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“Antirracismo: nosso projeto radical de Brasil”, lema de Festival aponta perspectivas para esquerda

Mais de mil e cem pessoas participaram do evento que reuniu parlamentares negros e lideranças de movimenros para debates sobre programa, estratégia e futuro da esquerda


Publicado em: 18 de novembro de 2025

Negras e negros

Esquerda Online

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Foto Yuri Salvador

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No último final de semana o Espaço Cultural Elza Soares, em São Paulo, foi o palco do Festival de Cultura e Resistência. Um encontro que, mesclando debates políticos, com arte e cultura, foi capaz de superar as fronteiras internas da esquerda e reuniu nomes como os dos deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP), Benedita da Silva (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL – RJ), a Bancada Feminista (PSOL-SP), o historiador e fundador da Uneafro Brasil Douglas Belchior, os deputados estaduais Rosa Amorim (PT – PE), Matheus Gomes (PSOL – RS) e Renato Feitas (PT – PR), a ativista e ex-deputada federal por Minas Gerais Áurea Carolina, as vereadoras Iza Lourença e Juhlia Santos (PSOL) de Belo Horizonte e Grazi Oliveira de Porto Alegre, além de diversas lideranças regionais e de movimentos negros como Coalizão Negra por Direitos, MNU, Unegro, Conen, Ação Negra e o MST.

A partir desta dimensão nacionalizada e de articulação com diferentes setores dos movimentos negros, o encontro mobilizou debates pertinentes ao conjunto da esquerda, que hoje encara no Brasil e no mundo a tarefa de derrotar o neofascismo. Pois, em seus debates mais estratégicos, as figuras que compuseram este espaço demonstraram a inseparabilidade das lutas antirracistas e antifascistas, mas também tomaram para si a tarefa de debater perspectivas para o futuro da esquerda a partir uma síntese: o antirracismo como um projeto radical de Brasil. 

Com reflexões provocadas pela trágica megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes nos Complexos da Penha e do Alemão, teve destaque entre os debates programáticos as saídas da esquerda para a crise de segurança pública e o enfrentamento ao genocídio da população negra. Outros temas como redes sociais e racismo algorítmico, enfrentamento à crise climática, direito à cidade e tarifa zero, fim da escala 6×1, educação popular e antirracista e dilemas da negritude nas universidades também foram parte da programação de debates políticos. 

Outro destaque da construção do encontro foi a diversidade de expressões culturais — o que, necessariamente, passa pela compreensão de que uma das principais formas pelas quais se organizaram os diversos movimentos negros e antirracistas nas últimas décadas tem sido a cultura. Ao longo do Festival foram diversas apresentações, samba, maracatu, afoxé, capoeira, baile charme e uma eletrizante batalha de rima, que ficou por conta da Batalha da Matrix. Além disso, um bate-papo sobre literatura antirracista reuniu autores como Jeferson Tenório, Fernanda Bastos e Marcelo D’Salete

A homenageada do encontro foi a deputada estadual, cantora e compositora Leci Brandão. Benedita da Silva, ao lado dos diversos parlamentares negros e movimentos presentes, conduziu o espaço de forma emocionante e relembrou, contagiando o público, o clássico “Zé do Caroço”. O momento foi seguido por uma outra homenagem, aos dez anos da Marcha das Mulheres Negras, e terminou em samba, com a participação de rodas de samba da região da Barra Funda.

Como conclusão, o Festival reafirmou o compromisso das figuras que por ele passaram de emprestar as próprias vozes e corpos para a disputa da política institucional, que deve ser cada vez mais ocupada por pessoas negras. Mas como principal saldo, tivemos o compartilhamento de uma mesma compreensão de que esta deve ser a cara da esquerda de maneira ainda mais geral: do seu programa e da sua estratégia para a revolução brasileira. Tendo como ponto de partida a compreensão sobre o racismo como um elemento estrutural do capitalismo, neste encontro delineamos uma visão comum sobre o antirracismo — um elo entre a esquerda e os corações e as mentes da maioria do Brasil, o  ponto de chegada que queremos.


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