editorial
Sobre a entrada de Guilherme Boulos no governo Lula
Publicado em: 20 de outubro de 2025
Foto: Ricardo Stuckert
O governo Lula acaba de anunciar a nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência. Esse anúncio surge em uma nova conjuntura, inaugurada pelos ataques de Trump à soberania nacional, a condenação histórica de Bolsonaro e de outros líderes golpistas e a grande manifestação da esquerda em 21 de setembro. Até o momento, apesar da gravidade da ofensiva imperialista, a postura altiva do governo Lula e o ato de massas colocaram a extrema direita na defensiva. No entanto, a luta política no país até 2026 tende a se intensificar.
Nessa batalha contra a grave agressão norte-americana e a anistia aos golpistas, a esquerda brasileira recuperou o protagonismo, principalmente nas redes sociais e na mobilização social com os atos contra a PEC da bandidagem. É vital que a luta nas ruas se mantenha, pois são os trabalhadores, a juventude e os movimentos sociais que poderão dar suporte sólido a Lula contra Trump e derrotar de vez a anistia. Ao mesmo tempo, a mobilização popular também é decisiva para superar as barreiras impostas pelo Congresso Nacional à agenda da classe trabalhadora, eleita nas urnas em 2022, especialmente com o fim da escala 6×1, a taxação dos super-ricos e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Nesse sentido, a nomeação de Guilherme Boulos para o ministério responsável pela relação com os movimentos sociais e sindicatos carrega uma grande responsabilidade. O principal ato das esquerdas nos últimos anos, no dia 21 de setembro, teve Boulos como uma de suas principais lideranças, sendo uma das poucas ocasiões em que superamos nacionalmente a extrema direita nas ruas. Na luta da classe trabalhadora e da juventude, é onde mais o PSOL e os movimentos sociais podem ajudar o governo Lula contra Trump e o bolsonarismo. Ninguém melhor que Guilherme Boulos para continuar liderando essas trincheiras nas ruas e no Congresso Nacional, sendo o deputado federal mais votado da esquerda e dirigente do MTST.
A conjuntura tem exigido do PSOL unidade contra a extrema direita e o imperialismo, mas, ao mesmo tempo, a firmeza necessária na luta política e ideológica. Até agora, o partido se posicionou com base nesses critérios: priorizando as lutas contra o fascismo e a defesa dos direitos sociais, e também compondo a base de apoio de Lula no Congresso Nacional, mas sem abrir mão de sua independência política e autonomia em relação ao governo, como ficou evidente com sua posição crítica ao arcabouço fiscal e a medidas de austeridade.
O PSOL deve manter esses parâmetros de unidade, combatividade e independência para continuar como um partido comprometido com uma agenda de resistência e, ao mesmo tempo, de afirmação da esquerda socialista no Brasil, com um programa de transformação social anticapitalista. Diante disso, respeitamos a decisão do nosso deputado, mas defendemos que o melhor seria Boulos liderar as lutas sociais, seguir o combate na Câmara dos Deputados e manter sua candidatura em 2026, ajudando a levar mais vozes de esquerda ao Congresso Nacional ou cumprindo o papel de ser um candidato competitivo ao governo estadual ou ao Senado em 2026.
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