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Congresso Nacional do DSA reforça a construção da esquerda socialista nos Estados Unidos


Publicado em: 16 de agosto de 2025

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Por Deborah Cavalcante e Paula Coradi, de Chicago (EUA)

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No último final de semana, o PSOL participou do Congresso Nacional dos Socialistas Democráticos da América (DSA) em Chicago. Reunindo cerca de 1200 delegados eleitos na base, o DSA mostrou que tem vitalidade e uma base muito jovem, o que atesta as suas possibilidades de crescimento no futuro. O slogan do congresso foi “Renascimento e além: refletindo sobre uma década de crescimento do DSA e preparando-se para uma década de construção partidária”.

Esse slogan e o tamanho do evento expressaram o crescimento real da organização desde 2016. A partir do impulso da campanha de Bernie Sanders nas primárias do partido democrata naquele ano, o DSA deu um salto de 5 mil membros para os atuais mais de 80 mil, com presença em todo o território nacional. Por isso, já podem ser considerados a maior organização socialista do país em décadas. Trata-se de uma novidade importante e também um elemento de qualidade para a reconstrução do movimento dos trabalhadores e da juventude nos Estados Unidos.

Nesse percurso, o DSA tem ampliado a sua audiência eleitoral, culminando agora na recente vitória de Zohan Mamdani nas primárias do partido democrata em Nova York, cidade em que o DSA possui o maior número de filiados e influência política.

Mamdani é um socialista de 33 anos, deputado estadual em seu terceiro mandato e imigrante de Uganda que foi criado na Cidade do Cabo, na África do Sul. Caberá a ele representar o DSA nas eleições para a prefeitura de uma das cidades mais importantes do país em novembro, com grandes chances de vitória. A plataforma política da campanha de Zohan é pautada pela defesa do congelamento do valor dos aluguéis para os mais pobres, do passe livre gratuito em ônibus, do acesso universal à creche, de supermercado subsidiado e da taxação dos super-ricos. A possível vitória eleitoral do DSA em Nova York, certamente, representará um novo marco para a construção da organização.

Mas o DSA combina ainda essa intervenção eleitoral com uma consciente busca pela construção no movimento de massas. Em resoluções, intervenções no plenário, camisetas e conversas com ativistas, vimos o interesse na intervenção concreta em movimentos de juventude, sindical, de solidariedade ao povo palestino, de defesa dos direitos de imigrantes, feminista, LGBTQI+, antirracista e ambiental.

Do ponto de vista político, o Congresso refletiu um profundo compromisso da militância com a causa palestina. Este foi, provavelmente, o tema mais debatido ao longo do evento. Com várias resoluções aprovadas, a organização confirmou que tem em seu DNA a solidariedade internacionalista ativa. A poderosa intervenção de Rashida Tlaib, deputada federal do DSA eleita em Michigan e a primeira mulher de ascendência palestina no Congresso Nacional estadunidense, foi o momento ápice do evento.

Além disso, duas resoluções aprovadas merecem destaque. A primeira é o lançamento de uma candidatura presencial para as próximas eleições em 2028, uma tarefa que exigirá desde já preparação política e programática. Mais concretamente, o DSA buscará uma coalizão mais ampla com movimentos sociais para elaborar uma plataforma programática. Além disso, almejam força real – algo mais parecido com as campanhas de Bernie Sanders – e, nesse sentido, devem apoiar uma figura com mais viabilidade nas primárias democratas, que se identifique e promova publicamente o DSA. A segunda é a construção de uma greve geral no 1º de maio de 2028. Sabem que para fazer algo de peso, é necessário planejamento e ampliar a inserção sindical e no movimento amplo de trabalhadores até lá.

Dois co-presidentes foram reeleitos para liderar a nova gestão de dois anos, Ashik Siddique e Megan Romer. Dois camaradas comprometidos com a construção partidária no terreno nacional e no desenvolvimento de laços internacionalistas. Como o PSOL, o DSA é multi-tendencial com vários caucus internos, o que não os impede de construir unitariamente o partido. Essa forma pluralista e democrática de construção interna é também um antídoto contra a fragmentação e pode ajudar a explicar a sua capacidade de aglutinar milhares de ativistas – que chegam ao DSA com diferentes afinidades teóricas e programáticas.

O PSOL pôde acompanhar todo o evento com três representantes: Paula Coradi, presidenta do partido, Deborah Cavalcante, Secretária Internacional, e Mariana Riscali da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco. Assim, participamos de diferentes momentos de debate, com destaque para uma mesa organizada pelo Comitê Internacional sobre a luta contra o fascismo e o momento geral de intercâmbio entre organizações nacionais e internacionais.

Nos somamos a uma delegação internacional mais ampla que envolveu também a Internacional Progressista, o PT/Brasil, a Frente Amplio do Chile, o Morena mexicano, a França Insubmissa, o Partido Trabalhista Belga, o Pátria Grande argentino e outras representações de Cuba, Porto Rico, Paquistão e Japão.

O Congresso pareceu criar condições para o DSA seguir realmente avançando. Os debates foram acalorados, com diferentes resultados de votação que expressam um partido em construção, onde as ideias defendidas no plenário contam e não há posições necessariamente cristalizadas. Enfrentarão no percurso os limites e as contradições próprios da luta de classes e do movimento dos trabalhadores tal como ele é de fato nos Estados Unidos. Mas, sem dúvida, parecem sair mais fortes para aproveitar as oportunidades nas lutas de resistência contra Trump, nas lutas contra o genocídio na Palestina e na construção de campanhas eleitorais socialistas.

Deborah Cavalcante é Secretária de Relações Internacionais do PSOL
Paula Coradi é Presidenta do PSOL

 

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