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EDITORIAL

Juntar forças para derrotar esse governo de parasitas

Editorial de 11 de fevereiro de 2020
André Azem

O ministro Paulo Guedes teve a ousadia de chamar os servidores públicos de parasitas. A frase foi recebida como uma declaração de guerra pelos servidores e por seus familiares. Ainda mais vindo de um banqueiro, que fez fortuna com especulação financeira, se enriquecendo em cima de pessoas trabalhadoras. Um verdadeiro sanguessuga.

A verdade é que estamos governados por parasitas, que esforçam-se para sugar todas as riquezas do País, do petróleo às pessoas. Destroem o patrimônio e os serviços públicos e o que existia de direitos sociais e trabalhistas, atacam o meio ambiente e os direitos e terras dos povos indígenas. Esse plano de destruição vem avançando em perfeita sintonia com o aumento da escalada autoritária, da violência policial e do racismo, de relações com milicianos e de ameaças abertas às liberdades democráticas, do crescimento do neofascismo.

Os servidores são apontados como inimigos não apenas por Guedes e Bolsonaro, mas também por Maia e por quase toda a imprensa. A prioridade de todos é aprovar neste início de ano o Plano Mais Brasil (PEC Emergencial, PEC dos Fundos, PEC do Pacto Federativo) e a Reforma Administrativa. Estas medidas visam aprofundar o ajuste neoliberal, ou seja, reduzir as despesas do Estado com salários, com os serviços públicos, cortar direitos e aumentar o repasse de verba pública para os bancos. Trata-se de um pacote de maldades contra o povo brasileiro sem precedentes em nossa história. Governadores da oposição, incluindo do PT, repetem o discurso de austeridade e aplicam reformas da Previdência iguais a que passou na Câmara federal.

A PEC Emergencial, por exemplo, pretende autorizar a redução de salários dos servidores públicos em até 25%. Irá provocar um caos nos serviços públicos como o que hoje vive o INSS, com enormes filas e uma longa espera para a aposentadoria, provocada pela asfixia do órgão, e pela proibição de concursos.

Paralelamente a esse pacote, Paulo Guedes segue com seu plano de privatizações de nossas empresas públicas, como Correios, Eletrobrás e as refinarias da Petrobrás. Nossas empresas – e até nossos dados pessoais – são vendidas ao capital estrangeiro, enquanto os trabalhadores amargam demissões, terceirização e acidentes de trabalho.

Nos estados, os governadores vendem o que podem. O caso mais grave é o do Rio de Janeiro, onde Witzel sucateia a Cedae, condena a população (em especial os moradores de comunidades, como as do Complexo da Maré) a receberem água poluída na torneira, para em seguida, lançar uma campanha pela privatização da empresa. Um exemplo de até onde os governos podem ir para garantir os interesses do mercado.

Não há limites para os parasitas. Bolsonaro enviou ao Congresso um Projeto de Lei que permite a exploração mineral em Terras Indígenas, que são territórios protegidos por lei e de fundamental importância para a preservação do meio ambiente e a garantia da existência física e cultural das populações indígenas. A consequência da exploração econômica em Terras Indígenas será o agravamento do aquecimento global com a perda de florestas, a morte irreparável de grande parte da biodiversidade ainda preservada, a contaminação das águas e solos, além do genocídio e etnocídio dos povos originários.

Tudo isso pra manter os privilégios e super lucros de um punhado de capitalistas, políticos e da alta cúpula do judiciário e das forças armadas. Para esse punhado de pilantras não há crise, não há desemprego, não há censura e nem violência policial.

Derrotar a mercantilização da vida

O capitalismo, neste atual momento de crise mundial da economia, cada vez mais oferece nada além da necropolítica, a política de morte. Negam o emprego, para que jovens e idosos enriqueçam os aplicativos de comida, negam a saúde, a aposentadoria, o transporte, a moradia e até a água. Tudo vira negócio, se transforma em serviços, nas mãos dos senhores do mercado e deste governo entreguista.

Esse modelo neoliberal, de mercantilização da vida, foi aplicado a fundo no Chile e agora o povo e a juventude daquele país estão virando o jogo, mostrando que não suportam mais este modelo. É preciso inspirar-se nessa luta e impedir a completa destruição de nossos direitos pelo governo Bolsonaro.

Somos todos petroleiros

É necessário organizar uma forte resistência nas ruas. Para isso, é fundamental o apoio e a solidariedade às greves que estão acontecendo, como a da Petrobrás, da Dataprev e da Casa da Moeda. Em especial a luta dos petroleiros, que se ampliou e precisa de toda a solidariedade para vencer. A unidade é o caminho para ampliarmos a resistência. Eles têm medo que o Brasil vire o Chile ou a França. Precisamos fazer o medo mudar de lado.

No mês de março, haverá três importantes dias de luta: 8 (dia internacional de luta da mulher), 14 (Dois anos do assassinato de Marielle e Anderson) e 18 de março (dia nacional de lutas, greves e paralisações), uma extraordinária oportunidade para unificar as lutas e pautas de todas e todos que estão sofrendo com a política deste governo de viés neofascista.

Mas para isso precisamos de muita união e disposição de luta de nossa classe, dos sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de oposição para barrar os ataques. É possível virar o jogo e derrotar o governo nas ruas.