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A saúde mental é nossa!

No SUS, pública, no território, laica e com cuidado em liberdade!


Publicado em: 10 de junho de 2025

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Manifesto em Defesa da Saúde Mental Antimanicomial de Campinas

Que Loucura!

Coluna antimanicomial, antiproibicionista, abolicionista penal e anticapitalista. Esse espaço se propõe a receber relatos de pessoas que têm ou já tiveram alguma experiência com a loucura: 1) pessoas da classe trabalhadora (dos segmentos de pessoas usuárias, familiares, trabalhadoras, gestoras, estudantes, residentes, defensoras públicas, pesquisadoras) que já viveram a experiência da loucura, do sofrimento psicossocial, já foram atendidas ou deixaram de ser atendidas e/ou trabalham ou trabalharam em algum dispositivo de saúde e/ou assistência do SUS, de entidades privadas ou do terceiro setor; 2) pessoas egressas do sistema prisional; 3) pessoas sobreviventes de manicômios, como comunidades terapêuticas e hospitais psiquiátricos, e outras instituições asilares; 4) pessoas do controle social; 5) pessoas da sociedade civil organizada, movimentos sociais Antimanicomiais, Antiproibicionistas, Abolicionistas Penais, Antirracistas, AntiLGBTFóbicos, Anticapitalistas e Feministas. Temos como princípio o fim de tudo que aprisiona e tutela e lutamos por uma sociedade sem manicômios, sem comunidades terapêuticas e sem prisões!

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Manifesto em Defesa da Saúde Mental Antimanicomial de Campinas

Que Loucura!

Coluna antimanicomial, antiproibicionista, abolicionista penal e anticapitalista. Esse espaço se propõe a receber relatos de pessoas que têm ou já tiveram alguma experiência com a loucura: 1) pessoas da classe trabalhadora (dos segmentos de pessoas usuárias, familiares, trabalhadoras, gestoras, estudantes, residentes, defensoras públicas, pesquisadoras) que já viveram a experiência da loucura, do sofrimento psicossocial, já foram atendidas ou deixaram de ser atendidas e/ou trabalham ou trabalharam em algum dispositivo de saúde e/ou assistência do SUS, de entidades privadas ou do terceiro setor; 2) pessoas egressas do sistema prisional; 3) pessoas sobreviventes de manicômios, como comunidades terapêuticas e hospitais psiquiátricos, e outras instituições asilares; 4) pessoas do controle social; 5) pessoas da sociedade civil organizada, movimentos sociais Antimanicomiais, Antiproibicionistas, Abolicionistas Penais, Antirracistas, AntiLGBTFóbicos, Anticapitalistas e Feministas. Temos como princípio o fim de tudo que aprisiona e tutela e lutamos por uma sociedade sem manicômios, sem comunidades terapêuticas e sem prisões!

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Ouça agora a Notícia:

No dia 20 de maio de 2025, o Controle Social da Cidade de Campinas e os trabalhadores do Serviço de Saúde Cândido Ferreira foram informados sobre os riscos de encerramento do CONVÊNIO ENTRE A PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS E O SERVIÇO DE SAÚDE CÂNDIDO FERREIRA. Situação crítica que não foi relatada nem à comissão de acompanhamento do convênio, à comissão de saúde mental, ao Conselho Municipal de Saúde e, tampouco, às pessoas usuárias e trabalhadoras da rede.

A Secretaria Municipal de Saúde, no momento da renovação do convênio, ofereceu 5% de aumento da verba, após 4 anos sem reajustes. A Direção do Cândido se nega a renovar o convênio nestes termos, alegando que este ajuste é insuficiente para manter os serviços com equipes completas e com atendimento mínimo às pessoas usuárias. Em contrapartida, o SSCF reivindica 26% de reajuste. Com este impasse, a Rede de Atenção Psicossocial de Campinas pode colapsar.

O Ministério Público do Estado de São Paulo emitiu parecer favorável ao Cândido, impossibilitando a prefeitura de interromper o atendimento de mais de 5000 pessoas usuárias dos serviços de saúde mental do município e garantir o emprego dos 850 trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial.

Após o parecer do MP, a prefeitura, através do secretário de justiça, entrou com uma liminar para que o Cândido continue oferecendo a assistência, por 3 meses, com zero aumento. O Juiz aceitou a liminar, mas estabeleceu um prazo de 6 meses para a continuidade do convênio e, com pelo menos 5% de aumento.

Nós, do Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas (MLAC), do Movimento Popular de Saúde de Campinas (MOPS), do Conselho Municipal de Saúde de Campinas, juntamente com as PESSOAS USUÁRIAS, FAMILIARES E TRABALHADORAS e com a bancada de esquerda de vereadores de Campinas, avaliamos que a Prefeitura Municipal de Campinas vem, progressivamente, desde 2021, sucateando a Rede de Atenção Psicossocial, com o objetivo de FATIAR A GESTÃO DOS EQUIPAMENTOS DE SAÚDE MENTAL, terceirizando-os em múltiplos convênios que podem REALIZAR OS PLANOS POLÍTICOS DA GESTÃO DO PARTIDO DOS REPUBLICANOS, EM DETRIMENTO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA, DA QUALIDADE DO SUS CAMPINAS E DO CUIDADO EM LIBERDADE.

É importante ressaltar que este ataque à RAPS de Campinas tem uma íntima relação entre as Políticas de Álcool e Drogas, que criminalizam e institucionalizam (em comunidades terapêuticas e prisões) pessoas usuárias de substâncias, principalmente população pobre, preta e periférica e a especulação imobiliária. ESTAMOS DIANTE DE MAIS UM PROJETO EUGENISTA E NECROPOLÍTICO EM SAÚDE.

PRECISAMOS UNIR FORÇAS E IMPEDIR O DESMANTELAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CAMPINAS, com a garantia de um convênio transparente em sua gestão, que cumpra sua função constitucional de dialogar com o controle social, sem a fragmentação da Gestão da Rede de Saúde Mental em múltiplos convênios.

Contudo, é preciso registrar críticas que o controle social tem feito ao Cândido Ferreira nos últimos anos:

Foco excessivo em metas quantitativas — muitas vezes em detrimento da facilitação real do acesso, do vínculo territorial e do cuidado integral;

Enfraquecimento do trabalho em rede com a Atenção Básica e demais pontos de atenção, fragmentando o cuidado;

Compressão salarial de trabalhadores, que compromete motivação e qualidade assistencial;

Oficinas de inclusão pelo trabalho que, segundo denúncias de pessoas usuárias, remuneram conforme produção, de forma meritocrática, desconsiderando as condições de existência de cada pessoa usuária, o que prejudica pessoas usuárias mais vulneráveis e, consequentemente, menos produtivas;

Dimensionamento inadequado de equipes;

Baixos salários e grande rotatividade de profissionais;

Esses problemas não anulam a importância histórica do Cândido Ferreira, mas mostram que apenas renovar o contrato, mesmo reajustado, não basta. Durante os próximos seis meses:

REIVINDICAMOS um orçamento plausível para a administração da RAPS e a garantia de que nenhuma instituição seja obrigada a assinar um contrato que não cobre seus custos mínimos operacionais.

EXIGIMOS a garantia de continuidade do cuidado e da assistência de forma humanizada e melhorias no atendimento às pessoas usuárias dos serviços substitutivos ao manicômio, sem nenhuma atitude eugenista contra cenas de uso aberto, e/ou que favoreça a especulação imobiliária.

EXIGIMOS a manutenção da oferta de alimentação e de medicamentos para as pessoas usuárias, bem como a garantia do transporte nos serviços para que equipes possam fazer matriciamentos, visitas, buscas ativas e outros cuidados que um cuidado no território e em liberdade exigem.

LUTAMOS pela garantia dos direitos das pessoas trabalhadoras da RAPS, sem nenhum prejuízo, inclusive sem ameaças e assédios pela participação dos mesmos nos movimentos sociais em busca de seus direitos.

Propomos que, durante os próximos seis meses:

Prefeitura e Cândido Ferreira constituam um grupo técnico paritário (gestão, trabalhadores, usuários e CMS) para mapear processos, custos, recursos humanos e ativos de cada serviço.

Construa-se um plano de transição progressiva para que, ao fim do prazo a ser negociado, os serviços hoje sob gestão do Cândido Ferreira passem a ser serviços próprios da Prefeitura, com incorporação dos trabalhadores via concurso ou processo seletivo simplificado.

Garantam-se os princípios da Reforma Psiquiátrica: cuidado integral e de base comunitária, porta aberta, vínculo territorial, participação social e cuidado em liberdade.

Etabeleça-se metas qualitativas claras (tempo de espera, satisfação de usuários, articulação com atenção primária) e mecanismos públicos de acompanhamento, evitando a lógica puramente produtivista.

Preveja-se aporte financeiro compatível com o custeio real dos serviços, corrigido anualmente por índice transparente.

Com isso, damos resposta imediata ao impasse — preservando a assistência — ao mesmo tempo em que avançamos rumo à municipalização, fortalecendo o SUS de Campinas e reafirmando o caráter público da atenção psicossocial.

A SAÚDE MENTAL É NOSSA!
PELA DEFESA E AMPLIAÇÃO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA!
PELO CUIDADO EM LIBERDADE!
EM DEFESA DO SUS!

Abaixo lista de apoios atualizada (11/06):
– Afronte!
– AGANIM – Rio de Janeiro
– ANDES-SN Regional São Paulo
– Associação de Docentes da Unicamp (ADunicamp)
– APEOESP – Sindicato da Rede Pública do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
– Associação Madre Teresa de Calcutá das Mulheres Ocidentais – AMATEC
– ACEASPP
– Associação Alegre Mente, Caps Ponta do Coral
– Associação Arte e Convívio – Botucatu/SP
– Associação Brasileira de Saúde Mental – ABRASME
– Associação Brasileira de Redução de Danos – ABORDA
– Associação de Pessoas Usuárias da RAPS de Campinas
– Associação de Profissionais da Saúde Mental – APSIM
– Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas – ASUSSAM – MG
– Associação de Usuários, Familiares e Amigos da Saúde Mental de Assis – PIRASSIS
– Associação de usuários, familiares e profissionais de Saúde Mental de Criciúma SC – ASM
– Associação dos Cuidadores da Pessoa Idosa, da Saúde Mental e com Deficiência do Estado do Rio de Janeiro – ACIERJ
– Associação dos Professores Adjuntos de Campinas (Apac)
– Associação dos Usuários Familiares e Amigos dos Serviços de Saúde Mental de Palmeira dos Índios  -ASSUMPI
– Associação Londrinense de Saúde Mental
– Associação Solarium – Cuiabá-MT
– Café com Escuta – Brasília DF
– Campanha 16 dias Taubaté
– Canto do Sol – Campinas
– Casa Marielle Franco Brasil
– Centro Acadêmico de Psicologia 27 de Agosto
– Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO) Toninha – Campinas
– Centro de Convivência é de Lei
– Clínica Feminista Antirracista Interseccional (CliFAI/UFRGS)
– ColetivA Mulheres Defensoras Publicas do Brasil
– Coletiva Nacional de Mulheres Antimanicomiais – CONAMAM
– Coletivo dos Residentes em Saúde Mental da Unicamp
– Coletivo Feminista Juntas – Campinas
– Coletivo LGBTQIAPN+ da PUC-Campinas
– Coletivo ParaTodos
– Coletivo Participa-ação (UFRJ) – Rio de Janeiro
– Coletivo Voz Materna – Nacional
–  Comissão dos Direitos Humanos – SP
– Comitê Comunitário Amarais – Campinas
– Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana
– Conselho Regional de Serviço Social – CRESS/SP/ Seccional Campinas
– Conselheiro Tutelar de Campinas / Região 4
– CRPSP / Comissão de Direitos Humanos
– DASDOIDA – São Paulo
– Departamento de Saúde Coletiva UNICAMP
– Grupo de Estudos sobre o Pensamento Negro em Psicologia e Educação – NEGRES
– Grupo Psicologia e Ladinidades/Saúde Mental e Militância no DF (UnB)
– HC Unicamp
– Fórum da Luta AntiManicomial de Sorocaba – FLAMAS
– Fórum de Defesa dos Direitos Humanos – Campinas
– Fórum de Saúde Mental de Maceió
– Fórum dos Centros de Convivência (CECOs) de Campinas
– Fórum Gaúcho de Saúde  Mental – RS
– Fórum Mineiro de Saúde Mental
– Fórum Paulista da Luta Antimanicomial
– Fórum Popular de Saúde de São Paulo
– Fórum Viva SUS
– Frente Ampliada em Defesa da Saúde Mental, da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial – FASM
– Frente Ampliada em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial do Amazonas – FASMA
– Frente Estamira de CAPS: Resistência e Invenção
– Frente Parlamentar da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial
– Frente pela Vida
– Frente Mineira Drogas e Direitos Humanos
– Frente Estadual Luta Antimanicomial – FEASP
– Frente Nacional contra a Privatização da Saúde
– Instituto Desinstitute
– Intersetorial Nascente – Região Norte – Campinas
– Juventude do PT
– LEIPSI – Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos – UNICAMP
– LINTER- Liga Interdisciplinar de Saúde Coletiva da UNESP ASSIS
– Mandato Bancada Feminista (PSOL-SP)
– Mandato Deputada Estadual Monica Seixas (Movimento Pretas)
– Mandato Deputada Federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
– Mandato Deputado Federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
– Mandato Deputada Federal Sâmia Bomfim (PSOL)
– Mandato Vereadora Fernanda Souto (PSOL-SP)
– Mandato Vereadora Guida Calixto (PT-Campinas)
– Mandato Vereadora Luana Alves  (PSOL-São Paulo)
– Mandato Vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas)
– Mandato Vereadora Paolla Miguel (PT-Campinas)
– Mandato Vereadora Vivi Reis  (PSOL-Belém)
– Mandato Vereador Wagner Romão  (PT-Campinas)
– Mente Coletiva CEUNSP – Itu
– Moto Clube Escarlates – Campinas
– Movimento de Mulheres Livres – Sumaré
– Movimento da Luta Antimanicomial de São Paulo
– Movimento da Luta Antimanicomial do Pará – MLA
– Movimento Nacional da População de Rua – São Bernardo do Campo
– Movimento Nacional de Luta Antimanicomial – MNLA
– Movimento Nacional de Luta em Defesa da População de Rua
– Movimento Nacional de População de Rua – MNPR DF
– Movimento Nacional de Vítimas de Comunidades Terapêuticas
– Movimento Negro de Mulheres e de Direitos Humanos – Campinas
– Movimento Popular de Saúde – Sergipe
– Movimento Social de Educação Popular Rede Emancipa
– Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão – NUMANS
– Núcleo Estadual do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial – Nemla/RJ
– Partido Comunista Brasileiro – PCB/Campinas
– Partido dos Trabalhadores – PT/Campinas
– Partido Socialismo e Liberdade – PSOL/Campinas
– Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas – PBPD
– PET Saúde-Assis
– Programa de Residência multiprofissional em Rede de Atenção Psicossocial da Unifesp –  Santos
– Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos – REDUC
– Rede Emancipa – Núcleo Saúde
– Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas – RENFA
– Rede Nacional de Promotoras Legais Populares
– Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
– Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial – RENILA
– Residência Rede de Atenção Psicossocial Santos
– RESISTÊNCIA (PSOL)
– Secretaria Nacional do Movimento Negro do PDT
– Sesf Afascom – Campinas
– Setorial Nacional de Saúde do PSOL
– Setorial Nacional de Saúde do Partido dos Trabalhadores
– Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de Campinas – Sinergia Campinas
– Sindpsi-RJ
– SIS – Serviço Integrado de Saúde PCR/UFPE
– Tykhe Associação de Psicanálise – São Paulo
– UNIP – Universidade Paulista – Campinas

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