcante do século 20 e ainda ilumina debates do século 21, a Segunda Guerra Mundial é, sem dúvida, o conflito que molda até hoje nosso presente. Concluída há 80 anos, ela deixou marcas profundas: milhões de mortos, o horror do nazifascismo e do primeiro genocídio industrializado da história humana, a era atômica, o fortalecimento do complexo industrial-militar-tecnológico e os longos anos da Guerra Fria. São cicatrizes que permanecem abertas e que, não por acaso, continuam a gerar bibliotecas inteiras de livros, filmes e documentários em busca de compreender o trauma político, econômico e humano que foi a guerra.

É nesse terreno que Ernest Mandel se destaca com O Sentido da Segunda Guerra Mundial. Em vez de se limitar à cronologia ou a lugares-comuns, o economista e militante marxista belga – sobrevivente de campos de concentração e integrante da resistência antinazista – investiga o sentido histórico do processo que levou à guerra e os rumos abertos por seu desfecho.

A análise abrange variáveis tecnológicas, ideológicas e geopolíticas, mas concentra o foco no eixo econômico e político que transformou a guerra generalizada em resultado quase inevitável (por vezes até desejado), das disputas entre as grandes potências. O livro distingue movimentos sobrepostos no interior do conflito e rejeita leituras que o reduzam a “o bem contra o mal”, sem atenuar a crítica ao nazismo e à mortandade produzida.

A força do argumento de Mandel está na combinação de clareza explicativa e rigor histórico. Ele demonstra como tensões econômicas entre potências, ávidas pela dominação de mercados, empurraram o mundo para o confronto. Ao mesmo tempo, reafirma a agência de sujeitos e classes sociais. Em vez de uma explicação fechada, oferece referências para apreender a complexidade do fenômeno e pensar o presente, em que a competição entre potências e corporações volta a levar o planeta à beira de uma guerra total.

O Sentido da Segunda Guerra Mundial será lançado em setembro de 2025 pela Usina Editorial e está em pré-venda promocional no site da Usina editorial

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