CPI do Banco Master Já!
Unidade e mobilização das esquerdas para abrir a caixa-preta das relações do governo Ibaneis-Celina com as fraudes envolvendo o Master e o BRB
Publicado em: 19 de novembro de 2025
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso nesta terça (18) pela PF em Guarulhos
Em menos de uma semana, as Polícias Civil e Federal realizaram duas operações que esmorecem o governo de Ibaneis Rocha (MDB) e Celina Leão (Progressistas). Na verdade, ambas as operações reforçam o que vimos denunciando há tempos sobre o governo Ibaneis-Celina.
No dia 13 de novembro, uma operação foi feita para investigar suspeitas de corrupção no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), que segue no DF o modelo neoliberal implementado em todo país por meio das OSs. O Iges-DF tem sido o principal mecanismo de terceirização da saúde, administrando vários equipamentos (como as UPAs e alguns hospitais) e é um dos grandes responsáveis pelo caos na saúde do DF. A ação vem apurando possíveis irregularidades em contratos, indícios de superfaturamento e desvios de recursos destinados à área da saúde. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra pessoas de confiança de Ibaneis, para obter documentos e provas que possam esclarecer o esquema. O próprio governador, após defender publicamente alguns destes nomes investigados, acabou exonerando-os.
No dia 18, foi a vez da Polícia Federal avançar nas investigações sobre o Banco de Brasília (BRB) e suas vinculações suspeitas com o Banco Master. A apuração se concentra em suspeitas de fraudes e desvios ligados a operações financeiras e contratos que teriam beneficiado indevidamente empresários e agentes públicos. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos para reunir documentos e rastrear movimentações consideradas suspeitas. O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso, em suspeita de tentar fugir do país e a Justiça Federal afastou o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa.
O Master é o banco que Ibaneis e Celina queriam que o BRB comprasse, numa operação que foi vetada meses depois pelo Banco Central, justamente pela suspeita de irregularidades. Segundo investigações da PF e do Ministério Público Federal, o BRB aportou R$16,7 bilhões no Banco Master, durante os anos de 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$12,2 bilhões envolvem operações com fortes indícios de fraude. Longe de se restringir somente ao DF, essa operação já tem demonstrado os tentáculos nacionais dessa rede, inclusive com notícias recentes apontando Ciro Nogueira (Progressistas) e Antônio Rueda (União Brasil) como padrinhos da compra.
Já vimos essa cena de corrupção muitas vezes. Inclusive o ex-governador Arruda, flagrado em esquemas de corrupção na Operação Caixa de Pandora, agora tenta se colocar de novo para disputar o Governo do Distrito Federal (GDF) com a promessa de resgatar as obras de sua gestão. O silêncio de Arruda nos últimos dias diz muito sobre sua incapacidade de se apresentar como alternativa ao governo atual. Ele representa o mesmo projeto de aparelhamento dos bens públicos para fins privados e esteve envolvido com os mesmos esquemas.
Enquanto isso, mesmo com os aportes do Fundo Constitucional, a saúde do DF continua um caos, sem o investimento necessário, e com alguns dos piores indicadores de todo o país: filas para consultas com especialistas, equipamentos quebrados, equipes de trabalho desfalcadas, uma das piores coberturas da saúde mental e de saúde bucal e mais de 10 anos sem concurso para especialistas. A educação também sofre com o descaso proposital do governo, com o acúmulo de contratos temporários e desrespeito aos profissionais. Apenas para se ter uma ideia, mesmo com aumento de arrecadação, o mesmo governo Ibaneis-Celina propôs reduzir em mais de R$1,1 bilhão o orçamento da saúde e cerca de R$900 milhões o da educação para o ano de 2026. Para completar, a cidade está mergulhada em obras atrasadas e com suspeita de superfaturamento.
Tudo isso evidencia que o problema do DF não é falta de dinheiro. O problema do DF é de projeto político, capitaneado pelo governo Ibaneis-Celina, e que dá continuidade à toada das gestões da direita que raras vezes não governaram essa unidade da federação. Apesar de brigarem e se reconciliarem, Ibaneis, Celina, Michelle Bolsonaro, Arruda, Damares formam uma unidade dos donos do poder, revezando-se nos cargos em prol dos seus próprios interesses.
Unificar e mobilizar as esquerdas para construir um novo rumo para o DF
Frente a isso, nós da esquerda, do campo progressista, devemos avançar na unidade de ação, organizando e fortalecendo a nossa Frente Única, reunindo partidos, sindicatos, movimentos sociais e populares, militantes, ativistas e a população do DF que não aguenta mais os desmandos e descaso do governo Ibaneis-Celina. Cabe a nós apresentarmos e construirmos, por meio da unidade, a real alternativa ao projeto de poder excludente e violento de Ibaneis-Celina, Arruda e demais. Com isso, demonstraremos a viabilidade e a necessidade de outro projeto de DF: democrático, participativo, sem corrupção e que se volte a atender as necessidades da população do DF.
De imediato, devemos nos mobilizar para a instalação de uma CPI referente ao escândalo do BRB e Banco Master no governo Ibaneis-Celina, expondo contratos, patrocínios, operações financeiras e o uso espúrio de um banco público. Que Ibaneis, Celina e demais pessoas envolvidas nestes escândalos sejam devidamente julgados e responsabilizados.
Aliado a isso, é também nosso papel denunciar a utilização do fundo público do DF para interesses alheios aos da população, lutando para que não haja corte nos orçamentos da saúde e da educação de 2026. Estas são lutas e pautas urgentes, que precisam ser fortalecidas rapidamente, mas que também estão vinculadas ao debate sobre qual DF queremos e devemos construir.
Acreditamos que todas estas iniciativas ganharão ainda mais peso e relevância se estiverem articuladas à organização e mobilização direta da população do DF. É nosso papel, portanto, apostar em iniciativas institucionais, como a CPI, mas não podemos desconsiderar ou minimizar a importância de estarmos mobilizados na rua, contra os desmandos do governo Ibaneis-Celina. As últimas manifestações, como os atos contra a PEC da Blindagem e contra a Reforma Administrativa, só reforçam o poder que temos quando nos organizamos e articulamos.
CPI já!
Respeitem a saúde e a educação do DF!
Respeitem a população do DF!
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