Petroleiros pararam no Dia Nacional de Lutas contra Reforma da Previdência
Publicado em: 20 de fevereiro de 2018
Por: João Gabriel Almeida, do ABC paulista

O dia 19 começou com greves, paralisações e atos nas unidades operacionais da Petrobras. E não é por menos. Para além da luta nacional contra a reforma da Previdência, os petroleiros estão sendo ameaçados com privatizações, aumento da insegurança e o sucateamento das plantas.
Neste dia 19, as bases dos sindicatos do Litoral Paulista, São Paulo, São José dos Campos, Bahia e Norte Fluminense, Paraná e Santa Catarina realizaram greve ou atrasos. Nas demais bases, atos unificados com os petroleiros terceirizados marcaram o dia. Tanto as bases da Federação Única dos Petroleiros (FUP), quanto as da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) tinham aprovados estado de greve desde o fim das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho que se findaram em dezembro para as dezessete bases da FUP e em janeiro para quase todos os cinco sindicatos da FNP.
A parada da RLAM e a política de desmonte do refino
A política de sucateamento, aumento da insegurança, não reposição de efetivo dispensado nos últimos anos e a política de preços dos combustíveis inaugurada em outubro de 2016 alcançou o seu ápice com o anúncio da parada de produção da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) em Mataripe, na Bahia. A RLAM é a refinaria mais antiga do país, fundada em 1950 e anexada quando da criação da Petrobras em 1953. É a segunda maior refinaria do Brasil em capacidade de processamento, com capacidade instalada para o refino de 53 mil metros cúbicos de petróleo por dia.
Essa parada de produção não foi confirmada oficialmente pela Petrobras, mas consta em relatórios preliminares da empresa, segundo fontes relataram a revista IstoÉ, e foi confirmada pelo Sindipetro BA. Segundo informações do diretor sindical David Bacelar a Reuters, não há mais tanques para estocagem de diesel na refinaria. A política de preços da Petrobras de equiparação com o mercado internacional é uma das principais responsáveis por essa situação em específico e a subutilização do parque de refino em geral, que está com o menor nível de produção desde de 2010. O volume de importação cresceu 25% no ano passado a partir de uma clara política de diminuição do marketshare da empresa com anúncios sucessivos de aumento de preço do combustível devido a forte valorização do preço do petróleo no mercado internacional, que, no caso do Brasil, entra em choque com os recordes na extração de Petróleo do pré-sal e a composição de 95% desse tipo na operação das refinarias, o que deixa claro que a política é uma escolha, não uma necessidade no Brasil.
Outro claro apontamento feito com essa intervenção na RLAM é a intenção da Petrobras de privatizar aquele ativo. Só no ano passado, a RLAM esteve envolvida em duas negociações vazadas pela imprensa e não concluídas: a primeira em maio, com a possibilidade de venda de 70% em conjunto com outra refinaria, e a segunda em novembro, quando seria oferecida em um pacote com outros seis ativos de processamento de petróleo. As sucessivas denúncias dos sindicatos de petroleiros sobre a manutenção deficiente, a não recomposição de efetivo e o sub-aproveitamento das plantas, são estratégias da direção da empresa para diminuir o valor desses ativos para a venda. O caso da RLAM está no horizonte de muitos outras unidades operacionais da empresa.
A Greve Geral e a resistência dos trabalhadores

As maiores centrais sindicais tiveram grande responsabilidade tanto em momentos de ascensão, quanto de derrocadas das mobilizações. Ficou clara a política vacilante quando do cancelamento da greve geral marcada para o dia 5 de dezembro de 2017, quando a Central Única dos trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) assinaram nota em conjunto repercutindo a desistência do governo Temer em colocar a pauta em votação. Isso aconteceu à revelia de outras centrais minoritárias naquela unidade, como a Central Sindical e Popular Conlutas, as Intersindicais e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores.
Esse momento de radicalização pode causar bons desdobramentos locais na categoria de petroleiros. Para além de um enfraquecimento da figura política do governo, a experiência e consciência dos trabalhadores nas consequências de suas mobilizações pode ser determinante para o desmantelamento da política privatista e lobista do Temer, implementada na Petrobras pelo seu presidente, Pedro Parente.
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