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MOVIMENTO

O protagonismo das mulheres da educação frente à greve no estado do Amapá

Alinne Brito*, de Macapá, AP

As trabalhadoras da Educação do Estado do Amapá são exemplo de que “ninguém solta a mão de ninguém”. Vestidas de bravura enfrentam o governo de Waldez Góes (PDT), que se recusa a ouvir e negociar. São 33% os servidores da educação do Estado, em sua maioria de mulheres e que historicamente já sofrem com o sistema capitalista que as explora intermitentemente, portanto sentem todas as mazelas do mesmo, como o machismo estrutural. Enquanto o conjunto do movimento luta pela garantia e manutenção de direitos, ainda acumulamos a luta por nossas vidas, que ao longo de gerações tem sido roubada.

A cena nacional com Bolsonaro tem refletido na Amapaense, que é cercada de uma atmosfera conspiratória para as mulheres, liderando o índice de desemprego 20,2% e com a pior cobertura de creches do país, com estatística assustadora sobre o mapa da violência. Em menos de três meses, foram registrados mais de 1,4 mil boletins de ocorrência na delegacia de crimes à mulher no corrente ano de 2019. Seguimos pintadas de coragem, pois sabemos que a conjuntura nunca foi favorável e, por isso, não esperamos, fazemos acontecer.

As cobranças continuam após 15 dias de greve, pedindo abertura de mesa de negociação, pela reposição das perdas salariais, que reúnem 55,6%. Em assembleia, se deliberou que a greve continua, mesmo após determinação da justiça que, de forma parcial e impositiva, ordenou retorno aos postos de trabalho, criminalizou o movimento paredista e sobre a dura oferta de 0% do governo.

Nossos esforços são tamanhos contra a implementação da multa sindical estimada de 300 mil por dia, somando cerca de R$ 4 milhões e 500 mil, pelo desbloqueio das contas do sindicato. Sem finanças, a luta também fica difícil contra o pedido de prisão dos dirigentes do sindicato e em defesa da valorização das educadoras e dos educadores.

Agora, também somam a luta para que os descontos promovidos pelo governador e suas secretarias de estado da educação e administração sejam devolvidos para os bolsos das trabalhadoras, que cumprem o papel de provedoras de seus lares. O governo cortou o salário sem critério algum, causando mais dor em companheiras adoentadas e nos leitos de hospitais, Mesmo as que estavam com licença médica, os descontos variam de R$ 700 a R$ 1.500 reais, que são retirados da boca dos filhos e filhas dessas mulheres lutadoras. Sabemos que o ataque originário do governo é coibir o livre direito à manifestação para parar a luta, mas reafirmamos que lutar não é crime.

Nós, mulheres da Educação, somos a resistência dos que sonham e lutam. Nem Bolsonaro e nem Waldez podem parar a Primavera Feminista. A greve continua! Waldez, 0% não! Respeite a Educação.

*Dirigente sindical do SINSEPEAP

 

 

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