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O Chicote e o Plebiscito
Publicado em: 4 de julho de 2025
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Coluna José Carlos Miranda
José Carlos Miranda
José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.
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José Carlos Miranda
José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.
“É a volta do cipó de aroeira, no lombo de quem mandou dar”
Geraldo Vandré
Vivemos uma difícil situação. O crescimento da extrema direita no Brasil e no mundo tem como consequência nefastos ataques, sem precedentes, às conquistas sociais e econômicas dos povos e, ainda mais, ataques a conquistas civilizatórias, aumento da exploração e opressão em todos os cantos do planeta.
E o principal desta situação defensiva, reacionária, é a regressão da consciência de classe. Parte significativa da classe trabalhadora foi ganha, momentaneamente, para ideias da extrema direita, como por exemplo já ouvi em porta de fábrica operários e operárias repetindo “se o patrão pagar mais imposto vai investir menos e diminuir os empregos” ou “realmente os direitos são muitos, se tivesse menos haveria mais emprego” e por aí vai. Por óbvio temos consciência de que “a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante”.
Certamente, mesmo nos momentos de conjunturas e ou períodos com correlação de forças favoráveis, essas pessoas existiam, mas essa turma não era tão atrevida e só em situações reservadas ou com muita mediação expunham essas posições reacionárias. Mas isso mudou e muito. A situação reacionária instada a partir da virada nas mobilizações de 2015, do Golpe que derrubou a presidenta Dilma e aprofundada com a prisão de Lula e consequente eleição de Bolsonaro, dinamizaram essa militância neofascista. Não tenho neste momento o objetivo de fazer balanço deste período. Nosso o objetivo principal é lutar com muita energia para reverter essa correlação de forças sociais.
A ideia de retomar o Plebiscito Popular como forma de luta nesta conjuntura foi genial. Em outras conjunturas jogou (o Plebiscito Popular) um papel essencial na luta de classes no Brasil. Agora a ideia já está se transformando em ação e colocando milhares de ativistas e militantes em movimento construindo uma Frente Única em ação direta nas redes socias da internet e principalmente nas ruas, dialogando sobre pautas que furaram a bolha, como o fim da escala 6×1 e a isenção do IR até 5 mil reais com taxação dos super ricos. O fim da escala 6×1 é tema em qualquer lugar dos principais centros urbanos e a Isenção do IR e taxação dos super ricos, como pega no bolso de 80% classe trabalhadora assalariada.
O início do Plebiscito não havia muitas certezas, então veio o “cipó de aroeira” (o chicote), e como foi?
O governo Lula enviou ao Congresso um Decreto Legislativo, que constitucionalmente é direito do poder executivo, modificando alíquotas de IOF, aumentando as alíquotas para as plataformas de apostas (as chamadas “Bets”), grandes transações em Fundos de Investimentos (os bilionários) e do cartão de crédito de quem faz compras no exterior. As outras alíquotas seguem sendo as mesmas, ou seja, não tem aumento de IOF para a esmagadora maioria da classe trabalhadora. Tanto é que numa reunião no domingo passado (22/6) com toda essa turma do Centrão que comanda o Congresso havia acordo com esse decreto.
Leia também: Movimentos sociais iniciam a coleta de votos do Plebiscito Popular
Na terça dia 24/6 em menos de 24 horas o Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos PB) e o Presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil AP) em articulação com líderes do centrão derrubaram o decreto do governo federal com votações arrasadoras. Com apoio da mídia corporativa emparedando o governo federal como declarou Lula em entrevista à TV Bahia: “Se não contestar essa medida não posso governar”. Centrão e bolsonaristas tentam a serviço da “Faria Lima” impedir que Lula cumpra o programa eleito nas urnas e, ao mesmo tempo, desgasta o governo para preparar o terreno para um candidato bolsonarista “mais educado” que Bolsonaro, como estão fazendo neste momento com o governador Tarcísio de Freitas.

Só que a reação do governo Lula foi não aceitar esta chantagem, a foto de Lula no dia 2 de julho na Bahia segurando um cartaz “Taxação dos Super Ricos” deu o tom e junto com a mobilização pelo Plebiscito Popular foi “a volta do cipó de aroeira, no lombo de quem mandou dar”.
As mobilizações para construir um grande Ato Contra o Centrão no dia 10 de julho foram o impulso imediato das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e as iniciativas do Plebiscito deram um salto.
Uma janela está aberta para uma mudança na conjuntura. Aproveitar esse momento e realizar grande Ato em 10 de julho em São Paulo e se possível em mais cidades ampliando a construção dos Comitês e atividades do Plebiscito.
Chegou a hora de ir às ruas, ocupar os espaços a abrir caminho para uma nova conjuntura que construa uma potente e vibrante Frente Única para derrotar o neofascismo e a extrema direita nas ruas e nas eleições de 2026.
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