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O Capitão está nu!
Ao recorrer a Trump para atacar o Brasil, não restou a Bolsonaro sequer a bandeira verde e amarela nas mãos.
Publicado em: 12 de julho de 2025
“Aqueles que se escondem atrás de máscaras acabam sozinhos em um teatro vazio.”
(ditado popular)
“O lábio da verdade permanece para sempre, mas a língua da falsidade dura por um só
momento.” (provérbios 12, versículo 19)
Entre as inúmeras frases de efeito que Jair Bolsonaro adorava vociferar durante a sua campanha em 2022 estava a promessa: “Eu juro dar a minha vida pela minha liberdade”. Os acontecimentos dos últimos dias demonstraram de maneira inequívoca como, pra variar, também isso nunca passou de bravata ou, em bom português, conversa pra enganar trouxa.
A julgar pela prática do ex-capitão, o sentido correto desta promessa seria: “juro dar a sua vida pela minha liberdade”. Foi assim durante a pandemia, quando o então presidente agiu em nome da sua liberdade de ser negacionista em todos os sentidos possíveis, para sabotar de todas as formas imagináveis o papel que o Estado brasileiro deveria cumprir na promoção e defesa da saúde pública em meio a emergência sanitária.
Segundo pesquisadores ouvidos pela CPI da Covid, ao todo 400 mil vidas poderiam ter sido salvas se Bolsonaro agisse diferente. Pais, mães, avós, amigos, familiares e pessoas queridas que morreram injustamente porque o governo Bolsonaro os abandonou. Este é um luto coletivo nacional que, ao menos até agora, não foi capaz de indignar suficientemente as Instituições, visto que Bolsonaro não responde a nenhum processo e muito menos será julgado por esse crime contra a humanidade.
Agora, no entanto, a liberdade que Bolsonaro e seus filhos tentam proteger desesperadamente é de uma natureza muito menos “filosófica” que o seu negacionismo na pandemia. Neste caso é ainda mais mesquinha, pois é a própria pele do líder fascista que está em jogo, e para tentar se safar da condenação por tentativa de golpe de Estado, mais uma vez não pensou duas vezes em dar a sua vida, a minha e a de milhões de brasileiros numa bandeja de prata para Trump, em troca da sua liberdade.
Contrariando o sentido da frase “Eu juro dar a minha vida pela minha liberdade” que sugere um compromisso moral e uma certa predisposição ao auto-sacrifício, Bolsonaro expõe toda sua hipocrisia e deixa nítido que sacrifício pela causa é algo que só convém se for o sacrifício dos outros. Neste caso, o de um país inteiro que poderá amargar com inflação, desemprego e desabastecimento. Mais didático que isso impossível.
Os patriotas da Shopee se ajoelham perante Trump.
No dia 07 de abril de 2018 Lula foi preso por conta da sua condenação no processo oriundo da operação Lava-jato, processo que foi exposto com todos os seus vícios pela “Vaza-jato” resultando na sua anulação e na restituição da inocência e liberdade de Lula. Mas imagine comigo se na época o presidente chinês Xi Jinping, líder do país que é o maior parceiro comercial isolado do Brasil, ameaçasse nosso país com taxações e exigisse da justiça brasileira a anulação dos processos contra Lula? Qual seria a reação dos bolsonaristas? Nem preciso falar, né?
Pois bem, perante a carta de Trump que representa uma agressão gravíssima de uma nação estrangeira aos interesses nacionais, os patriotas da Shopee reagem com aplausos, euforia e pedidos de quero mais! O dito “moderado” Tarcísio de Freitas, governador do Estado cuja indústria será a mais prejudicada com as taxações, soltou nota onde nenhuma única vírgula é dedicada a criticar a taxação. Já o Nikolas Ferreira gravou vídeo lendo parágrafo por parágrafo da carta tentando negar o que nela está explicitamente escrito, ou seja, que a iminente prisão de Bolsonaro é o gatilho político para a imposição ao Brasil da absurda taxação de 50%.
O bolsonarismo forjou um “tipo ideal” de patriota, que seria um homem ou mulher branca, de camisa da seleção, com uma bíblia numa mão e uma arma na outra, boné do MAGA (Make America Great Again) na cabeça e bandeira de Israel amarrada nas costas. Estética cafona à parte, mais uma vez, como em geral sempre é com o bolsonarismo, a forma (aparência) é estranha ao conteúdo (essência).
As idéias nas cabeças desses patriotas da extrema-direita sempre foram profundamente anti-nacionais: Rejeição e ressentimento quanto a diversidade cultura brasileira, bem como as suas expressões na música, na dança, no cinema, nas artes em geral e nas religiosidades; desprezo pelo patrimônio nacional, seja a nossa biodiversidade, seja pela nossa História, seja também pelas Estatais que são um bem público, e um longo etc. O fato destas idéias anti-nacionais estarem tão impregnadas na ideologia bolsonarista e por isso mesmo tão enraizadas na suas cabeças, tornou fácil, na verdade automático, o gesto de apoio e reverência a outra bandeira, a dos Estados Unidos da América.
Crime de Lesa pátria!
E o 03 hein, este merece um capítulo à parte. Eduardo Bolsonaro, o filho 03, não escondeu de ninguém que partiu para os Estados Unidos para se dedicar exclusivamente à missão de tentar impedir a prisão do seu pai. Errou quem subestimou e fez chacota dos seus movimentos e erra quem insiste, ainda hoje, em fechar os olhos para o alto grau de articulação internacional da extrema-direita. A carta de Trump em si já foi suficientemente reveladora das digitais do filho 03 neste ataque ao Brasil. Porém, não satisfeito, o próprio Eduardo resolveu não deixar margem para nossa imaginação e veio a público confessar orgulhosamente sua participação neste crime de lesa-pátria.
É inadmissível que um deputado federal brasileiro eleito abandone o país para se dedicar a articular, junto à uma nação estrangeira, uma agressão injustificada que ameaça frontalmente os interesses e a soberania nacional. Os EUA são o 2° maior destino das exportações brasileiras, somente no 1° semestre de 2025 os valores chegaram a 20 bilhões de dólares. Não temos o direito, portanto, de menosprezar os impactos que essa taxação poderá promover em nossa economia. Postos de trabalho podem ser fechados aumentando desemprego e informalidade; juros podem aumentar ainda mais, junto com a inflação, e tudo isso somado pode fazer faltar comida no prato de quem mais precisa.
O que o bolsonarismo fez, com atuação dolosa e ativa de Eduardo Bolsonaro, foi articular junto à uma nação estrangeira uma chantagem para tentar livrar o Jair da condenação e cadeia. Faz bem o PSOL ao apresentar uma notícia-crime à Procuradoria Geral da República contra Eduardo Bolsonaro, assim como também acerta a deputada federal Érika Hilton ao pedir ao STF o bloqueio de bens, das contas bancárias, e das redes sociais do filho 03 de Bolsonaro. O Estado brasileiro não pode continuar a permitir que um agente nacional siga atuando em território estrangeiro articulando agressões diretas à nossa soberania. É preciso fazer valer a Constituição que diz que o Brasil é um Estado soberano, que não aceita tutela de país algum.
Não em nosso nome!
A bandeira do bolsonarismo e dos falsos patriotas nunca foi a nossa. Por puro senso de oportunidade capturaram o verde e amarelo, forjando à seu favor uma narrativa de nós x eles onde o tipo ideal de brasileiro se restringia à imagem e semelhança do bolsonarismo. Os demais, negros e negras, mulheres, lgbtqi+, indigénas, quilombolas, nordestinos, todes que conformam os 99% que são a maioria deste país, foram rotulados como os “outros”, inimigos internos dentro de seu pŕoprio país.
Agora, há uma linha traçada no chão e de um lado devem estar aqueles e aquelas que se indignam e defendem a soberania nacional perante a agressão do governo de uma nação imperialista. Do lado oposto da linha, estarão aqueles que aceitam o infame papel de se subjugar aos interesses de um líder autoritário disposto a chantagear um país inteiro para salvar a pele de outro líder autoritário.
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