É sempre um conforto saber que, apesar dos tempos sombrios que assolam nossa realidade, a luta daqueles que não se acomodam diante das injustiças do sistema tem prosseguido em muitas áreas. No campo da educação, a situação não é diferente. A administração pública da cidade de São Paulo, por exemplo, sob o recente comando do prefeito Bruno Covas (PSDB), já demonstra problemas graves – que constituem inclusive um atentado ao bom funcionamento da democracia. Isso porque o prefeito, do alto de suas estranhas prioridades, recusa-se a dialogar com os servidores, batendo repetidamente na mesma tecla da incoerência antidemocrática: “cuido apenas do que é importante para a cidade”, como se os servidores não fossem parte vital para o bom funcionamento do município – e como se o diálogo não fosse um dos pilares de uma democracia, a mesma que o elegeu como vice de João Doria (PSDB).
Cansados de tais desmandos, os profissionais da educação, com destaque para o corpo docente, repudiam as medidas austeras tomadas pelo atual (des)governo, uma vez que muitas delas, além de precarizarem, em várias esferas, a vida na cidade, prejudicam a vida do servidor e, inclusive, comprometem, a longo prazo, o aprendizado dos alunos, os quais – sabe-se bem – não são satisfatoriamente atendidos por várias escolas que enfrentam problemas estruturais (como a constante desmotivação do corpo docente).
Nesse viés, é notável que a rede municipal de ensino enfrenta, na atualidade, um dos mais duros golpes já sofridos: a aprovação do Sampaprev. Tal medida, em tese, consiste na reforma da Previdência dos professores e demais servidores municipais com a finalidade de equilibrar as contas do município. No entanto, sabe-se que, mais uma vez, o que se pretende é isentar grandes empresas de suas dívidas com o município, ao mesmo tempo em que os servidores sofrem com o confisco de seus salários e com ajustes em sua aposentadoria.
Nessa perspectiva, cansados do constante descaso quanto às condições oferecidas para a realização de suas funções e também dos salários injustos, os servidores municipais da capital mais rica do país decidiram por paralisação e greve devido, principalmente, ao “ajuste” da contribuição previdenciária, que subirá de 11% para 14% a partir do mês de abril. Trata-se de uma paralisação extremamente importante, já que o que se propôs não se configura como um ajuste necessário, mas como um absurdo confisco salarial.
Assim, contando com uma maioria de professores do município, uma multidão de servidores da cidade foi à luta na última segunda-feira (04) e também nesta quinta-feira (07) com a intenção de anular a aprovação do Sampaprev (Lei 17.020/18). A votação em assembleia decidiu pela permanência da greve até dia 13/02, às 14h, quando haverá outro ato a ser realizado em frente à Prefeitura de São Paulo, na região central da cidade.
Lutar contra os desmandos é preciso, é importante e é urgente. Confiscar, não!
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