Camilo Santana (PT) dividirá o governo com o PSDB
Publicado em: 12 de janeiro de 2017
Por: Nericilda Rocha, Fortaleza, CE
Após dois anos de gestão, o governador cearense Camilo Santana (PT), decidiu assumir de vez o modelo econômico dos golpistas do PSDB e PMDB, e não satisfeito, decidiu incorporar o tucanato no seu governo.
Camilo já havia sinalizado nessa direção, quando em dezembro, impôs no estado a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n° 03/2016, que congela os gastos públicos por 10 anos, incentiva as privatizações e aumenta e eleva a contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%.
Mas agora ele se superou. Camilo criou uma “supersecretaria” de Planejamento e nomeou ontem, 11 de janeiro, Maia Júnior para comanda-la.
Maia Júnior é um dos maiores quadros do PSDB, filiado há mais de 20 anos à sigla, ex-vice-governador na gestão do tucano Lucio Alcântara e homem de confiança de Tasso Jereissati.
Mas o que explica um quadro do PSDB coordenar as políticas de um governo do PT?
O argumento apresentado pelo próprio Camilo Santana foi a necessidade de “melhores técnicos” para maior agilidade de sua gestão. Entretanto, em época de cortes e concessões de órgãos públicos com maior voracidade para atender ainda mais os interesses do capital internacional e seus sócios nacionais, Camilo necessita de um tucano para ajudá-lo a aplicar a PEC 55 do governo federal.
Afinal, a PEC estadual 03/2016 só se diferencia da federal no que diz respeito ao tempo. A primeira tem duração de 20 anos e a do Camilo, 10 anos. Maia é o homem escolhido para acelerar a PEC estadual, ou seja, avançar nas privatizações do que ainda resta no estado e principalmente nas Parcerias Público e Privado – PPP’s e nos ataques aos trabalhadores e à juventude.
Uma curiosidade que o governo petista, agora atucanado, suscita, é qual será a reação da militância petista? Ainda a pouco, estes estavam lutando contra os golpistas do PSDB, PMDB, DEM e Cia, estiveram nas ocupações contra a PEC do fim do mundo e agora veem Camilo dividir o governo com o PSDB.
Esta não é a única ocasião em que o PT abandona o “combate” aos golpistas
Nas eleições municipais o Partido dos Trabalhadores se aliou com PMDB e outros em vários municípios. Agora na eleição do Senado apoiando o também golpista cearense Eunicio Oliveira que foi o relator da PEC.
Fatos que parecem demonstrar que não há interesse realmente em derrotar o maldito ajuste fiscal e os golpistas que o aplicam. Coloca-se então o desafio de como lutar consequentemente para derrotá-los.
Outra curiosidade é o silêncio de Ciro Gomes e seu clã. Tão assíduo nas redes sociais e geralmente com opinião sobre tudo, e corretamente, sempre criticando os golpistas, Ciro até o momento é puro silêncio.
Seu irmão Lúcio Gomes que estava ameaçado de ser demitido do governo segundo informações divulgadas pela imprensa, terminou sendo transferido da Secretaria das Cidades para a de Infraestrutura. O fato é que o PT e o PDT de Ciro, agora dividem o governo com o PSDB.
Para a esquerda socialista do Ceará, seus militantes e apoiadores, fica cada vez mais nítido a necessidade da unidade na luta para derrotar os ataques que serão acelerados a partir de agora com o governo petista atucanado.
Mas é preciso mais, necessitamos ir construindo uma alternativa ao PSDB do Tasso, ao PMDB do Eunício e ao PT que flerta com os dois. Precisamos uma frente de esquerda com a FPSM, com a militância do PT que se disponha a construir uma alternativa, com o PSOL, MAIS, PSTU, PCB, enfim, uma frente socialista que possa ser uma referência aos trabalhadores e à juventude.
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