Munther Khalaf Mufleh: A vitória do movimento dos prisioneiros é uma implementação de unidade e parceria verdadeiras

Desde a fundação de Israel o estado sionista se utiliza do aprisionamento dos palestinos como uma forma de tentar deter sua luta. Não o conseguiram, apesar de cada família palestina ter algum membro que já tenha passado por essa máquina opressora sem igual no mundo. Por isso, o que acontece dentro das prisões com cerca de 4700 prisioneiros/as atualmente encarcerados/as tem enorme repercussão na sociedade palestina em toda a Palestina Histórica, do rio Jordão ao Mar Mediterrâneo e entre os milhões de refugiados e seus descendentes espalhados pelo mundo. Publicamos abaixo uma declaração sobre a vitória dos presos palestinos em Israel que somam cerca de 4700


Publicado em: 25 de março de 2023

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Munther Khalaf Mufleh, com tradução de Waldo Mermelstein

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O artigo a seguir, escrito pelo  líder prisioneiro palestino Munther Khalaf Mufleh,foi republicado a partir do original árabe, do Handala Center. O Esquerda Online baseou-se na versão em inglês em https://samidoun.net/2023/03/munther-khalaf-mufleh-prisoners-movement-victory-is-an-implementation-of-unity-and-true-partnership/

Após a escalada dos ataques sionistas contra as conquistas obtidas pelo movimento dos prisioneiros ao longo dos anos, e as tentativas do fascista Ben Gvir (1) de tomar nossos direitos, promulgando leis e políticas, como as leis para a execução de prisioneiros, revogação da nacionalidade e deportação de prisioneiros e ex-prisioneiros, bem como os ataques às conquistas da vida cotidiana do movimento dos prisioneiros,  como o corte do acesso à água, a fixação de horários breves para o banho e a imposição de dezenas de medidas punitivas, como a transferência [de prisão] e o isolamento repetidos, levaram o movimento dos prisioneiros a agir. Essas políticas expressam a natureza odiosa e racista do sionismo, revelando sua verdadeira face e seus mecanismos que sempre visam atingir tudo aquilo que é palestino. O movimento dos prisioneiros implementou uma série de medidas táticas crescentes e preparou e ameaçou lançar uma greve de fome aberta e coletiva no primeiro dia do Ramadã (22 de março).

Com esses passos, o movimento dos prisioneiros visava dar ao inimigo uma nova lição, e começou a implementá-los anunciando os nomes dos líderes nacionais palestinos que começariam a greve de fome aberta, liderados pelo secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, o líder Ahmad Sa’adat e líderes de todas as facções, dirigidas por Mohammed Al-Tus, Abu Shadi; Hassan Salameh; e um extenso grupo de heróis do movimento dos prisioneiros.

Pela primeira vez desde 1993, a fórmula do diálogo direto foi imposta com a presença de todo o Comitê Superior de Emergência, representando todas as facções palestinas, sob o slogan de “unidade nacional e parceria verdadeira”. Por meio de sua primeira mensagem às massas, assinou um código de honra para consolidar esse conceito de parceria e de unidade, especialmente porque foi a primeira aparição do nome do comitê de emergência. Isso tem como objetivo promover a unidade, não só em nível do movimento dos prisioneiros, mas também em nível do nosso povo palestiniano onde quer que esteja.

Durante sua maratona de discussões com a autoridade prisional sionista, o Comitê de Emergência constituiu um modelo forte e sólido no qual as demandas do movimento dos prisioneiros foram apresentadas com ousadia e fervor revolucionários, desafiando todos os obstáculos com o firme compromisso de que os direitos não são implorados, mas sim tomados.

Isso foi implementado na prática durante essas sessões, e os resultados foram os seguintes:

  1. As decisões sobre as condições de vida serão adotadas por todo o gabinete sionista e não por uma única decisão do criminoso Ben Gvir e seu gabinete.
  2. A remoção de dois prisioneiros do confinamento solitário, que estiveram envolvidos [em atos de] resistência.
  3. Retorno do abastecimento de água ao normal, sem limitações de tempo.
  4. Devolver o acesso à cozinha dos prisioneiros na prisão de Ofer.
  5. Abertura de instalações públicas (“cantina” ou loja da prisão, lavanderia, barbeiro, etc.) na prisão de Negev na sexta-feira.
  6. Permitir a comunicação por telefone público a partir da clínica prisional de Ramle cinco vezes por semana.
  7. Encerramento dos processos sobre vários detidos administrativos [e garantir que sua detenção não seja renovada], especialmente os detentos idosos.
  8. Abertura de uma seção especial para prisioneiros detidos após sua prisão.
  9. Além de uma série de demandas que exigem acompanhamento da liderança de emergência a serem implementadas dentro das seções, elas precisarão de acompanhamento periódico dos representantes da seção.

Todas essas conquistas não teriam sido realizadas se não fosse pela vontade de nosso povo palestino e sua valente resistência que estava presente conosco e sempre nos impulsiona a uma ação maior, mas essa conquista é um passo no caminho de mil quilômetros em direção a nosso objetivo de liberdade e libertação. Ela pode ser fortalecida para aumentar a pressão sobre a ocupação, para extrair mais conquistas e para deter as políticas de assédio e opressão por parte da autoridade prisional, a fim de alcançar o sonho da libertação.

Munther Khalaf Mufleh é um prisioneiro político palestino, membro do Comitê Central da Frente Popular para a Libertação da Palestina. É diretor do Centro Handala para Assuntos do Movimento dos Prisioneiros e porta-voz do ramo prisional da FPLP. Ele é escritor e jornalista palestino, e foi admitido como membro do Sindicato dos Jornalistas Palestinos enquanto estava preso em reconhecimento ao seu trabalho.

Notas

1 Itamar Bem Gvir é membro do partido sionista de extrema-direita Judaísmo Religioso e ocupa o Ministério de Segurança Nacional, diretamente responsável pela repressão aos palestinos dentro das fronteiras de 1948 e nos territórios ocupados.

2 Seguindo a prática do colonialismo britânico durante o Mandato da Palestina (1921-1948), as forças sionistas se dão o direito de deter palestinos/as por períodos indeterminados sem acusações formais nem julgamento.

 


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