Seus parasitas, a vida das pessoas não é algo que pode ser negociado

Empresários bolsonaristas Roberto Justus; Hang (dono da Havan) e Durski (dono do Madero) colocam o lucro acima da vida e lançam ofensiva negacionista para evitar quarentena, ainda que morram milhares de pessoas nos grupos de risco e nas favelas


Publicado em: 24 de março de 2020

Brasil

Will Mota, de Belém (PA)

Esquerda Online

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A atual crise econômica que se agrava com a pandemia do Covid 19 está rasgando o véu da hipocrisia, da desumanidade e da brutalidade dos capitalistas brasileiros, particularmente dos burgueses bolsonaristas mais empedernidos. A imprevisibilidade dos impactos da crise que ora se inicia gerou um desespero jamais visto no andar de cima da sociedade a ponto de que muitos empresários estão revelando publicamente o que realmente são.

Roberto Justus, Luciano Hang e Júnior Durski, três milionários e donos de grandes empresas, deram declarações nos últimos dias que fazem coro com o discurso de Jair Bolsonaro ao tratar o novo Coronavírus como uma “gripezinha” e as medidas sanitárias de isolamento e prevenção como “histeria”. O dono da rede restaurantes Madero, Júnior Durski, chegou ao cúmulo de afirmar em vídeo que “O Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil que vão morrer”. Luciano Hang (o “Véio da Havan”) ameaçou publicamente demitir 22 mil funcionários caso seja obrigado a garantir a quarentena remunerada para os trabalhadores da empresa.

E Roberto Justus, investidor e empresário de diversos ramos, não demonstra nenhum pudor ao relativizar o custo de vidas humanas em comparação com os custos da economia: “[O vírus] não vai matar ninguém na favela. Vai matar velhinho e gente já doente. […] Os pobres não são todos doentes, não. Na favela não vai acontecer porra nenhuma se entrar o vírus, muito pelo contrário [sic]. Essa molecada que está na favela… Criança, então, de 0 a 10 anos, nenhum caso. E as crianças nem pegam a doença. Então isso não é grave. Grave é o que vai acontecer com o mundo agora, uma recessão global como nunca vista na história, nem no ‘crash de 29′ e nem nada”.

Para os capitalistas o preço da cura do vírus não compensa o custo da baixa na lucratividade de suas empresas, isto é, o lucro está acima da vida, por isso a equipe econômica de Bolsonaro tem apresentado pacotes econômicos de enfrentamento da crise que apenas resguardam a rentabilidade dos grandes empresários em detrimento do emprego, do salário e da renda de milhões de trabalhadores (formais e informais) e pequenos empresários.

A grande questão que está colocada no Brasil e no mundo para os trabalhadores e o povo pobre no atual cenário de crise sanitária e econômica é salvar vidas, o que significa garantir quarentena para todos com direitos, salários e todas as medidas de prevenção e segurança sanitária (tanto para os trabalhadores dos ramos essenciais quanto os não essenciais da economia, considerando as necessidades coletivas de produção e trabalho colocadas pela pandemia).

A principal disputa política e ideológica da atualidade pode ser resumida na disjuntiva: salvar vidas de milhões de pessoas x salvar os lucros de uma minoria. Trata-se de uma luta anticapitalista, pois o capitalismo é um sistema que produz não para atender às necessidades humanas, mas a necessidade do lucro e expansão do próprio capital, às custas da exploração e opressão da maioria da classe trabalhadora, que é quem produz toda a riqueza. O lucro não pode estar acima da vida.

Mais do que repudiar as revoltantes declarações de burgueses como a de Justus, Hang e Durski, é necessário derrotar a política de morte, desemprego e empobrecimento da maioria da população que Bolsonaro, Paulo Guedes e Maia tentam impor sob pretexto de combater os efeitos da crise econômica. Que os lucros dos bancos e as grandes fortunas sejam taxadas para garantir o emprego, os salários e as medidas sanitárias necessárias ao enfrentamento da pandemia. A vida das trabalhadoras e trabalhadores não pode ser negociada.


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