Aos 79 anos do assassinato de Leon Trotsky
Publicado em: 21 de agosto de 2019
Colunistas
José Carlos Miranda, colunista do Esquerda Online
José Carlos Miranda
José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.
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José Carlos Miranda, colunista do Esquerda Online
José Carlos Miranda
José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.
Nesta semana, mais precisamente no dia 21 de agosto, completam-se 79 anos do assassinato de Lev Davidovich Bronstein, Leon Trotsky. Sempre que eu penso neste incrível personagem me vem a mente como fui encantado com a história de sua vida e depois veio a curiosidade sobre suas posições políticas, as teorias que desenvolveu, sempre ligada a luta viva, aos desafios concretos cotidianos e estratégicos. E neste descobrimento ao longo de algumas décadas fica fácil entender que forma e conteúdo estão intimamente ligados e que a história pessoal é a história da luta política, portanto da coerência por toda sua vida. A coragem e abnegação só podem ser possíveis quando se tem um grande objetivo, e o objetivo era “assaltar aos céus”.
Se me permitem, assim é mais fácil homenagear esse gigante da luta pela emancipação da humanidade, sem endeusamento, sem adoração, sem dogmas e sem culto a personalidade. Simplesmente como um dos nossos.
Leon Trotsky, entrou em minha vida ainda muito jovem, em 1981, quando tentei ler o livro clássico “Os 10 dias que abalaram o mundo”, sinceridade não entendi quase nada, eram tantos nomes e siglas estranhas, mas eu estava ávido para conhecer a tal Revolução Russa e os comunistas, revelo, não consegui. Como foi um presente de um veterano sindicalista ferroviário, aliás envelopado naquele papel pardo de padaria, não me desfiz do livro ficou na prateleira.
Voltei a ler aquele livro dois anos depois. Neste período já participava ativamente das lutas e dos acontecimentos da luta de classes, participava do grupo da Oposição Ferroviária, fiz campanha para o PT em 1982, participei do I Congresso da CUT, do diretório do PT de Perus, de assembleias do sindicato, estava no Comitê de Luta Pela Diretas, e mais, já tinha lido 3 vezes (para entender…) o manifesto comunista e tinha quase a coleção inteira da célebre série de livros de bolso “Primeiros Passos”.
Bem, para abreviar este testemunho, quando li novamente “Os dez dias que abalaram o mundo” as perguntas vieram, porque tinha tanta nota de rodapé, para explicar que o autor do livro, jornalista John Reed estava errado, equivocado, apressado etc. E muitas, mas muitas mesmo eram as notas para “corrigir” o escritos sobre o tal Leon Trotsky. Assim comecei a perguntar e ler sobre o dirigente, ao lado de Wladimir Ulianov, da Revolução que abalou o mundo.
Claro que a situação ajudava, mais precisamente a posição política de vários setores da esquerda que defendiam Stalin contra Trotsky, mas eram contra o PT (em verdade contra a ideia de um partido “sem patrões”), eram a favor de se aliar com a burguesia que eles chamavam “progressista” (estavam no PMDB), entraram na chapa do Joaquinzão (presidente do sindicato dos metalúrgicos desde 1964 interventor nomeado pela ditadura), eram contra uma central sindical contra a estrutura sindical atrelada ao estado, ficava claro na prática, para mim um jovem operário a diferença entre os “estalinistas” e os “trotsquistas”.
Depois dessa experiência prática cheguei a muitas conclusões, a principal foi que o cara de nome bem estranho [Lev Davidocich Bronstein] a partir dos meus parcos conhecimentos parecia ter razão e eu deveria estudar, compreender, ir a fundo mesmo para saber o porquê das diferenças. E lá se vão 35 anos.
Hoje, várias e as principais análises de Trotsky estão cabalmente comprovadas pelo laboratório da história, sim tem erros também, mas o legado deixado por Leon Trotsky só pode ser comparado com poucas figuras históricas. E aqui faço minha singela homenagem, não só ao seu legado teórico em tantos temas, as análises vivas da luta de classes, mas faço-a olhando o homem, o ser humano que dedicou a vida a causa da humanidade.
Trotsky, testemunhou seus filhos, pais, amores, amigos, camaradas, companheiros serem assassinados, desaparecerem. Viu seu nome se transformar em motivo para a perseguição, prisão, assassinato de milhões na Rússia e de milhares em todo mundo. E mesmo assim se manteve de pé e em luta por suas ideias que por um período foram as ideias do futuro de todos os revolucionários do mundo.
Talvez o “trotquismo” tenha sido ao lado do cristianismo uma das correntes políticas mais perseguidas da história da humanidade. Independentemente do que grupos, partidos e militantes dizem e fazem do legado de Trotsky, independente do apoio ás suas ideias, Leon Trotsky foi um dos heróis e mártires da humanidade na luta contra os grilhões da exploração e da opressão.
O ser humano é um ser muito frágil, pode desaparecer, morrer em uma fração de segundos, mas as ideias, essas são eternas. E as ideias de Trotsky seguem a cada dia mais vivas, porque ainda não chegamos ao tempo em que a humanidade possa desfrutar plenamente da vida.
Leon Trotsky PRESENTE!
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