Greve de metroviários em BH enfrenta intransigência do governo federal
Publicado em: 30 de março de 2022
A greve dos metroviários em Belo Horizonte entrou em seu décimo dia, nesta quarta-feira (29). Com adesão fortíssima, que alcança cerca de 95% do efetivo, o movimento enfrenta a ameaça de privatização da CBTU e o consequente perigo de precarização do serviço e dos empregos dos trabalhadores. A intransigência do governo federal é absoluta, não havendo, até aqui, qualquer canal de diálogo aberta. A greve segue, no entanto, combinada com manifestações no setor da manutenção, na porta da sede da empresa e nas ruas.
O cotidiano da capital mineira é afetado pelo impasse. Cumprindo determinações judiciais, só há estações abertas entre 10h e 17h, todos os dias. Mas o fato é que a greve foi o último recurso de uma categoria que tem seus próprios empregos ameaçados pela venda da empresa. Após iniciar a paralisação nas últimas semanas de dezembro do ano passado, a categoria voltou ao trabalho sinalizando disposição em negociar; adiou por 4 vezes a retomada da mobilização, na tentativa de uma acordo. Não havia, desta vez, diante das promessas vazias do governo e da direção da empresa, outra saída possível para a categoria que não a retomada da luta.
A justiça, por sua vez, embora não tenha majorado multa de acordo com o pedido da empresa ou imposto outras medidas de repressão ao sindicato e aos grevistas, tampouco foi capaz, até o momento, de pautar uma solução para o conflito. A revogação da portaria 206, que acelerou o processo de privatização da empresa, poderia encerrar o litígio imediatamente.
O governo Bolsonaro pretende vender a empresa, colocando mais um serviço público de transporte, absolutamente essencial para os municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, sob o controle de empresas sedentas por lucro. É evidente que qualquer expectativa de que isso possa representar um avanço na qualidade do serviço é uma ilusão.
A luta dos metroviários é, portanto, uma luta pela dignidade e pelo direito dos trabalhadores e das trabalhadoras por um transporte confortável, eficiente e a preço justo. A experiência do Rio de Janeiro, por exemplo, onde a concessionária Supervia controla o serviço de trens, demonstra nitidamente que a tendência é o contrário do que seria necessário. Durante a última semana, assistimos a mais uma falha geral do sistema carioca, deixando os usuários sem trens.
Em uma semana agitada de lutas em BH, em que também os educadores das redes estadual e municipal cruzaram os braços, um ato de unificação dessas lutas somou forças pelas reivindicações dessas categorias. Em um cenário de crise social e pauperização da classe trabalhadora, essas greves apontam um caminho, ao enfrentarem governos em diferentes âmbitos. É hora de cercar essas lutas de solidariedade.
VÍDEO
Saudação de Pablo Henrique, do Sindimetro MG, na assembleia da Educação em 29 de março.
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