Após um importante dia de luta convocado pelas centrais sindicais no dia do anúncio da versão final da Reforma da previdência do governo (20/02), as direções das centrais sindicais brasileiras definiram, na última terça-feira (26), a continuidade do calendário unitário de luta contra os ataques à aposentadoria e à seguridade social contidos no que Bolsonaro e sua equipe estão chamando de a “Nova Previdência”.
A reunião debateu os estudos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre os impactos das novas regras contidas na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6 da Reforma da Previdência sobre as aposentadorias, pensões, benefícios de prestação continuada e demais direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988 no capítulo sobre a Seguridade Social e seus impactos sobre a população trabalhadora e os mais pobres, com especial destaque para as mulheres e a população negra, que são maioria no país e se encontram nos postos de trabalho mais precários e com menor remuneração e que, consequentemente, sentirão com mais força as restrições nos direitos sociais que o governo pretende estabelecer com a aprovação da mudança constitucional.
Com a PEC 6 a maioria da classe trabalhadora terá dificuldades para acessar a aposentadoria e, quando fizer, terá o valor do benefício reduzido. Ou seja, se essa PEC for aprovada no Congresso Nacional, a “nova previdência” significará trabalhar mais, receber menos ou morrer trabalhando.
RICHARD ARAÚJO, DA APEOESP E DA CSP-CONLUTAS
Diante da profundidade dos ataques e da propaganda da classe dominante e da grande imprensa na defesa da PEC e das drásticas mudanças na Previdência Social que o governo quer impor, operativo que visa reverter a oposição popular aos retrocessos nos direitos sociais que significa essa proposta, as centrais sindicais definiram um calendário e uma série de iniciativas de comunicação para se contrapor a essa campanha maldosa do governo e dos empresários. O ponto alto do calendário será o Dia de Mobilização Nacional contra a reforma da previdência, convocado para o próximo 22 de março.
O calendário de luta definido pelas centrais incorporou a construção dos atos no 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, que cumprirão o papel de um momento importante de enfrentamento contra os retrocessos aos direitos das mulheres que marcam o governo Bolsonaro e que são um dos principais alvos das mudanças nas regras para a aposentadoria, desconsiderando o fato de que as mulheres trabalhadoras, devido à estrutura machista e patriarcal do capitalismo, sofrem uma dupla exploração, que em média significa uma jornada de trabalho semanal não remunerado de 40 horas dedicada às tarefas domésticas.
Foi também definida a construção de uma forte campanha através das redes sociais a ser construída unitariamente entre as centrais, movimentos sociais e os veículos de mídia alternativa para fazer frente aos fake news do governo, que marcou a campanha eleitoral do presidente com um forte esquema através do facebook e whatsapp e que, agora, será mobilizado na defesa da “Nova Previdência”, para desmascarar as reais intenções da Reforma do governo Bolsonaro e desmentir seus discurso de que as mudanças enfrentarão os privilégios quando, na verdade, retirarão direitos, que, inclusive, atingirão uma parte gigantesca de seu eleitorado, majoritariamente composto pelos setores mais precarizados do proletariado brasileiro.
Apesar das importantes iniciativas definidas no Fórum das Centrais, o determinante nestas próximas semanas é que a construção do calendário se apoie no trabalho persistente e cotidiano nos locais de trabalho, moradia e estudo para disputar os corações e mentes de cada trabalhador e trabalhadora para a luta contra este ataque. Os setores do sindicalismo combativo e a esquerda socialista têm a tarefa de construir em cada escola, universidade, fábrica, banco, canteiro de obras uma forte campanha de explicação das consequências da Reforma para todo povo trabalhador e pobre e impulsionar a construção de espaços unitários desde a base, para construir a mobilização e as iniciativas de conscientização do conjunto da classe trabalhadora brasileira, inclusive na juventude, que é a próxima geração de nosso proletariado.
Agora é a hora de demonstrar que o que nos une são interesses comuns de defender nossos direitos e condições de vida, nossos interesses de classe, independentemente de qual candidato nossos companheiros e companheiras de trabalho escolheram, por mais equivocada que tenha sido essa escolha em nossa opinião.
Precisamos lutar e exigir que as direções sindicais façam uma construção consequente das iniciativas aprovadas no fórum das centrais, que avancem na construção da frente nacional de mobilização entre as centrais, movimentos sociais e a juventude para a luta em defesa de nossos direitos e para que o dia 22 cumpra o papel de ser um passo importante rumo à construção de uma greve geral no país que tenha força para derrotar nas ruas os ataques que o governo Bolsonaro está fazendo. Mãos à obra!
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