Da Redação, de Campinas, SP
Na última terça feira (7), a Prefeitura de Campinas, com Jonas Donizete (PSB) à frente, e a empresa terceirizada Base, responsável pela contratação de cozinheiras para as escolas municipais, anunciaram a demissão de centenas de trabalhadoras. Os números oficiais são duvidosos. Enquanto a empresa fala em 107 demitidas, as trabalhadoras dizem que foram 700 pessoas mandadas embora.
A demissão foi feita na sede da Força Sindical, a mesma central sindical que negociou a Reforma Trabalhista com o governo Temer. As trabalhadoras foram informadas pelo sindicato que teriam que ir à sua sede renovar o contrato de trabalho, porém ao chegarem, foi anunciada a demissão em massa, tratada com indiferença pelo sindicato.
A demissão, segundo a empresa, se deve à “reestruturação” do quadro de funcionárias em um novo contrato com a Prefeitura.
A Base declarou que somente trabalhadoras em período de experiência seriam demitidas. Mas, segundo professora que preferiu não se identificar, em sua escola “foram demitidas duas trabalhadoras com mais de cinco anos de casa. Agora irão contratar uma pessoa para realizar o trabalho de duas”, disse. Segundo a Prefeitura, o serviço não será afetado, porém cresce a insatisfação com a qualidade da comida servida nas escolas da periferia e já existe um debate marcado para o dia 28 de agosto, no legislativo campineiro, sobre este tema.
Já a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC), apesar de se dizer contra a terceirização do serviço público, jamais realizou qualquer ação em solidariedade aos terceirizados que estão sendo demitidos. Seu posicionamento é letra morta diante do drama de centenas de famílias que estão convivendo com o desemprego e com os trabalhos terceirizados precários. Isso se deve ao seu atrelamento explícito com o governo municipal, abandonando até mesmo a própria campanha salarial de sua categoria de servidores. Ontem também aconteceu um grande protesto de um grupo de oposição sindical pela campanha salarial que terminou em frente ao STMC.
O Governo Jonas Donizette (PSB) hoje é responsável por dezenas de contratos duvidosos com empresas terceirizadas. O valor pago às empresas supera muito o salário que estas pagam aos trabalhadores. Além disso, existem contratos de aluguel de carros, vans, equipamentos e máquinas, numa tentativa de terceirizar não só a mão de obra, mas a estrutura da Prefeitura.
Hoje, a Prefeitura alega que está passando por uma grave crise e, por isso, seria necessário conter gastos públicos. Mas, continua pagando subsídios altíssimos para a empresa de transporte público, que hoje cobra a passagem mais cara do país (R$4,50). Só neste trimestre serão R$ 5 milhões por mês de mesada para estes empresários. Além disso, criou o Refis que no final das contas serve para dar altos descontos a grandes empresas, esperando-se arrecadar apenas R$ 100 milhões dos R$ 7,6 bi devidos ao município. Enquanto isso, o Hospital Municipal Mario Gatti teve cortado R$ 350 mil mensais, aumentando a precarização da saúde.
É urgente uma auditoria dos contratos com todas as empresas terceirizadas e uma CPI dos transportes. É necessário fazer um levantamento dos gastos públicos e contratar estes trabalhadores precários para preencher o déficit do quadro de servidores. O transporte precisa ser estatizado para garantir o direito dos trabalhadores, assim como deve-se garantir a alimentação de qualidade nas escolas e empregos dignos com bons salários para as trabalhadoras.
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