O significado do dia 21 de março, na luta contra o racismo

Sandra Vaz

O dia 21 de março foi instituído como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória ao Massacre de Sharpeville. Tratava-se de uma manifestação realizada no dia 21 de março de 1960, em Joanesburgo – África do Sul, contra a Lei do Passe. Em pleno regime de apartheid, essa lei obrigava a população negra a portar um cartão contendo os locais em que poderiam circular. Embora pacífica, a manifestação foi alvo da violência policial, que abriu fogo contra a multidão e deixou 186 pessoas feridas e 69 mortas.

Apesar da ONU cumprir um papel contraditório, a instituição de uma data como a de hoje, tem um papel fundamental de mobilização e luta contra a discriminação racial. Afinal, o racismo como uma construção sócio – histórica se re-significa com ainda mais força, em contextos de crise do capital, e como consequência, situações de preconceito e discriminação racial nas relações sociais e institucionais. Casos de xenofobia, hostilidades, violência, encarceramento, feminicídio, violação de direitos sociais e muitos outros são expressivos na atualidade.

No Brasil, apesar de oficialmente não ter sido instituído um regime de apartheid, o racismo fundamentou a nossa história, mas, atualmente, é silenciado pelo “mito da democracia racial”, que nega a sua existência com a justificativa de sermos um único povo, o povo brasileiro, uma única nação e iguais enquanto “filhos de Deus” – como revela o discurso Bolsonaro.

Mas, é no cotidiano que vemos a desigualdade racial e as situações de discriminação racial acontecerem, quando corpos negros estatisticamente são as maiores vítimas do Estado, seja nas mãos da polícia – pelo assassinato ou pelo encarceramento em massa -, na saúde pública, no desemprego, baixos salários e segregação territorial, que dificulta o acesso ao trabalho, educação e cultura ao passo de setores privilegiados, que se apropriam do acesso e riqueza socialmente produzida.

Por isso, é muito importante nos somarmos às mobilizações contra a discriminação racial, e lutarmos cotidianamente por sua eliminação, pelo fim do racismo, machismo, misoginia, LGBTfobia, contra o capitalismo e todas as formas de opressões que sustentam essa sociabilidade. É preciso manter viva a memória, contra o silenciamento, que historicamente, vitimaram corpos negros. Não esqueçamos das vítimas de Sharperville, do massacre do Carandiru, de Cláudia Silva Ferreira, Rafael Braga, Marielle Franco e tantas outras pessoas que foram vítimas do e discriminação racial, além daquelas que lutam, resistem re-existem todos os dias.

 

Na cidade do Rio de Janeiro, haverá uma marcha organizada pela campanha “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo”, com concentração às 16h no Museu do Amanhã.
Para maiores informações, acesse:

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