Nesta segunda-feira, 15 de outubro, o candidato do PSL a presidente da República, Jair Bolsonaro, visitou e fez campanha eleitoral dentro da sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM), no Rio de Janeiro.
A legislação eleitoral vigente proíbe expressamente atividades de campanha eleitoral dentro de espaços públicos, administrados pelo Estado, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Por isso mesmo, muitos ativistas dos movimentos sociais, sindicais e estudantis ficaram impedidos de manifestar minimamente sua preferência partidária e eleitoral no interior de universidades e escolas públicas, dentro de repartições públicas e empresas estatais.
As atividades de campanha, especialmente dos partidos de esquerda, quando muito, aconteceram do lado de fora destes espaços.
Inclusive, alguns ativistas foram repreendidos apenas por manifestar suas preferências eleitorais, até de forma individual. Um absurdo, parte da escalada autoritária que vivemos nos dias de hoje.
Em total desrespeito a Lei Eleitoral, Bolsonaro não só visitou o Quartel do Bope, no bairro das Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro, como entrou neste espaço com assessores, discursou para os policiais, ao lado de Comandantes do Batalhão, agradecendo votos e fez campanha aberta, pedindo o voto e a confiança dos militares presentes neste segundo turno.
E o que é pior, grande parte da imprensa foi impedida de cobrir a atividade de campanha de Bolsonaro dentro do Bope. O vídeo que veio a público na imprensa foi divulgado por próprios apoiadores de Bolsonaro. Este fato gerou registros de protesto de órgãos de imprensa, como o Jornal Folha de S. Paulo.
Afirmações absurdas
No seu discurso aos militares do Bope, na parte que foi gravada e divulgada na grande imprensa, Bolsonaro demonstra mais uma vez todo o conteúdo autoritário e de extrema-direita de sua candidatura.
Chega a afirmar que, caso seja realmente eleito, quem vai mandar no país são os “capitães”, em tom chocoso, se referindo as patentes militares.
Ao agradecer os possíveis votos que os militares do Bope teriam dado a sua candidatura no primeiro turno das eleições, chega a repetir a saudação sinistra usada pelos policiais do Bope nas operações violentas que realizam nas favelas cariocas : “Caveira”, gritou Bolsonaro, mais uma vez ironicamente.
A coordenação de campanha de Fernando Haddad e entidades democráticas devem entrar com uma representação na Justiça Eleitoral contra esta atividade de campanha totalmente ilegal. Ela representa apenas mais uma comprovação do conteúdo extremamente autoritário que possuiria um eventual governo chefiado por Bolsonaro.
É hora de reagir
Os movimentos sociais, entidades civis, de direitos humanos e a esquerda de conjunto devem construir imediatamente uma unidade de ação democrática, para combater Bolsonaro neste segundo turno, defendendo o voto em Haddad Presidente 13.
Não se trata prioritariamente de apoiar o candidato do PT, mas sim de derrotar a ameaça às liberdades democráticas e o risco ao próprio regime democrático, representados por Bolsonaro e seu projeto de extrema-direita neo-fascista.
No próximo sábado, dia 20 de outubro, todos devemos estar nas ruas do país, ao lado do movimento “Mulheres contra Bolsonaro”, lutando em defesa dos direitos e da democracia. A nossa prioridade absoluta, nesta semana, deve ser convocar esta importante e decisiva manifestação nacional e intensificar a nossa campanha no segundo turno. Às ruas!
COLUNA CARLOS ZACARIAS
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