A burguesia derruba Evo: tudo ou nada na América Latina
Publicado em: 10 de novembro de 2019
Mundo
Felipe Demier
Felipe Demier
Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor, entre outros livros, de “O Longo Bonapartismo Brasileiro: um ensaio de interpretação histórica (1930-1964)” (Mauad, 2013) e “Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil” (Mauad, 2017).
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Felipe Demier
Felipe Demier
Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor, entre outros livros, de “O Longo Bonapartismo Brasileiro: um ensaio de interpretação histórica (1930-1964)” (Mauad, 2013) e “Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil” (Mauad, 2017).
As aspirações bonapartistas de Bolsonaro no Brasil, o sempre presente golpismo neofascista na Venezuela, o recrudescimento autoritário dos governos Piñera no Chile e Lenin Moreno no Equador, e o golpe que há pouco derrubou Evo Morales na Bolívia parecem, mais uma vez – e infelizmente, eu diria – confirmar as teses de Trotsky sobre as formações sociais periféricas, teses essas que, depois e com variações, foram esposadas por Florestan, Marini, Ianni, Luis Vitalle, Milcíades Peña, Frondizi e outros intelectuais marxistas latino-americanos.
Assim, em nosso “continente”, cujas veias se encontram mais abertas do que nunca, pode-se dizer que ou se avança rumo ao socialismo, privando a burguesia de todo poder político e econômico, ou esta sempre tentará impor uma dominação politica de teor autocrático e profundamente antipopular. Tal como os golpes e ditaduras militares dos anos 1960 e 1970 puseram fim às experiências populistas e/ou reformistas (varguismo, peronismo, Allende etc.), os atuais golpes e governos reacionários na América Latina parecem tentar dar cabo das tímidas e limitadas tentativas de colaboração social que tiveram lugar nas últimas décadas (lulismo, bolivarianismo etc.).
Depois de aproximadamente trinta anos de existência, até mesmo as assépticas, tecnocráticas e antipopulares democracias blindadas já não parecem ser capazes de garantir a implementação da plataforma ultraneoliberal da classe dominante na atual conjuntura de crise do capital. Se, antes, as nossas classes dominantes nativas mostraram que não estavam dispostas a aceitar reformas estruturais e pactos sociais, agora, elas evidenciam que, para executar novas e agudas contrarreformas, não toleram sequer o combate à pobreza absoluta, as políticas sociais focalizadas e administrações da miséria por meio de concertações sociais, nas quais coexistem tanto o lucro do capital quanto migalhas e parcos direitos do povo.
Novamente, a opção pela força ganha força, mostrando que já não é propriamente uma opção, mas uma necessidade para a manutenção da exploração. Mais uma vez, a América Latina mostra ser o lugar onde a burguesia está disposta a tudo para não ceder nada, e onde os trabalhadores e oprimidos, para não ficarem sem nada, terão que fazer tudo. Aqui, na luta de classes, é tudo ou nada.
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