A improvável trincheira da esquerda socialista na televisão carioca
Publicado em: 13 de outubro de 2016
Por: Pedro Silveira, do Rio de Janeiro, RJ
A fragmentação das candidaturas da direita, a duradoura aliança entre o desgastado campo petista e o PMDB, um candidato da situação rechaçado pelas agressões à ex-esposa. São vários os fatores que explicam a ida de Marcelo Freixo ao segundo turno, de longe a maior vitória eleitoral da esquerda socialista nessas eleições. Mas, nenhum foi tão determinante para essa vitória quanto as milhares de pessoas que lotaram comícios e organizaram comitês de campanha nos quatro cantos da cidade.
“Sem aliança vendida em troca de tempo de televisão”, diz o jingle que não pôde ser incluído nos 11 segundos de campanha. Sem doação de grandes empresários. Foi desse jeito que Marcelo Freixo chegou no segundo turno. E essa vitória, em tempos de golpe parlamentar, nas primeiras eleições após a contrarreforma política, abriu um canal de diálogo ímpar para Marcelo Freixo e o PSOL. Nesse segundo turno, Freixo terá o mesmo tempo de televisão que Marcelo Crivella, duas inserções de dez minutos, ou 54 vezes o tempo disponível no primeiro turno.
Nesta segunda-feira (10), foi ao ar o primeiro programa eleitoral. Este contou com imagens do comício da ida ao segundo turno do domingo das eleições (2), uma biografia do candidato com ênfase no combate às milícias, a exaltação da política enquanto instrumento de transformação social, a apresentação de intelectuais que governariam com o Freixo e ainda sobrou tempo para o jingle. Na parte destinada às propostas concretas, o programa ficou aquém do esperado, apresentando apenas pautas abstratas como “saúde com dignidade”, “escola com qualidade” e “transporte mais barato e mais eficiente”.
Felizmente, essa questão melhorou sensivelmente já no segundo programa veiculado na terça-feira (11), no qual claramente se avança da pauta abstrata de melhoria dos serviços públicos para propostas que possam de fato concretizá-la: o fim da dupla função para motoristas de ônibus, reorganização das linhas de ônibus em diálogo com os usuários, plano de cargos e salários para os profissionais da saúde, entre outras propostas. No programa eleitoral, Freixo defende os direitos das mulheres, dos aposentados, dos garis da cidade, a escola como lugar de pensamento crítico e afirma que, caso eleito, “essa não vai ser uma cidade em que empresário de ônibus vai fazer o que quer”.
Nesta quarta-feira (12), o programa deu um salto qualitativo no enfrentamento a Crivella, denunciando a aliança com Garotinho e a recusa em participar dos debates. Outro grande acerto foi o eixo do programa ter sido a defesa da liberdade religiosa, um princípio fundamental que não podemos abrir mão. As possibilidades e perspectivas abertas com esse canal de comunicação trazem a esperança de uma vitória no segundo turno mais do que possível, necessária.
Para os que reivindicam a estratégia da revolução socialista, certamente o programa de governo de Marcelo Freixo e Luciana Boiteux apresentará inevitáveis limitações, que precisam ser debatidas fraternalmente com todos que buscam uma alternativa política à direita golpista e ao campo petista. Mas, por hora, o debate é outro. Precisamos agarrar essa oportunidade ímpar do segundo turno e o que ele proporciona na televisão e fortalecer o nosso campo, fortalecer a Frente de Esquerda Socialista e transformar o Rio de Janeiro em uma grande trincheira contra o governo Temer.
Assista aos programas eleitorais do Freixo
10/10
11/10
12/10
Disponível na página do Marcelo Freixo no Facebook
Foto: Reprodução
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