Nos últimos anos, os trabalhadores enfrentaram uma conjuntura difícil, e o cenário para o ano de 2019 é muito sombrio. Foram muitas lutas na defesa dos direitos e das liberdades democráticas. O Brasil vivenciou um dos piores momentos da história. A presidente Dilma, eleita com mais de 50 milhões de votos, foi retirada do cargo através de um golpe parlamentar apoiado pela mídia, pelo judiciário e pelos partidos antigos aliados do governo de coalizão. Uma nova situação abriu-se no Brasil.
Na verdade, esse processo iniciou-se em 2013, quando houve o levante da juventude, questionando o aumento da tarifa nos preços da passagem de ônibus, em São Paulo, estendendo para outros estados do país, mobilizando centenas de milhares de jovens e depois milhões. No entanto, esse processo não teve a devida atenção do governo à época, sendo capitalizado politicamente por movimentos de direita como o MBL (Movimento Brasil Livre), dentre outros.
Foi neste quadro que a direita soube se oportunizar e iniciar o plano do GOLPE, enterrando a política de conciliação de classe e tendo como meta de forma célere fazer as ditas “reformas estruturantes”, que se resumem em retiradas de direitos históricos dos trabalhadores.
A CUT cumpriu importante papel de articular as mobilizações que envolveram centenas de milhares de trabalhadores a nível nacional, em especial na greve geral de 28 de abril de 2017 e na marcha a Brasília em 24 de maio, mas vacilou no recuo junto com outras centrais sindicais da greve geral marcada para junho. Neste momento, Temer e a maioria reacionária do Congresso retomaram a iniciativa política, aprovando a Reforma Trabalhista, um terrível ataque aos direitos trabalhistas.
Nesta conjuntura, a classe trabalhadora sofreu importantes derrotas dentro do parlamento, que tem a maioria dos seus membros denunciados por corrupção. Todos sabem que a luta continua e tende a ser dura frente ao futuro governo.
Acabamos de vivenciar todo o processo eleitoral brasileiro e sabemos como foi que funcionaram as campanhas eleitorais, sobretudo o uso indiscriminado das redes sociais, com uso de fake news, entre outros mecanismos. A eleição de Jair Bolsonaro não foi uma obra do acaso, ele é produto da política de um setor da burguesia, judiciário e da mídia, que construíram esse projeto de atraso e antidemocrático.
O resultado das urnas expressa um grave ataque aos direitos e liberdades. Lula, líder das pesquisas, até então, foi impedido de participar da eleição. Portanto, simplesmente considerar eleição de Bolsonaro legítima, sem considerar essas condições é um equívoco, pois, ao afirmarmos isto, chancelamos o discurso da direita de que o processo eleitoral foi limpo. Aliás, a cada dia que passa aparecem novas notícias de movimentações ilegais de recursos, como no caso do assessor Queiróz. Além do caso das “fake news”.
A entrevista de Vagner Freitas, presidente da CUT, essa semana, ao Jornal EL-PAÍS, nos deixou preocupados. Ele legitima a eleição do Bolsonaro, colocando que, como parte dos trabalhadores votou no mesmo, a central tem a responsabilidade de representar os mesmos e que, por isso, devemos respeitar o resultado das urnas. Ainda, fez autocrítica sobre uma declaração que ele deu em Curitiba antes da eleição.
Como já dissemos, primeiro a eleição foi marcada por graves ataques às próprias regras “deles”. Carimbar o governo Bolsonaro como legítimo não é papel de uma central sindical. Segundo elemento é que ele já adiantou, junto com seus ministros que vão apresentar ao Congresso Nacional, um conjunto de propostas que desmonta o Estado brasileiro através das privatizações e o primeiro gesto quando assumir é colocar em discussão a Reforma da Previdência.
Assim, a CUT deve, em primeiro lugar, aprofundar e impulsionar a unidade com outras centrais, movimentos sociais e através da mobilização defender os direitos e conquistas. Ampliar a jornada de lutas e diálogo com a classe trabalhadora e todo povo brasileiro, explicando que esses planos que o futuro governo têm apresentado tem o objetivo de explorar ainda mais e é um projeto que beneficia o grande capital nacional e internacional.
Todo sindicalista sabe que para negociar e obter vitórias o primeiro passo é mobilizar, é buscar uma correlação de forças favorável e não começar com o pires na mão. Outra questão, a Previdência Social deve ser inegociável. Depois dos embates do último período, está claro que a prioridade é organizar os trabalhadores e o conjunto do movimento social para resistir frente aos ataques que estão por vir. Procurar formas de “negociar” com Bolsonaro antes do combate pela unidade, mobilização e luta contra as medidas já apresentadas é capitular sem luta. Com certeza não é esse o papel da CUT.
Agora é hora de buscar a unidade do conjunto dos trabalhadores, independente da cor partidária, na linha da frente única, isso é urgente.
A CUT não pode secundarizar o poder das mobilizações dos trabalhadores. Portanto, antes de qualquer “negociação”, vamos construir a unidade urgente em defesa dos direitos e da Previdência Pública Solidária para todos. Esse tema tem que envolver o conjunto dos trabalhadores e não um setor da sociedade. Todos têm que ser consultados e terem explicado, de forma clara, o que significa esse pacote de maldades do Bolsonaro, que é acabar com as aposentadorias dos trabalhadores. Devemos iniciar uma campanha na base, em todos sindicatos, criando comitês unitários, realizando assembleias em todos locais de trabalho.
Mais do que nunca, é preciso ter fé na classe trabalhadora brasileira,que já deu demonstração de sua força. Assim, podemos construir com força um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, como propõe Wagner. É um ótimo caminho para iniciar o ano de 2019, convocando as centrais e sindicatos para construir, desde já, uma pauta unitária com o conjunto dos sindicatos e dos movimentos sociais para defender os direitos democráticos, trabalhistas e sociais.
Em Defesa dos Direitos dos Trabalhistas e dos direitos e liberdades democráticas!
Unidade para lutar e vencer!
– Aurélio Antônio de Medeiros
Presidente do Traquimfar CUT RJ (Sindicato Químicos e Farmacêuticos no Rio de Janeiro)
– Severino Nascimento (Faustão) Diretor
CNRQ CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico)
– Verivaldo Mota (Galo) Secretário de Organização – Sindicato dos Vidreiros do Estado SP CUT.
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