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BRASIL

Achou que com o fim do financiamento privado os empresários iriam deixar de mandar na política? Achou errado!

Por: Ademar Lourenço, de Brasília/DF
Ag. Brasil

Saíram os primeiros números das doações de campanha e 93% das maiores doações vieram de empresários e candidatos. Os mais de R$ 40 milhões que os grandes empresários doaram até agora para as campanhas vão fazer muita diferença. E olha que a campanha está só no começo. Muito mais será doado. São doações acima de R$ 300 mil, que vieram do bolso de quem tem mais de R$ 30 milhões de patrimônio.

Em 2015, o Supremo Tribunal Federal proibiu a doação de empresas privadas para campanhas. Era bom demais para ser verdade. O Congresso, na época liderado por Eduardo Cunha (MDB-RJ), mudou a lei para que fossem abertas algumas brechas.

O que acabou mudando é que em vez da empresa doar, é o dono da empresa que doa, como pessoa física. Se ele mesmo for o candidato, o limite pode ir a até R$ 70 milhões. Henrique Meirelles, por exemplo, doou R$ 20 milhões para a própria campanha. Se o candidato for outra pessoa, ele pode doar até 10% da renda bruta do ano anterior. Para quem nada em dinheiro isso ainda é muito.

Alguns empresários deixaram de financiar políticos e passaram eles mesmos a ser candidatos. Em 2018 temos um recorde de “defensores do empreendedorismo” disputando eleições. Alguns até fundaram um partido só para eles. O tal do “Novo”.

Mas não é nenhuma novidade que os 0,001% mais ricos queiram manipular a política do país inteiro com seu poder financeiro. Ou você acha que o dono da Riachuelo, da empreiteira MRV Engenharia e do Shopping Iguatemi (que estão entre os maiores doadores) gastam dinheiro por amor à democracia?

Porque eles doam?
Dono de empresa costuma ter a mão bem pesada na hora de dar 1% de aumento para os funcionários. Muitas vezes isso só acontece a custo de uma greve. Porque são tão generosos com políticos?

Quem fica gritando “contra a intervenção do estado na economia” é direitista pobre. Direitista rico quer empréstimo de banco público a juros baixos. Quer contrato superfaturado com o governo. Quer influência em agência regulatória.

Além disso, os empresários querem que o trabalhador tenha menos direitos. Para eles, o que Temer fez na reforma trabalhista foi pouco. Por isto querem um Congresso totalmente comprometido com seus interesses.

Como campanha custa caro, os políticos procuram “agradar o mercado”. Por isto todos os candidatos que estão na frente das pesquisas para presidente têm uma equipe específica voltada para atrair os “financiadores de campanha”.

Inclusive um que só falava em “matar bandido” e “defender a família”, agora também aderiu ao discurso “em defesa dos empreendedores”.

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eleições 2018