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O Domo de ferro falhou: Israel faz aposta de alto risco ao sabotar negociações e declarar guerra ao Irã
Publicado em: 14 de junho de 2025
Cidade Israelense de Tel Aviv, após contra-ataque Iraniano
Na noite do dia 12 para o dia 13 de junho, o Estado sionista de Israel executou a operação “Leão Ascendente – Operation Rising Lion”. Uma campanha militar de alta complexidade contra a República Islâmica do Irã. Não foi um simples ataque aéreo, mas uma ofensiva que combinou ataque aéreo massivo com operações secretas de sabotagem em solo iraniano contra o sistema de defesa aérea do país. Decapitando a cúpula da liderança militar e científica do Irã, como também atingindo parte de sua infraestrutura nuclear e de mísseis.
A agressão sobre o Irã foi devastadora. Resultando na morte confirmada do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, do Comandante-em-Chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), do chefe do programa de mísseis balísticos e de proeminentes cientistas nucleares. Entre os cientistas iranianos mais importantes que foram assassinados pelo estado de Israel, está o Dr. Mohammad Mehdi Tehranchi, físico renomado, defensor da soberania científica do Irã e figura central no avanço científico iraniano. Essa perda simultânea de capital humano estratégico infligiu um golpe sem precedentes na cadeia de comando do Irã.
A operação “Leão Ascendente” mergulhou o Oriente Médio em um novo patamar de instabilidade, com consequências diretas para a segurança energética global, o barril de petróleo Brent, referência global, subiu 7,17% e chegou a US$ 74,33, enquanto o WTI, referência americana, avançou 7,52%. Certamente não só o preço da energia terá desdobramentos com essa escalada, mas também a situação geopolítica global. O Irã, além de ter aderido ao BRICS recentemente, tem acordos militares de grande envergadura com a Rússia e é o principal fornecedor de drones aos russos.Também é um parceiro econômico de primeira ordem da China, fazendo parte do projeto cinturão e rota desde 2019, que recentemente inaugurou a ferrovia China-Irã, uma cooperação estratégica em relação a infraestrutura logística entre os dois países.
Com apoio em infraestrutura militar e cooperação tecnológica dos EUA, o estado de Israel organizou essa meticulosa e sofisticada agressão militar com pretensões estratégicas imediatas na região do oriente médio, como também inevitavelmente visa interferir em dinâmicas geopolíticas que se desenvolve contra os interesses do imperialismo ocidental. Num plano mais imediato o alvo foi a destruição do programa nuclear iraniano e a imposição de um acordo nuclear, em segundo lugar o enfraquecimento do eixo da resistência na região contra Israel, no qual o Irã é considerado a “cabeça do polvo” e em terceiro lugar as baixas iranianas enfraquece a influência de articulações lideradas pela China e pela Rússia na região, através de vários tipos de acordos e parcerias, e entre as mais importante, o BRICS.
Analisando uma rápida retrospectiva, Israel tem conseguido avançar militarmente contra seus principais inimigos na região, destruiu toda a infraestrtura na faixa de gaza, enfraquecendo o Hamas e submetendo o povo palestino a um verdadeiro genocídio. Bombardeou e destruiu lideranças e bases importantes do Hezbollah no sul do Líbano e promoveu recentes operações militares na Síria para neutralizar qualquer capacidade militar de grupos aliados ao Irã. Os Houthis seguem resistindo corajosamente à ofensiva de Israel e dos EUA, mas essas forças proxy do Irã no Iêmen não têm demonstrado capacidade suficiente para inverter a correlação de forças militarmente. Após os ataques das forças militares de Israel contra o Irã, Donald Trump foi explícito: “ … os Estados Unidos fabricam o melhor e mais letal equipamento militar do mundo, DE LONGE, e que Israel tem muito dele, com muito mais por vir – e eles sabem como usá-lo. Certos radicais iranianos falaram bravamente, mas não sabiam o que estava prestes a acontecer. Estão todos MORTOS agora, e a situação só vai piorar! Já houve muita morte e destruição, mas ainda há tempo para pôr fim a esta carnificina, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais. O Irã precisa fechar um acordo, antes que não reste nada, e salvar o que antes era conhecido como o império iraniano. Chega de morte, chega de destruição, SIMPLESMENTE FAÇAM, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS. Deus abençoe a todos!”
Esse cenário deixa o país persa numa situação muito difícil para responder a altura, mas com as parcerias que acumulou com a Rússia e a China no último período, o estado iraniano construiu uma poderosa capacidade militar de dissuadir a aliança EUA-Israel de continuar com sua ofensiva, podendo surpreender.
O líder supremo do Irã, aiatolá Seyyed Ali Khamenei declarou: “Alguns dos comandantes e cientistas foram mortos, mas seus substitutos assumirão imediatamente as funções. E o regime sionista, com esse crime, criou um destino doloroso e amargo para si mesmo…”. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, também prometeu uma resposta à operação israelense e frisou que fará com que “Israel se arrependa de seu ato tolo”. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyyed Abbas Araqchi, afirmou em carta às Nações Unidas que os ataques foram uma “declaração de guerra”. O chanceler também pediu que o Conselho de Segurança da ONU convocasse uma reunião de emergência.
O momento do ataque israelense foi estrategicamente crucial. Ele foi lançado poucas horas após a resolução da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) que condena o programa nuclear iraniano e apenas alguns dias antes de uma nova rodada de negociações nucleares indiretas entre os Estados Unidos e o Irã, agendada para 15 de junho em Omã. Ao atacar antes das negociações, Israel efetivamente as sabotou, tornando qualquer acordo diplomático natimorto, como um fato consumado. Ao que parece, nos cálculos militares de Israel, está se considerando que uma guerra regional com o Irã neste momento, seria um mal menor, comparado a um acordo diplomático que suspenderia sanções ao país persa, e lhes daria a longo prazo a possibilidade de conseguir uma arma nuclear.
Isso significa que o Irã não teve outra alternativa, senão organizar um ataque militar para atingir Israel, exercendo seu direito de autodefesa e atendendo o clamor do povo iraniano em defender a soberania do país. No início da noite desta sexta feira, 13 de junho, em menos de 24 horas que suas lideranças militares foram decapitadas, a República Islâmica do Irã iniciou uma resposta militar de grande envergadura lançando centenas de mísseis balísticos contra vários pontos de Israel. Corre por toda mídia internacional as imagens de mísseis iranianos furando as capacidades do sistema de defesa israelense conhecido “domo de ferro”, e atingindo violentamente a capital Tel Aviv.
Estamos diante de uma guerra aberta no oriente médio entre os países com os maiores arsenais de guerra da região. Situação que pode ter desdobramentos distintos, uma escalada controlada com agressões mútuas, mas com perspectivas de negociação ou uma guerra regional longa e de consequências imprevisíveis. Após a dura resposta do Irã que está em operação neste momento enquanto escrevemos esse artigo, é difícil saber qual será a evolução do cenário, qualquer erro de cálculo de ambos lados, pode fazer tudo sair do controle e arrastar novos atores para o conflito diretamente.
Mas é inegável que o país que tomou a decisão de escolher o caminho da guerra e da agressão contra a soberania de outra nação foi Israel, atacando violentamente o Irã, às vésperas de uma rodada de negociações sobre o seu programa nuclear. Ao assumir esse risco, Benjamin Netanyahu confirma ser uma das figuras mais perigosas para a humanidade atualmente. A liderança israelense é responsável pelo genocídio do povo palestino, e agora acumula mais um repugnante crime de guerra atacando covardemente os iranianos. Não há duvida que o governo brasileiro precisa se posicionar do lado certo da história, denunciando a agressão contra o Irã, expulsando o embaixador de Israel do Brasil e rompendo relações diplomáticas o estado sionista. Derrotar a aliança dos EUA-Israel dirigida por forças de extrema direita que estão colocando o futuro da humanidade do planeta em risco, é uma tarefa da nossa geração.
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