Na última quinta-feira, dia 05 de março, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, chefiado pelo ultra reacionário Ernesto Araújo (discípulo de Olavo de Carvalho), anunciou duas medidas combinadas que preparam a completa ruptura diplomática do Brasil com a Venezuela, expulsando seu corpo diplomático oficial de nosso país.
Primeiro, a chancelaria brasileira anunciou o retorno de seu corpo diplomático e todos os funcionários que trabalham na Embaixada e Consulados brasileiros na Venezuela. E, no mesmo dia, determinou que o corpo diplomático venezuelano, nomeado pelo atual governo da Venezuela, saia do nosso país. Caso contrário, serão expulsos de forma unilateral. O governo não anunciou um prazo para esta medida autoritária.
Estas decisões não são atos isolados, são parte de um processo que vem de antes, comprovando que o governo Bolsonaro, à serviço de Trump e do governo estadunidense, vem sendo um elemento de desestabilização política da região e de ingerência na soberania da Venezuela.
No dia 23 de janeiro de 2019, ainda no seu primeiro mês de governo, Bolsonaro fez com que o Brasil fosse um dos primeiros países, logo depois dos EUA, a reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Guaidó é uma figura sinistra, que de forma patética se autodeclarou presidente, ele sempre foi ligado a grupos de extrema direita venezuelanos, uma espécie de fantoche golpista ligado e financiado pelos EUA.
No dia 4 de junho de 2019, Bolsonaro, em mais um desrespeito flagrante a soberania venezuelana, recebeu as credenciais de uma “embaixadora fake”, de nome María Belandria, indicada por Guaidó, ignorando o fato que existe uma representação diplomática oficial da Venezuela em nosso país, indicada por seu governo legítimo.
No final do ano passado, no dia 13 de novembro, durante a Cúpula dos BRICS, um grupo ligado a Guaidó e Belandria tentou tomar de assalto a Embaixada de Venezuela, com sede em Brasília. Um fato absurdo, desferido por conhecidos golpistas de direita e extrema direita, que felizmente foi derrotado pela rápida reação de ativistas de esquerda e dos movimentos sociais brasileiros.
Mais recentemente, no mês passado, o Itamaraty já tinha se negado a renovar as Carteiras Diplomáticas dos representantes oficiais da Venezuela o Brasil. Agora, prepara diretamente a expulsão deles de nosso país.
A hora exige uma reação contundente
Não é necessário ser um apoiador do governo bolivariano da Venezuela, para entender a gravidade destas medidas de Bolsonaro e Ernesto Araújo e a necessidade de protestarmos com veemência contra elas.
O governo de Nicolás Maduro, goste-se dele ou não, foi eleito de forma legítima. Ele é o presidente de fato e por direito da República Bolivariana da Venezuela. Portanto, quem deve indicar o corpo diplomático venezuelano é seu governo legal e legítimo. O Brasil deveria respeitar de forma unilateral a soberania do país vizinho.
Mas, ao contrário disso, o governo do neofascista Bolsonaro resolve atuar como agente direto do imperialismo estadunidense, buscando tirar do povo venezuelano o direito de decidir sobre o seu futuro.
Não é coincidência que neste sábado, dia 7 de março, Bolsonaro visitará novamente Trump, em sua mansão particular na Florida. E, adivinhe qual e um dos principais assuntos da reunião? Mais uma vez, como seguir intervindo ilegalmente contra a soberania venezuelana.
Por isso, Bolsonaro vem patrocinando toda e quaisquer medidas contra a Venezuela e seu povo. Atuando sempre sob as ordens de Trump e em conjunto com o governo reacionário da Colômbia, e outros governos capachos dos EUA na região, organizados no famigerado Grupo de Lima.
Para se ter uma ideia do absurdo, no final de dezembro do ano passado, o governo Bolsonaro chegou a dar guarita a agentes terroristas da extrema direita venezuelana, que fizeram um assalto a um quartel das forças armadas bolivarianas, próximo à fronteira do Brasil, para roubar armas.
Os ataques a Venezuela não se devem a uma suposta defesa da democracia, isso é apenas uma desculpa hipócrita de Trump, Bolsonaro, Duque e seus asseclas.
Mais uma vez, não se trata de apoiar politicamente o governo Maduro. Mas, é urgente reconhecer que, na verdade, o que quer o imperialismo estadunidense, a direita e a extrema direita é acabar com a possibilidade de seguir existindo um país na América Latina que ousou levantar a cabeça, desafiando os ditames dos EUA.
Seguindo o exemplo de novembro do ano passado, quando a esquerda e os movimentos sociais brasileiros impediram a invasão da Embaixada da Venezuela em Brasília, precisamos reagir mais uma vez. Organizando manifestações e todo tipo de atividades de protestos que demonstre que no Brasil existem aquelas e aqueles que respeitam a Soberania da Venezuela.
Fora Trump da América Latina.
Bolsonaro tire as mãos da Venezuela
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