editorial
Basta de genocídio! É preciso parar Israel, já!
Publicado em: 21 de maio de 2025
Foto: eye.on.palestine
Há mais de 19 meses, as tropas de assalto e a maquinaria bélica de Israel têm castigado a população civil de Gaza de forma implacável. A rede escolar e a de saúde, além de grande parte das residências, foram totalmente destruídas, com o claro objetivo de impedir qualquer condição de vida futura aos palestinos. A contagem da perda de vidas palestinas oscila entre 53 mil e quatro vezes mais, como apontou artigo da revista médica The Lancet, que incluiu os mortos pelas consequências indiretas do ataque. Mais da metade desses mortos eram mulheres e crianças. O genocídio é bárbaro e se agrava a cada dia, com 14 mil de crianças podendo morrer de fome em poucos dias, segundo a ONU. É preciso para Israel, já! O governo brasileiro precisa fortalecer a solidariedade internacional ao povo palestino, rompendo imediatamente as relações diplomáticas e econômicas com o Estado israelense.
O avanço do extermínio

Depois de ter rompido unilateralmente, em março desse ano, os quase dois meses de cessar-fogo, Israel começou, no dia 14 de maio, uma nova escalada nas operações punitivas contra a população de Gaza. Para garantir a sobrevivência de seu governo, Netanyahu ampliou a abrangência dos ataques para aplacar a ala mais extremista de sua coalisão. Há poucos dias, uma ordem de evacuação foi emitida para a cidade de Rafah, ao sul da Faixa, o que pode ser o começo de uma almejada operação de limpeza étnica — restrita, por enquanto, a essa cidade, uma das mais populosas da Faixa.
Com isso, Israel pode estar testando até onde vai a oposição retórica do Egito e dos países árabes a uma limpeza étnica para o deserto do Sinai ou para algum outro destino. Ou então, que sejam assentados colonos judaicos no território, defendidos por soldados. O objetivo seria implementar a separação, como existe na Cisjordânia, mas com mais rigor. Visando a limpeza étnica, Israel está negociando também com alguns países da África, como a República Democrática do Congo.
Apesar de não ter conseguido subjugar totalmente a resistência palestina em Gaza, muito menos no restante da Palestina histórica e no mundo, Israel, com ajuda de Trump e seu plano colonial de tornar Gaza em uma “Riviera” sem palestinos, está buscando táticas para desmoralizar totalmente a população de Gaza. Isso se traduz na seguinte forma de tentar subjugar a população: o bloqueio da ajuda humanitária que é a única fonte de alimentação regular para os 2,4 milhões de palestinos em Gaza, bloqueados totalmente por Israel desde 2007. As mobilizações contra mais esta ação genocida levaram no último final de semana centenas de milhares de pessoas às ruas – com destaque especial a Londres, que é sem dúvida a capital mundial da urgente solidariedade com os palestinos.
Desse modo, a pressão internacional obrigou Netanyahu a aliviar parcialmente este bloqueio. Segundo o jornal The Guardian de terça-feira, 20 de maio, a situação é tão dramática que a ONU alertou que, sem esta ajuda, 14.000 bebês poderiam morrer em Gaza nas próximas 48 horas sem ajuda.
O Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Socorro de Emergência da ONU, Tom Fletcher, explicou em um programa da BBC que a quantidade de ajuda autorizada por Israel a entrar em Gaza é mínima.
Segundo ele, cinco caminhões de ajuda foram para Gaza nas segunda-feira (19), mas descreveu isso como “uma gota no oceano” e totalmente inadequada para as necessidades da população.
Declarou ainda que os caminhões que contêm ajuda, com comida e elementos nutrientes para bebês, estão tecnicamente em Gaza, mas não chegaram aos civis porque eles estão do lado de fora da cerca que divide Israel e Gaza (cerca essa totalmente dominada pelo Exército de Israel).
Estes fatos mostram que Israel mantém seus planos genocidas e que a oposição mundial contundente a este Estado genocida é fundamental para apoiar os palestinos, em particular, neste momento, para salvar milhares de crianças da fome.
A solidariedade internacional ao povo palestino e a posição do governo Lula

No Brasil, infelizmente, as mobilizações não foram ainda significativas. Urge que os movimentos de defesa da Palestina se unam para convocar uma jornada mundial contra este crime que continua ocorrendo publicamente. Os governos de França, Canadá e Grã-Bretanha “opuseram-se fortemente” à expansão da ofensiva militar israelense em Gaza e ameaçaram “adotar ações concretas” se Israel não cessar seu assalto e levantar as restrições ao fornecimento de ajuda ao enclave palestino.
Por outro lado, o Parlamento espanhol votou uma moção (não obrigatória) para que o governo decrete um embargo no fornecimento de armas a Israel, que o governo pode ou não seguir. De qualquer forma, junto com as mudanças de posição dos 3 países antes mencionados, são o fruto da mudança na opinião pública que, finalmente, está começando a apoiar e defender o lado palestino da barbárie sionista.

E no Brasil? Apesar das importantes declarações favoráveis de Lula aos palestinos, o país não adotou as medidas práticas que poderiam realmente ajudar esse povo. O peso do Brasil no continente e mais além poderia contribuir para esta virada ainda tímida dos governantes mencionados. Petro, na Colômbia, é, neste sentido, a exceção que confirma a regra. O que está em jogo é a vida de crianças e bebês, como diz a ONU. Lula precisa acabar com qualquer chance de o acordo para comprar peças de artilharia blindados denominados de obuseiros, vendidos por cerca de R$1 bilhão pela empresa israelense Elbit, a maior produtora de armas de Israel.
Romper relações diplomáticas com um país que segue praticando um nefasto genocídio é o mínimo que o Brasil pode fazer em apoio aos palestinos.
Por último, é preciso um esforço redobrado da base parlamentar governista para barrar a votação do projeto 472/2025 que, seguindo os exemplos de muitos países europeus, busca criminalizar as críticas a Israel como se fossem antissemitas. E sua votação deve acompanhada por mobilizações de rua na frente do Congresso. E, em último caso, deve ser vetado pelo presidente.
PALESTINA | Canadá, Espanha, França e até mesmo o Reino Unido recentemente anunciaram suspensão de negociações comerciais com Israel. O Reino Unido também convocou o embaixador israelense no país. O Brasil, na figura do presidente Lula, também já emitiu várias declarações… pic.twitter.com/6IrUdlFm6d
— Esquerda Online (@esquerdaonline) May 21, 2025
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