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Aracaju: “A privatização da DESO foi quem causou essa falta de água dos últimos dias”, disse a vereadora Sonia Meire


Publicado em: 17 de setembro de 2025

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Foto: Luanna Pinheiro

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A vereadora professora Sonia Meire (PSOL) utilizou a tribuna na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) durante o pequeno expediente, na última terça-feira (16), para criticar a privatização da DESO e destacar que a falta de água dos últimos dias foi causada pelo processo de desmonte da empresa. A falta de água começou a ser registrada na última sexta-feira, dia 12, quando a adutora do São Francisco, de 1200 milímetros de diâmetro, sofreu um rompimento, após o desabamento da estrutura de concreto que sustentava a tubulação aérea. E no domingo, dia 14, houve uma nova ruptura, pouco depois da liberação parcial do fornecimento de água.

“Nós estamos revivendo um momento desabastecimento não só na cidade de Aracaju, mas também em outros municípios. Não é a primeira vez que isso ocorre, nós já tivemos isso aqui em governos passados, como no de Albano Franco, que tivemos até 30 dias sem água no nosso estado. Foi no governo de Marcelo Déda que se conseguiu mudar, e ampliar a adutora do São Francisco, que é que está com problema na manutenção. De lá para cá, quais os governos que priorizaram a nossa empresa? Essa é primeira questão que eu trago. Nós não tivemos investimentos na DESO para que a empresa pudesse fazer manutenção nas nossas adutoras. E o que estamos passando hoje é fruto do desmonte da nossa companhia de Saneamento”, disse a vereadora.

A Companhia de Saneamento de Sergipe , a DESO, foi privatizada no ano passado e centenas de funcionários foram demitidos depois da venda da empresa. Com o rompimento da adutora, grande parte da Aracaju, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora do Socorro ficaram sem água e o governador Fábio Mitidieri veiculou um vídeo afirmando que se tratava de uma fatalidade. Quase 900 mil pessoas foram afetadas na Grande Aracaju, fazendo com que diversos estabelecimentos precisassem comprar água de caminhões pipa. A saída dos trabalhadores ajudou a contribuir com o sucateamento da empresa, comprometendo as suas ações. O rompimento da adutora do São Francisco é reflexo dos desinvestimentos e reflexo dessa política para que a população apoie da privatização.

“Esse desmonte fez parte de um projeto político de muitos governos que não tiveram a coragem de privatizar diretamente, mas foi privatizando com terceirizações, colocando servidores sem remuneração e sem condição de trabalho, e houve todo uma campanha para mover o imaginário da sociedade, para apoiarem a privatização. Nós fizemos junto com o sindicato, diversos debates públicos que a água não pode ser mercadoria. O desmonte da DESO está avançando porque o recurso adquirido com a concessão inclusive, que são mais de 300 milhões, segundo as notícias veiculadas pelo Sindisan, eles não foram aplicados na manutenção e os cuidados nas adutoras e no sistema de captação”, destacou Sonia Meire.

Após a falta de água, o governo de Sergipe montou um Comitê de Gerenciamento de Crise para tentar responder as demandas que surgiram com o desabastecimento de água. As obras na adutora do São Francisco, em Capela, foram concluídas, e o abastecimento na Grande Aracaju foi retomado pela Iguá, de forma gradativa. Mesmo com a conclusão dos serviços, moradores de diversos bairros de Aracaju relataram que ainda estavam sem água no dia de ontem, especialmente nos conjuntos Orlando Dantas e  Augusto Franco, e nos bairros Santa Maria e Aeroporto.

A parlamentar do PSOL destacou que que a falta água dos últimos dias não foi uma fatalidade, que a DESO vem sendo sucateada e que o governador colocou a pau quando privatizou a empresa. Não tem sido feito em infraestrutura e existe uma direção que não está preocupada em oferecê-la. Existe um contrato, onde a DESO pagará uma multa se não entregar a captação da água, e se isso acontecer, a empresa pública não terá como pagar, e a parte que ainda é estatal será também entregue à privatização. Apenas o concerto da adutora não resolverá o problema da água na capital e demais municípios. O sindicato vem denunciando que a direção não utilizou o recurso da concessão nas melhorias nas unidades e na infraestrutura para melhoras a produção da água, o que inclui a manutenção das adutoras. O montante está para em aplicações financeiras. O Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento Básico do Estado de Sergipe (Sindisan) realizou diversos estudos, discussões e alertas sobre os erros da privatização.

“Nós tivemos demissões, demissões voluntárias, reorganização no quadro da DESO, e não investimento. E hoje, os municípios que inclusive aderiram a esse processo estão sofrendo, porque não há investimento na DESO. Nós estamos acompanhando inclusive o trabalho que está deixando a desejar da AGRESE, que opinou favorável ao contrato, que não traz nada sobre adutora rompidas, não existe nas cláusulas. Não há uma administração hoje na DESO para realizar o trabalho preventivo que precisa ser feito, porque não há interesse que a empresa se mantenha de pé, e garanta qualidade na captação da água. Inclusive, em breve, a DESO pode pagar multa à Iguá se ela não garantir a captação da água. A água é direito humano fundamental e ela não pode ser mercadoria, e é por isso que nós vamos continuar lutando e explicando para a sociedade o que se passa hoje com a água em Sergipe”, finalizou a vereadora professora Sonia Meire.


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