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Em Contagem e em todo o Brasil: por uma escola que eduque, não que adestre
Publicado em: 9 de outubro de 2025
“Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que,
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar.” (Paulo Freire)
O IDEB, apesar de ser amplamente divulgado como parâmetro de qualidade da educação, apresenta uma visão incompleta e reducionista do que significa ensinar e aprender. Por concentrar-se quase exclusivamente no desempenho em provas de leitura e matemática e nas taxas de aprovação, invisibiliza aspectos essenciais da formação humana, como o desenvolvimento socioemocional, a criatividade, o senso ético, a autonomia, a participação cidadã e o respeito à diversidade.
Essa limitação torna-se ainda mais grave quando políticas públicas passam a priorizar apenas os resultados do IDEB, direcionando recursos e esforços para atingir metas quantitativas em detrimento de uma educação integral. A escola, assim, corre o risco de se transformar em um espaço voltado apenas para índices, e não para pessoas, deixando de cumprir seu papel de formar sujeitos críticos, conscientes e socialmente engajados. Nesse sentido, o ciclo acaba por se iniciar e encerrar na avaliação, o que confere a essa dimensão uma centralidade que esvazia de sentido o processo educacional.
Essa é exatamente a realidade vivenciada nas escolas públicas de Contagem. A Prefeitura, por meio do secretário municipal de Educação, Lindomar Diamantino, tem caminhado a passos largos ao lado das concepções neoliberais mais retrógradas, que enchem de orgulho qualquer governo de extrema direita. Do lançamento do PIPA à minuta de portaria que altera a organização da rede municipal, para pior, a SEDUC impõe sua diretriz: foco no treino para o IDEB. Uma cidade que poderia apontar caminhos para a construção de uma educação de qualidade social, como sempre defendemos, adota uma política atrasada e promove um retrocesso sem medida.
Investir em uma educação verdadeiramente humanizadora significa ampliar o olhar sobre o processo educativo, oferecendo condições para que cada estudante se desenvolva de maneira plena e integral. Sem essa ampliação, qualquer avanço no IDEB é apenas numérico, enquanto o propósito real da escola, formar cidadãos capazes de pensar, sentir e agir de forma ética e solidária, permanece incompleto.
A questão torna-se ainda mais grave diante dos retrocessos da portaria, apresentados justamente durante a construção da VI Conferência Municipal de Educação, espaço que deveria ser o ideal para discutir e definir coletivamente os rumos da educação. Precisamos ocupar a Conferência Municipal de Educação e contrapor essa política, reivindicando a autonomia garantida pela legislação federal, o protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras no processo educativo, do planejamento à avaliação, e o direito à formação humana e integral.
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