Queda de Parente é uma vitória para os petroleiros e pode abrir crise no projeto de privatização da Petrobras
Publicado em: 4 de junho de 2018
Ainda como reflexo do movimento de caminhoneiros que parou o país e da greve de advertência dos petroleiros contra a privatização, homem de confiança do governo Temer na Petrobras, Pedro Parente, não é mais presidente da empresa. Após o anúncio de demissão, na sexta-feira (01/06), antes mesmo do fechamento do mercado de ações, os papéis da companhia despencaram. No mesmo dia, o Palácio do Planalto anunciou Ivan Monteiro, diretor financeiro e de relações com investidores, como substituto interino.
Parente era a peça predileta do mercado para estar à frente da privatização das refinarias e dos ativos logísticos do Sul e Nordeste: Refap (Rio Grande do Sul), Repar (Paraná), Rlam (Bahia) e Rnest (Pernambuco), além dos dutos e terminais administrados pela Transpetro.
A política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha pareados aos valores internacionais do petróleo, uma das principais exigências do capital privado para a compra dos ativos que estão à venda, foi, na prática, colocada em cheque pela mobilização dos caminhoneiros. Por sua vez, os petroleiros, ao anteciparem a greve de advertência em apoio ao movimento, também atuaram de forma decisiva, colocando em pauta não apenas a redução de impostos, exigência dos caminhoneiros, mas também o fim da política de preços que atende, unicamente, aos acionistas privados da Petrobras e ao capital internacional.
Substituto de Parente é cartada para salvar projeto de privatização
Procurando agir rápido e para indicar um nome palatável ao mercado, o Conselho da companhia nomeou Ivan Monteiro, membro da diretoria da empresa, como presidente interino. O executivo chegou à Petrobras em 2015 pelas mãos do então presidente, Aldemir Bendine, indicado por Dilma Rousseff. Durante a gestão de Parente, Monteiro era considerado seu braço direito.
Com Ivan Monteiro, o governo pretende dar o recado de que não desistiu de privatizar o refino no Sul e Nordeste. Porém, hoje parece improvável que a política de preços não seja revista com o objetivo de, segundo os analistas do mercado, “dar previsibilidade” aos reajustes dos combustíveis e do gás de cozinha.
Luta dos petroleiros será decisiva para barrar venda de ativos

Ainda que o capital internacional esteja desconfiado do governo Temer, que já demonstrou sua fraqueza diante do movimento dos caminhoneiros, a luta da categoria petroleira será decisiva para evitar a privatização da Petrobras.
Os petroleiros, que já protagonizaram greves vitoriosas e mobilizações históricas, precisam ser apoiados pelos movimentos sociais, partidos de esquerda, Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular.
A próxima quinta-feira (07/06) precisa ser construída como um Dia Nacional de Mobilização, preparando um Dia Nacional de Paralisações contra a política de reajustes de preços dos combustíveis e do gás de cozinha que privilegia o mercado e não o abastecimento do país, e contra a privatização da Petrobras.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
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