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Negacionismo climático e educação nao combinam
Como o calor afeta a educação na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul
Publicado em: 10 de fevereiro de 2025
Segundo a secretária de educação do RS, Raquel Teixeira, em entrevista a um programa de rádio, ela foi surpreendida pela judicialização e liminar que obrigou a adiar o retorno das atividades escolares com os estudantes em meio a uma onda de calor brutal, com temperaturas nos termômetros acima dos 40°C e sensação térmica passando de 50°C.
Surpreendida porque o sindicato (CPERS) reagiu a um grande “não” dado pelo governo Eduardo Leite na semana passada, quando houve uma reunião e um pedido de adiamento. O principal argumento da secretária é que foram investidos mais de R$1 milhão em melhorias para o início do ano letivo. O governo joga esses dados financeiros que parecem grandiosos – e são muito mais do que a maioria de nós vai ganhar em uma vida de trabalho duro. Contudo em cifras sob as quais o Estado trabalha é muito pouco. Esse valor dividido por cerca de 2300 escolas dá pouco mais de R$400 por unidade escolar (eu achei que tinha errado a conta, mas o DeepSeek confirmou). O que, na lógica superfaturada dos serviços que são ofertados pelas grandes máfias da consulta de preços que se apropriam do dinheiro público, deve dar pra comprar, talvez, um ventilador. E isso não significa que todas as escolas tenham recebido algum investimento. Ainda conforme a secretária, há mais de 600 escolas (25%) com ar condicionado. Ou seja, para Raquel Teixeira, 75% dos estudantes e trabalhadores da educação estarem com uns ventiladores numa sala com mais 30 pessoas é tranquilo, visto que os outros 25% estão – supostamente – em salas com ar condicionado. A secretária esquece que é preciso chegar e sair na escola (muitas vezes a pé para os estudantes), em horários de sol a pino, pegar ônibus sem ar condicionado, esperar esse ônibus. A secretária negligencia o contexto da educação.
E qual a proposta do governo frente a essa situação? Hidratem-se! Hidratem-se com a água morna dos bebedouros. E claro, ele está recorrendo da liminar para garantir o início das aulas. Mesmo depois das tragédias que afetaram o RS nos últimos 18 meses (três grandes enchentes consecutivas: setembro de 2023, janeiro e maio de 2024), com a seca recorde que aflige esse ano, que secou até poços artesianos no centro-sul gaúcho, da iminente perda de boa parte da produção agrícola do RS, da redução da produtividade agropecuária – todas socorridas pelo governo – o negacionismo climático institucional continua impondo a “normalidade” aos trabalhadores em geral. É preciso suspender todos os serviços não essenciais como escolas, asfaltamento, capina; alterar horários de outros, como coleta de lixo, fornecer EPI, medidas que mitiguem os efeitos dessa crise que parece (e segundo os cientistas, já é) irreversível. É preciso, sobretudo, enfrentar o negacionismo climático, enfrentar a realidade e derrotar governos que a negam.
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