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Pernambuco: greve dos trabalhadores da COMPESA termina, mas a luta contra a privatização continua


Publicado em: 21 de outubro de 2025

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Sérgio Gaspar, de Recife-PE

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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Sérgio Gaspar/Esquerda Online

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Depois de uma semana de mobilização firme e muita tensão, os trabalhadores e trabalhadoras da Compesa encerraram a greve nesta segunda-feira (20). O dia foi intenso desde cedo — começou com a audiência pública na Alepe sobre a privatização do Metrô do Recife, que reuniu representantes de várias categorias e movimentos populares, e terminou no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-6), onde se deu a mediação entre a direção da Companhia e o comando de greve da categoria.

A reunião foi conduzida pelo vice-presidente do TRT, desembargador Eduardo Pluguiesi, com participação do procurador do Ministério Público do Trabalho, Gustavo Chagas. Representaram a Compesa a diretora de Gestão Corporativa, Rosane Patarra; e pelo lado dos trabalhadores, estiveram presentes o presidente do Sindicato dos Urbanitários, José Hollanda Cavalcanti, e o diretor José Barbosa, acompanhando o comando de greve.

Os trabalhadores permaneceram em assembleia permanente, acompanhando as negociações em tempo real. A primeira proposta apresentada pela empresa foi rejeitada pela categoria, que manteve a paralisação. Somente após nova rodada de mediação — com garantia de não desconto dos dias parados e a criação de um grupo de trabalho paritário para discutir a proteção dos empregos e direitos dos trabalhadores, caso a privatização avance — a segunda proposta foi aprovada, encerrando oficialmente a greve. O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) tem validade de dois anos (2025–2026).

Sérgio Gaspar/Esquerda Online

Apesar do encerramento, o sentimento entre os trabalhadores é claro: a luta está longe de acabar. O governo de Raquel Lyra segue com o plano de privatização parcial da Compesa, e a categoria se mantém mobilizada em defesa da empresa pública e do direito da população ao saneamento.

> “Não fechamos um acordo que atendesse todas as nossas necessidades imediatas, mas o grupo de trabalho paritário vai garantir nosso direito de negociar pautas importantes caso a privatização aconteça, como transferências, realocações e reaproveitamento de cargos”, afirmou Kaline Lemos, do comando de greve e militante da Resistência-PSOL.

“A greve terminou, mas a luta contra a privatização da Compesa seguirá firme. Até dezembro, quando acontece o leilão, muita água vai rolar. E deixamos um recado claro: Lula, não pague pela privatização da Compesa! O povo não aceita ver o BNDES financiar a entrega do que é nosso.”

Veja o que foi conquistado com a greve

Mesmo diante de um cenário adverso, de ameaça de privatização e pressão política, a greve arrancou conquistas importantes para os trabalhadores da Compesa. Entre os principais pontos do acordo estão:

Garantia de emprego por dois anos, correspondente ao período de vigência do ACT (2025–2026);
Abono integral (100%) dos dias parados, sem desconto salarial;
Criação de um grupo de trabalho paritário para debater medidas de proteção aos empregos e aos direitos dos trabalhadores em caso de avanço da privatização;
Reajuste das cláusulas econômicas com ganho real:
Meio talão natalino adicional, totalizando 22;
Tíquete alimentação com aumento real de 1%, passando a R$ 51,00;
Demais cláusulas econômicas com reajuste de 5,32% em 2025;
Para 2026, reposição pelo INPC com ganho real de 0,5%;
Plano de desligamento voluntário e incentivo à aposentadoria, com regras negociadas.

Esses avanços foram fruto direto da organização coletiva e da firmeza do comando de greve, que manteve a categoria unida e mobilizada até o último momento.


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